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Ex-presidente da Colômbia, Uribe se apresenta à Justiça em processo penal inédito; entenda

No julgamento desta segunda-feira (10), Uribe defendeu sua inocência em um caso que foi iniciado por ele e que acabou voltando contra si próprio

Uribe é julgado suposta manipulação de testemunhas e suborno

O ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, se apresentou à Justiça nesta segunda-feira (10) como réu um inédito julgamento criminal por suposta manipulação de testemunhas e suborno.

O ex-presidente, de 72 anos, foi até um complexo judicial em Bogotá para defender sua inocência em uma das audiências finais deste caso que ele mesmo iniciou e que se tornou um ‘bumerangue judicial’. Uribe pode pegar até oito anos de prisão.

Ele foi visto na transmissão do julgamento defendendo sua inocência em um caso que foi iniciado por ele e que acabou voltando contra si próprio.

Uribe que antes tinha se apresentado virtualmente em outras diligências do caso, denunciou que o julgamento tenha ‘origem política’.

‘Pretendo contribuir para o que será demonstrado neste julgamento, que não subornei, nem mandei subornar testemunhas, que não enganei a justiça’, assegurou.

Nos arredores do tribunal, dezenas de seus apoiadores se manifestaram durante sua apresentação, exibindo bandeiras da Colômbia e máscaras com a foto do ex-presidente.

Processo

A investigação que jogou o líder da direita colombiana nas cordas remonta a 2012. Uribe denunciou o congressista de esquerda Iván Cepeda por buscar testemunhos falsos para vinculá-lo a paramilitares que atuaram nos anos 1990 e no começo deste século.

Mas a Corte Suprema não só se absteve de ajuizar Cepeda, mas em 2018 começou a investigar o ex-presidente por suspeitas de que teria sido ele quem tentou manipular as testemunhas.

Uribe esteve brevemente em prisão domiciliar preventiva em 2020, durante a pandemia de covid-19, por ordem do Supremo Tribunal. Mas foi libertado pouco após ter renunciado ao seu cargo no Senado. A medida levou o sistema judicial a transferir o caso do Supremo Tribunal para o Ministério Público.

Seu advogado, Jaime Granados, acrescentou que a defesa vai provar, nesta última etapa do processo, iniciada na sexta-feira (7), que “o que o que o Ministério Público fez foi distorcer os fatos”.

Além disso, ele anunciou que pedirá que a juíza Sandra Heredia seja afastada do caso por considerá-la “não imparcial”, uma medida que Uribe apoiou em breves declarações ao deixar o tribunal.

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“Com toda a calma, veremos qual decisão será tomada” sobre o afastamento da juíza, afirmou, por sua vez, Cepeda após a diligência, destacando que as vítimas pedirão a “observação internacional” da ONU e da CIDH.

“Vamos pedir a prestigiadas organizações internacionais que venham observar este julgamento na Colômbia, como foi feito com outros, como o que ocorreu no Peru contra (Alberto) Fujimori ou na Guatemala contra (o ex-ditador Efraín) Ríos Montt”, disse.

Esse primeiro julgamento penal contra um ex-presidente colombiano avança a todo vapor devido a que, após mais de cinco anos de procedimentos, pode prescrever em 9 de outubro se não houver veredicto.

A defesa havia pedido o adiamento do início desta última etapa, argumentando que precisaria de mais tempo para analisar as provas. Mas a juíza rejeitou a solicitação, que as vítimas consideraram uma manobra para atrasar o processo.

Várias delas assistem à diligência, inclusive dois ex-paramilitares presos, que garantem terem sido pressionados pelo ex-advogado de Uribe, Diego Cadena, para testemunhar a seu favor.


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