Milhares de habitantes da Faixa de Gaza que fugiram para o sul em resposta aos ultimatos de Israel tentavam neste sábado, 14, encontrar água, comida e abrigo. Segundo a ONU, quase metade da população do território palestino, de 2,3 milhões, foi deslocada após ordem de Israel para que o norte do enclave fosse esvaziado.
Famílias em carros, caminhões e carroças abarrotadas de pertences lotavam a estrada principal que liga Cidade de Gaza ao sul do território palestino. O Ministério da Saúde palestino em Gaza acusou Israel de ter bombardeado, na sexta-feira, um comboio que ia para o sul, que teria matado 70 palestinos.
Em postagem no X (antigo Twitter), Israel, por sua vez, acusou o Hamas de bloquear a passagem dos civis que querem deixar o norte. “O Hamas se orgulha de colocar os civis em perigo e é responsável por todas as vítimas civis”, acusava o texto.
Os militares israelenses deram neste sábado mais um indício de que uma invasão à Faixa de Gaza ocorreria. Foi anunciada “uma operação terrestre significativa”, como parte de “um ataque integrado e coordenado por ar, mar e terra”.
“Estão prontos para o que está por vir? Isso vai continuar”, afirmou o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, no sábado, durante visita aos soldados em frente ao enclave.
O porta-voz militar israelense Daniel Hagari disse ao país que espere “semanas desafiadoras” à medida que a operação militar se intensifica. O objetivo, disse ele, era “a derrota do Hamas e a eliminação dos seus líderes”. Ele lançou um novo apelo pela saída dos moradores do norte do enclave.
A agência da ONU no local disse que o acesso à água se tornou “uma questão de vida ou morte” no território bloqueado e que quase 1 milhão de pessoas - ou perto de metade dos cerca de 2,3 milhões de residentes de Gaza foram deslocadas desde o início dos combates, uma semana atrás.
EGITO
Israel decretou um cerco rigoroso a Gaza, proibindo a entrada de alimentos, água, eletricidade ou combustível no território, condicionando seu fornecimento à soltura dos reféns capturados pelo grupo Hamas após seu ataque terrorista. Segundo o Hamas, 22 reféns, incluindo estrangeiros, já foram mortos nos bombardeios israelenses.
Já não há água nas torneiras do território. A única saída ou entrada é pela passagem da fronteira com o Egito, na cidade de Rafah, no sul do país.
Mas essa passagem permaneceu fechada no sábado, apesar de um funcionário do Departamento de Estado dos EUA ter dito que havia um acordo inicial para permitir que cidadãos com dupla nacionalidade presos em Gaza saíssem de lá.
Não estava claro se o Hamas, que controla Gaza, permitiria a saída. Autoridades do Catar estariam tentando persuadir o grupo a permitir a passagem de estrangeiros.
Autoridades egípcias também se comprometeram a permitir a entrega de ajuda humanitária a Gaza pela passagem de Rafah, mas um diplomata ocidental disse no sábado ao The New York Times que essas conversas foram paralisadas em razão da dificuldade para rastrear os comboios que poderiam ser usados para passar armas. Os egípcios recusaram-se a permitir a entrada de estrangeiros vindos de Gaza até que a questão da ajuda seja resolvida, disse o diplomata.
Autoridades egípcias e do Hamas geralmente se opõem a permitir a entrada de refugiados palestinos em massa no Egito, temendo que isso possa levar a um exílio permanente. O principal responsável político do Hamas, Ismail Haniyeh, disse num discurso televisionado no sábado que “não haverá migração de Gaza para o Egito”.
O ataque surpresa do Hamas matou mais de 1,3 mil pessoas do lado israelense, a maioria delas civis, e cerca de 1,5 mil terroristas do Hamas morreram durante os combates, segundo o governo israelense. O grupo disparou mais de 5,5 mil foguetes contra Israel desde o início dos combates. (Com agências internacionais).