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Mulheres correm sem véu no Irã e dirigente esportivo renuncia

Incidente ocorre após a entrada em vigor de um novo plano da polícia para reforçar o controle do uso do véu pelas mulheres

Mulheres são obrigadas a usar véu no Irã desde a Revolução Islâmica, em 1979

O presidente da Federação de Atletismo do Irã pediu demissão neste domingo (7) após a participação de mulheres que não usavam o véu obrigatório em um evento esportivo. “Hashem Siami deixou seu cargo devido às controvérsias ligadas a uma competição de corrida de resistência organizada em Shiraz”, uma grande cidade do sul do Irã, informa a agência Irna.

De acordo com imagens divulgadas pela imprensa iraniana, algumas mulheres participaram da prova sem usar o véu na sexta-feira (5). O incidente ocorreu após a entrada em vigor, em meados de abril, de um novo plano da polícia para endurecer o controle do uso do véu pelas mulheres, algo obrigatório desde a Revolução Islâmica de 1979.

O promotor da província de Fars, onde fica Shiraz, diz que vai convocar os organizadores do evento para receber “explicações”. Siami declarou à Irna que a federação não organizou a competição e que as mulheres que não usavam o véu não integravam sua equipe de atletas.

Nos últimos meses, cada vez mais mulheres aparecem em locais públicos sem véu, sobretudo após o início dos protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini em setembro de 2022. Ela estava presa por ter violado o código de vestimenta.

Pelo menos quatro atrizes famosas foram interrogadas pelas autoridades na semana passada, depois que apareceram em público em Teerã sem o véu obrigatório. Em 16 de abril, as autoridades indicaram que mais de 150 estabelecimentos comerciais foram fechados em 24 horas porque suas funcionárias não respeitaram a exigência do véu.

Em Shiraz, a polícia anunciou a detenção há mais de um ano de várias jovens. Elas participaram com a cabeça descoberta de um evento de skate. Os organizadores do encontro também foram punidos.

AFP
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