“Os juízes não são médicos”, “O aborto deve continuar sendo legal!": centenas de pessoas se manifestaram, neste sábado (15), em Washington, pelo direito ao aborto. Nesta semana, a prática voltou a ser questionado nos EUA.
O país está mergulhado em uma complexa disputa legal pelo acesso à pílula abortiva, que foi mantido temporariamente na sexta-feira (14) pela Suprema Corte, mas continua ameaçado a longo prazo. “Quando vão parar?”, perguntava-se, neste sábado, Carol Bouchard em frente ao prédio de mármore branco, sede da Suprema Corte, máxima instância judicial do país.
Com um cartaz nas mãos, essa ex-advogada de 61 anos diz estar “muito enojada” com as ameaças que pesam sobre o aborto desde que a Suprema Corte cancelou, há quase um ano, o amparo constitucional que tinha desde 1973. Desde então, as interrupções voluntárias da gravidez foram proibidas em 15 estados.
Brittany House, moradora da cidade, sobe à tribuna e fala sobre o aborto a que se submeteu em 2012, quando acabara de sair da universidade. “O aborto me deu liberdade”, diz ela, assegurando que, aos 21 anos, “não teria conseguido manter meu filho”.
Muitas septuagenárias também marcharam em frente à Suprema Corte, indignadas por verem que as restrições nesse tema se multiplicam no país, 50 anos depois de terem lutado pelo direito ao aborto. O aborto “salvou minha vida”, diz Barbara Kraft, que, no fim da década de 1970, interrompeu a gravidez após sofrer complicações. “Acredito firmemente que as mulheres devem ter o direito de tomar essa decisão por si próprias”, afirma.
A manifestação foi interrompida brevemente por um pequeno grupo de manifestantes “pró-vida” que proclamaram, usando um megafone, que “os abortos são assassinatos”. Protestos a favor do aborto também foram realizados em Los Angeles e Nova York.