Um peixe considerado extinto a mais de 24 anos foi reinserido na natureza após biólogos conseguirem reproduzir aproximadamente 3 mil filhotes durante um teste na Austrália.
O grupo de biólogos chamado Middle Creek Aquaculture criou alguns peixes da espécie em cativeiro para se reproduzirem no melhor momento. A volta desses animais ao mundo selvagem aconteceu na última terça-feira (6) nos pântanos de Bendigo, Austrália.
O peixe-zumbi, também conhecido como gobião-pintado-do-sul, é semelhante a um peixinho dourado, podendo crescer até 12 cm. Ele gosta de viver nas profundezas de rios e se reproduz no verão. A expectativa é que os animais se reproduzam no período de 12 meses e avancem pelas planícies de inundação da região. A espécie é originária de Murray Darling-Basin, uma área agrícola na Austrália.
O futuro empolga
O líder do grupo de pesquisadores, Peter Rose, comemorou bastante o resultado do experimento e trouxe suas expectativas para a sobrevivência da espécie.
“Esse programa de reprodução em cativeiro foi muito bem-sucedido com mais de 3 mil alevinos produzidos. Agora, esses peixes foram soltos em outras zonas úmidas ao redor de Bendigo, até Deniliquin e Mildura”, explicou o biólogo. “Se eles se deslocarem para outras regiões a partir dos pontos de onde os lançamos, eles crescerão rapidamente. Com sorte, estarão amadurecidos no próximo outono”, completou.
Como o processo aconteceu?
Chris Lamin, outro cientista que participou das pesquisas do Middle Creek Aquaculture, disse que apenas um macho e cinco fêmeas participaram do processo reprodutivo.
“Foi necessário aumentar lentamente a temperatura da água, de acordo com os horários do dia nos quais a luz solar é mais forte, em um ambiente controlado. Em seguida, observamos o comportamento das fêmeas e notamos que elas, gradualmente, ficavam com barrigas grandes e gordas, indicando o surgimento de muitos ovos”, disse ele.
Os espécimes foram soltos onde não havia competição natural, para poderem se instalarem e sobreviverem em paz.
O líder da equipe de Bendigo, Mark Toohey, afirmou que o local pantanoso foi escolhido devido as zonas úmidas facilitarem a reprodução dos peixes.
“Vamos deixar a natureza seguir seu curso. Basicamente, vamos deixá-los em paz e deixar os peixes fazerem o que fazem naturalmente”, complementou Mark.
* sob supervisão de Enzo Menezes