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Sindicato dos Metalúrgicos denuncia duplo assédio contra trabalhadores

Sindicato em Juiz de Fora vai acionar justiça sobre demissão de funcionários de terceirizadas da Nexa. Multinacional enviou nota à Itatiaia sobre o assunto.

O Sindicato dos Metalúrgicos está preparando para acionar a Justiça do Trabalho por causa dos desdobramentos de denúncias envolvendo funcionários de duas empresas terceirizadas que prestam serviços para a Nexa, multinacional com atuação em Juiz de Fora.

De acordo com as informações acompanhadas pelo Sindicato, os trabalhadores denunciaram que estão sofrendo assédio moral coletivo por parte das empresas prestadoras de serviço. E também a falta de pagamento dos salários, o não recolhimento do Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço (FGTS) e a falta de homologação de rescisão, após o fim do contrato de trabalho. O sindicato intermediou um acordo, que previa a possibilidade de recontratação dos profissionais em outra empresa. No entanto, eles foram proibidos de entrar no local pela multinacional, conforme apurado pela representação dos trabalhadores.

Em nota, a Nexa explicou que disponibiliza canais de denúncias de irregularidades, não foi informada sobre a situação referente a uma das terceirizadas e destacou que “tem direito de buscar incorporar profissionais alinhados aos seus valores, cultura e políticas. Por fim, a Nexa reitera que não admite e repudia qualquer tipo de discriminação e assédios de qualquer natureza”. (Leia a íntegra da nota abaixo)

A Itatiaia também tentou contato com as terceirizadas a Top Andaime e Retech, sobre as denúncias, mas elas não enviaram posicionamento até o fechamento da matéria. O espaço segue em aberto.

Duplo assédio moral coletivo, garante Sindicato dos Metalúrgicos

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, João Cézar Novais, a situação mais grave é de 29 funcionários da empresa Top Andaimes, que pediram demissão coletiva, por causa do assédio moral que estavam sofrendo. João Cezar afirma que o sindicato negociou com a Nexa para que os trabalhadores fossem demitidos sem justa causa e, assim, receberem todos os direitos trabalhistas.

“Em julho do ano passado, os trabalhadores dessa empresa, Top Andaime, fizeram uma paralisação lá na Nexa e chamaram o sindicato. Quando nós fomos apurar o porquê da paralisação, os trabalhadores queriam uma demissão coletiva em função de assédio moral no trabalho. Inclusive, eu com 30 anos de sindicato, a primeira vez que eu vejo isso. Os trabalhadores queriam todos ser demitidos em função de ter sido muito assediados no local de trabalho, e não só uma vez, com frequências muito grandes”, afirmou o sindicalista

Ele destacou que o Sindicato entrou em contato com a Nexa, que teria confirmado as denúncias. “Nós procuramos a Nexa e a empresa, e a Nexa, na apuração que ela fez, confirmou para o sindicato que realmente aconteceu esse assédio. Aí, a Nexa obrigou a Top Andaime a fazer a demissão de todos os trabalhadores, e com compromisso que esses trabalhadores, tendo oportunidade, iriam trabalhar em outras prestadoras de serviço”.

Ainda de acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora, apesar do acordo com a Nexa de que os 29 trabalhadores demitidos prestariam serviço para outras empresas, houve uma retaliação por parte da multinacional. Os trabalhadores foram impedidos de acessarem o espaço de trabalho, sob a alegação de que eles fizeram greve. João Cezar afirma que, por conta disso, o sindicato irá entrar na Justiça do Trabalho por dano moral coletivo contra a Nexa, sob a alegação de que os trabalhadores foram duplamente assediados.

“Para nossa surpresa, chegou ao conhecimento do sindicato, documentos de que esses trabalhadores estão impedidos de entrar dentro da Nexa, em outras empresas, em outros terceiros, para prestar serviço. Com a alegação de que eles fizeram greve. E greve é um direito legítimo, constitucional do trabalhador. E o que nos assusta mais é que os trabalhadores foram duplamente assediados. Foram assediados no local de trabalho e agora assediados para que ele não possa trabalhar. Então, o sindicato, diante dessa documentação, que nós estamos reunindo mais documentos, nós vamos para a justiça entrar com ação pedindo uma reparação de um dano moral coletivo por assédio no local de trabalho. Então, a gente não pode permitir que isso aconteça no século 21, no ano 2025, trabalhador ser assediado duplamente, como foram esses trabalhadores da Top Andaime”

A outra situação envolve a empresa Retech. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora, João Cesar Novais, cerca de 60 trabalhadores fizeram greve por falta de pagamento dos salários, do vale alimentação e do recolhimento do FGTS.

Neste caso, após a intervenção do Sindicato, houve um acordo na última sexta-feira (28), quando parte dos salários dos trabalhadores foi depositado. E a outra parte é aguardada para o próximo sábado (5). Além disso, também ficou acordado que a empresa Retech faria o recolhimento do FGTS dos meses atrasados”.

A reportagem da Itatiaia não obteve resposta das empresas citadas. O espaço segue aberto.

Posicionamento da Nexa

A Nexa respondeu na seguinte nota os questionamentos enviados pela Itatiaia.

A Nexa informa que disponibiliza a todos os seus colaboradores, parceiros, fornecedores, clientes e comunidade, um canal oficial de denúncias que permite reportar de forma segura e confidencial quaisquer irregularidades ou comportamentos não aderentes ao seu código de conduta.

A companhia esclarece que não recebeu denúncias relacionadas a assédio moral envolvendo profissionais da empresa terceira Top Andaimes por meio de sua linha ética, amplamente divulgada entre todos os colaboradores.

Em relação aos processos de contratação, a Nexa exerce seu direito de buscar incorporar profissionais alinhados aos seus valores, cultura e políticas.

Por fim, a Nexa reitera que não admite e repudia qualquer tipo de discriminação e assédios de qualquer natureza. A empresa permanece firme em seu propósito de ser uma empresa que preza por um ambiente de trabalho saudável, seguro e respeitoso.

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Márcio Santos é jornalista e locutor. Como repórter, participou de várias jornadas esportivas pela Itatiaia e também tem passagens pelas rádios CBN, Globo, Solar e jornal Tribuna de Minas.
Natural de Juiz de Fora, jornalista com graduação e mestrado pela Faculdade de Comunicação da UFJF. Experiência anterior em Rádio, TV e Internet. Gosta de esporte, filmes e livros. Editora Web em Juiz de Fora desde 2023.