Dois dos jogos mais aguardados da divisão Xbox, Perfect Dark e Everwild, tiveram seus desenvolvimentos cancelados pela Microsoft. A decisão veio junto com uma nova rodada de demissões em massa, que cortou cerca de 9.100 postos de trabalho em todo o mundo — o equivalente a 4% da força de trabalho da empresa. As informações foram divulgadas por veículos como AFP, Bloomberg, Variety, VGC e Windows Central.
A Rare, estúdio britânico conhecido por Sea of Thieves, vinha trabalhando em Everwild desde 2019. O jogo enfrentou diversas incertezas criativas ao longo dos anos, passando até por um reboot interno em 2021. Segundo fontes ouvidas pela VGC, a equipe já havia enfrentado dificuldades para definir uma direção clara para o projeto. Mesmo com uma recente visita do CEO da Microsoft Gaming, Phil Spencer, ao estúdio no Reino Unido, o título não resistiu aos cortes.
O mesmo aconteceu com o reboot de Perfect Dark, que estava a cargo do estúdio The Initiative — fundado em 2018 como uma “super equipe” formada por profissionais veteranos da Rockstar, Naughty Dog, Santa Monica Studio, entre outros. Apesar de um trailer exibido em 2024 ter animado os fãs, o jogo também sofria com problemas internos, incluindo trocas frequentes na equipe e dificuldades de liderança. O fechamento do estúdio foi confirmado por Jez Corden, do Windows Central, com base em um comunicado interno enviado por Matt Booty, chefe da Xbox Game Studios.
Além desses dois estúdios, outras equipes também foram atingidas pela reestruturação. A ZeniMax, responsável por franquias como The Elder Scrolls e Doom, e a King, conhecida por Candy Crush, também tiveram cortes. No caso da King, cerca de 200 pessoas — o equivalente a 10% da equipe — foram desligadas, conforme apuração da Bloomberg.
As demissões fazem parte de um processo mais amplo de reestruturação da Microsoft, que, segundo comunicado enviado à imprensa por um porta-voz da empresa, busca “melhor posicionar a companhia e suas equipes para o sucesso em um mercado dinâmico”.
Esta é apenas a mais recente de uma série de demissões conduzidas pela empresa nos últimos anos. Em 2023, mais de 10 mil funcionários foram dispensados. Já em 2024, a Microsoft já havia cortado 6 mil postos em maio, outros 300 em junho e mais mil neste início de julho, segundo levantamento da Variety.
O chefe da divisão Xbox, Phil Spencer, teria se comunicado com os funcionários para reconhecer o impacto da decisão e reafirmar o compromisso com a reorganização dos recursos em projetos estratégicos. Não há informações oficiais sobre possíveis impactos nas operações da empresa no Brasil.
Com o fim de duas promessas e a dissolução de estúdios tidos como apostas criativas da marca Xbox, o cenário aponta para uma fase de contenção — e possivelmente de maior cautela — nos investimentos da Microsoft no setor de games.
Por Letícia Horsth.
