A Associação de Tenistas Profissionais (ATP) reconhece o potencial técnico de Fonseca, bem como o apelo comercial do “Fonsequismo”. Por isso, ele é destaque em muitas publicações que antecedem os grandes torneios, quase como uma pop star. No entanto, seu desempenho em quadra fala mais alto do que os aplausos das arquibancadas, sejam físicas ou virtuais.
Ascenção no ranking
Na semana de seu aniversário, João alcançou seu melhor ranking, ao chegar à 44ª posição no mundo. Esse feito se torna ainda mais impressionante ao comparar com o desempenho de outros grandes nomes aos 19 anos: Fonseca já superou Gustavo Kuerten (270º), Novak Djokovic (63º), Andy Murray (46º) e Juan Martin Del Potro (51º) na mesma idade.
Ele começou 2025 fora do top 100, mas, campeonato após campeonato, foi subindo no ranking profissional. Agora no top 50, ele se credencia a participar da maioria dos torneios do circuito.
Mas, ele parece estar longe do seu objetivo final. Em entrevistas recentes, ele reitera o sonho de alcançar o top 1 do ranking ATP, feito que só Gustavo Kuerten alcançou.
Desempenho em Grand Slams
João Fonseca comemora ponto em partida no Australian Open
Essa ambição se reflete em sua trajetória nos maiores palcos do tênis, os Grand Slams. Ainda na categoria juvenil, ele foi campeão do US Open. No circuito profissional, ele surpreendeu a todos no Australian Open deste ano, onde, após passar pelo quali, eliminou o russo Andrey Rublev, então 9º colocado no ranking ATP.
Em Roland Garros, avançou da primeira para a terceira rodada, sendo derrotado pelo top 4 Jack Draper. Em Wimbledon, novamente chegou à terceira rodada, mas caiu para um inspirado Nicolas Jarry.
Masters 1000
No segundo escalão dos grandes campeonatos, João também se destacou. No Masters 1000 de Miami, parou na terceira rodada. Em Cincinnati, repetiu o feito, o que o levou a alcançar seu melhor ranking.
Títulos
Somente neste ano, João já conquistou três títulos. No preparatório para o Grand Slam da Austrália, ele venceu o Challenger de Camberra. Em fevereiro, celebrou seu maior triunfo ao vencer o ATP 250 de Buenos Aires, derrotando o estadunidense Ethan Quinn na final. Em março, venceu o Challenger de Phoenix, seu terceiro título do ano.
Aura e Estilo de Jogo
João Fonseca registrado em Cincinnati
Agressivo e dominante, esses são dois aspectos que definem o estilo de jogo do brasileiro. Além da expectativa dos torcedores, o mundo do tênis reconhece que ele é um atleta especial. Fernando Romboli, primeiro do Brasil nas duplas, afirmou que João tem a “aura” de um fenômeno.
Em entrevista à Itatiaia, ele destacou que essa percepção é compartilhada por tenistas ao redor do mundo.
Romboli comentou: “Ele é um fenômeno para o tênis em geral, não apenas para o Brasil. Ele trouxe muita visibilidade para o tênis mundial e, especialmente, para o do Brasil.” Ele acrescentou: “É um jogador muito diferenciado. Ele sabe disso, e isso já não é uma pressão para ele. Ele conhece seu potencial”, disse Romboli.
Decepções e pontos a melhorar
Apesar do sucesso, João ainda precisa evoluir. Um dos primeiros grandes tropeços na construção de sua imagem foi no Rio Open de 2025.
Em casa e com o apoio da torcida, caiu na primeira rodada imediatamente após ter conquistado um título no país vizinho. Depois da partida contra Alexandre Muller, ele admitiu o nervosismo e a pressão:
“Não joguei meu jogo, com meu jeito alegre e feliz. Não consegui me conectar com o público e ser eu mesmo dentro de quadra.”
Ele também enfrentou quedas difíceis, como no Masters 1000 de Toronto.
Ao comentar a equeda para Térence Atmane, Fernando Meligeni, comentarista e ex-tenista, apontou aspectos que João pode melhorar:
“Ele demorou a tentar coisas diferentes. Começou a partida devolvendo o saque muito atrás, o que não funcionou contra um canhoto que saca bem. Essa é uma grande experiência para ele. Precisa entender que, em certos momentos, quando o jogo não flui, é necessário mudar”, disse Meligeni.
Paciência para Fonseca e para o ‘Fonsequismo’
João Fonseca durante jogo contra Atmane no Masters 1000 de Cincinnati
Há um consenso de que João será um fenômeno no esporte, mas também é importante que ele não pule etapas. Romboli aconselhou: “Ele está bem assessorado, isso posso garantir. Eu diria: ‘Vai lá e solta o braço’. Na idade que ele tem, o mais importante é aproveitar o momento. Ele é maduro para a idade e conhece seu potencial.”
E finalizou: “A única coisa que reforçaria é: tenha paciência. As coisas vão acontecer. Um jogo isolado não muda uma carreira; o que faz a diferença é a consistência. O foco deve estar no longo prazo.”
João Fonseca no US Open
Foi definido, nesta quinta-feira (21), o adversário de João Fonseca (44º) na estreia do US Open. O jovem tenista brasileiro vai enfrentar o sérvio Miomir Kecmanovic.
Kecmanovic tem 25 anos e atualmente está na 45ª posição no ranking mundial. O sérvio possui dois títulos nível ATP na carreira. Miomir conquistou o Generali Open, na Áustria, em 2020, e o Delray Beach Open, nos Estados Unidos, em 2025. Ambos torneios são de nível 250.
O último Grand Slam do ano vai começar no próximo domingo (24). Data e horário da estreia de Fonseca no torneio ainda não foram divulgados.