Uma das primeiras chances de medalha para o Brasil na Olimpíada de Paris, na França, é neste sábado (26), com a judoca Natasha Ferreira. A curitibana de 25 anos lutará pela categoria até 48kg, com chance de subir ao pódio no primeiro dia de competições após a Cerimônia de Abertura. O que poucos sabem é da história de vida da atleta.
Aos 18 anos, Natasha tomou uma das decisões mais importantes de sua vida. Ela adotou o filho da irmã, dependente química. Na época, Enzo tinha apenas um ano e meio.
Em maio, a brasileira participou do quadro “Minha História”, do portal Uol, e contou um pouco dos bastidores da adoção e a mudança repentina em sua jornada.
“Quando eu era criança, minha irmã era minha inspiração. Foi para acompanhar ela que eu comecei no judô, ainda na escola. Aos 15 anos, mais ou menos, ela começou a usar drogas em festas. Quando engravidou do Enzo, já era dependente química. Por causa do bebê, chegou a ficar um ano limpa, mas a recaída sempre foi um risco”, disse.
“Minha irmã voltou a usar drogas, de uma forma bem agressiva, e quem sofria era o Enzo. Esquecia-o na escola, colocava-o em contato com drogas, com os vários parceiros sexuais que ela tinha”.
Por causa disso, Natasha, ao lado do então namorado Rafael, resolveu adotar Enzo. “Hoje o Enzo tem duas mães. Vive comigo, e visita minha irmã de vez em quando, na casa da minha mãe, quando ela consegue passar uns dias limpa. A maior parte do tempo, porém, ela vive na rua”.
“Ter o Enzo na minha vida me fez ser uma judoca melhor. O começo foi difícil, mas a partir do momento em que ele entrou na minha rotina, e eu na dele, tudo fluiu. Ele me deixou muito disciplinada, porque como eu tinha que ter uma rotina muito certinha, isso me fez ser mais disciplinada - e o Rafael me ajudou muito nisso, ficando com o Enzo para eu treinar e estudar”, ressaltou a judoca.
Natasha em Paris
A judoca, que iniciou no esporte aos quatro anos, chegou à Seleção Brasileira de Judô em 2022. No ano passado, a lutadora conquistou a medalha de bronze no Grand Slam de Israel. Neste ano, ela ficou em sétimo no Campeonato Mundial de Dubai.
Natasha foi convocada para a Olimpíada pela cota continental realocada. A curitibana conseguiu uma das cotas não utilizadas por outro continente. Por causa da entrada da lutadora, o Brasil poderá competir na prova por equipe mista.
Decisão neste sábado
Cada categoria é disputada num único dia nos Jogos Olímpicos. A participação de Natasha será neste sábado. Ela não terá vida fácil e, logo na estreia, enfrentará a japonesa Natsumi Tsunoda, campeã mundial em 2021, 2022 e 2023.
Se vencer, Natasha seguirá a busca pela medalha de ouro. Caso seja derrotada, terá chance de passar pela repescagem até chegar à disputa pelo bronze.