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Quase R$ 200 bilhões: presidente explica estudo inédito sobre PIB esportivo

Fabiana Bentes, presidente da Sou do Esporte, revela detalhes sobre relatório que quantifica valores do setor no país

Fabiana Bentes, presidente da Sou do Esporte, no programa CNN Esportes S/A

O esporte brasileiro precisa de mais transparência e melhores políticas públicas. É o que diz Fabiana Bentes, presidente da ‘Sou do Esporte’, empresa que lançou o primeiro estudo sobre o Produto Interno Bruto (PIB) esportivo no mundo, em entrevista ao CNN Esportes S/A neste domingo (24), programa da CNN Brasil apresentado por João Vitor Xavier.

Em junho deste ano, a empresa apresentou dados inéditos que estimam a quantidade de renda gerada pelo esporte no ano de 2023. Segundo a publicação, o setor movimentou 183 bilhões de reais no período, o que equivale a 1,63% de todo o PIB nacional.

“Hoje, o esporte tem o seu lugar. O seu papel de protagonista nesse ambiente de desenvolvimento econômico e social do país, e que precisa ser levado a sério. A gente tem, até hoje, o esporte um pouco marginalizado nas políticas públicas, nos processos decisórios e na estratégia de desenvolvimento do país”, iniciou Fabiana.

A empresária destaca que o objetivo do estudo era dar mais visibilidade às questões financeiras sobre o esporte no Brasil, especialmente em relação ao Governo. Com os números em mãos, é possível cobrar por melhores investimentos em ações sociais e nas infraestruturas do setor.

Faltam estratégias para utilização de todo o PIB que o esporte movimenta

Fabiana ainda afirma que o problema não está na ausência de recursos, mas sim em como eles são aplicados para a população.

“Nós não temos um problema grave em termos de implementação de recurso público (...). Nós temos as secretarias recebendo recurso. O problema é a qualidade desse recurso, de como ele é implementado”, explicou.

Além da geração de políticas públicas, o esporte também pode movimentar o setor trabalhista, afirma a presidente da Sou do Esporte. Com quase R$ 200 bilhões de PIB em um ano, o mercado esportivo se apresenta como relevante economicamente para o país. O estudo, inclusive, detalha que cada real gasto no setor tem um retorno de R$ 12,83.

“A cada R$ 1 de investimento público, retorna 12, mais de 12 vezes, mais de R$ 12, o retorno em termos dentro desse ecossistema. É muito importante porque a gente gera 3.300.000 empregos diretos e indiretos. Isso é uma cadeia produtiva importante. São mais de 20 setores da economia impactados pela estrutura esportiva”.

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Dificulades para contabilizar o PIB do esporte no Brasil

Em sua participação no CNN Esportes S/A, Fabiana Bentes também abriu o jogo sobre a produção do relatório sobre o PIB esportivo no país. Segundo ela, a maior dificuldade para o estudo foi a transparência dos dados. Até por isso, o documento não inclui setores sem informações consolidadas, como parte da economia informal e os e-sports.

“Ainda precisamos de uma cultura de transparência de dados no segmento esportivo que não existe. Foi um dos maiores dificuldades que nós tivemos: encontrar dados. Você ainda também tem a questão da pirataria, que não atinge só a questão do esporte, mas com certeza o esporte. As camisas de clubes, a gente tem uma falsificação extremada desses produtos. Então, realmente, o país perde na pirataria, na ilegalidade”.

A regulamentação das casas de apostas, todavia, pode impactar positivamente para um crescimento nos números do PIB esportivo. Desde o ano passado, o Governo Federal condiciona a existência de ‘bets’ no país a uma série de regras e regulamentações.

“Quando a gente pega a informalidade, quando entrarem as apostas agora regulares ao final do ano, isso tudo tende a crescer muito a relevância dos números do esporte para a economia do Brasil”, concluiu Fabiana.

Mineiro de Barão de Cocais e jornalista graduado na Fumec. Passagens pela Rádio FUMEC e pelos portais FutebolNews, TechTudo e brasileirao.com.br. Apaixonado pelo bom futebol, por jogadas ensaiadas e grande defensor do “feijão com arroz”.