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Neymar, estilo de jogo e mais: as respostas de Ancelotti como técnico da Seleção

Técnico italiano foi apresentado oficialmente nesta segunda-feira (26) no Rio de Janeiro

Carlo Ancelotti, técnico da Seleção Brasileira, durante apresentação nesta segunda-feira (26)

Carlo Ancelotti foi apresentado oficialmente como treinador da Seleção Brasileira nesta segunda-feira (26). Depois de receber homenagens de nomes como Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari, técnicos campeões mundials pelo Brasil, o italiano participou da primeira coletiva como comandante da Seleção.

Foram pouco mais de 50 minutos de respostas sobre os mais variados temas. O ‘ mister’ explicou a ausência de Neymar, falou sobre outros convocados como Casemiro e Richarlison, que foram ausências nas últimas oportunidades.

O Brasil enfrenta o Equador, no dia 5 de junho, às 20h (de Brasília), no estádio Monumental de Guayaquil. Na sequência, o Brasil enfrenta o Paraguai no dia 10, às 21h45, na Neo Química Arena, em São Paulo. Os jogos são pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.

A Itatiaia separou, abaixo, as principais falas de Ancelotti durante a primeira coletiva como técnico da Seleção Brasileira.

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Neymar

Como disse, nessa convocação eu tentei selecionar jogadores que estão bem. O Neymar saiu há pouco de uma lesão. Todo mundo sabe que ele é muito importante, sempre foi, sempre será. Contamos com ele obviamente. Hoje, há muitos jogadores lesionados... Neymar, Rodrigo, Gabriel, Joelinton, Militão, Ederson. O que quero dizer é que Brasil tem muitos jogadores de talento. Obviamente no caso específico do Neymar, contamos com ele. A Seleção conta com ele, na sua melhor versão. Veio para o Brasil para jogar, se preparar bem para o Mundial. Temos todos o mesmo objetivo, deixar o Neymar pronto para o Mundial. Liguei para ele hoje de manhã para explicá-lo. Ele está totalmente de acordo com a gente e assim seguimos

Casemiro

Casemiro é um grande jogador, tive a sorte de estar com ele. A Seleção necessita desse tipo de jogador com carisma, personalidade e talento. Como eu disse... o Brasil sempre teve muito talento. O futebol moderno você precisa adicionar compromisso, atitude ao talento. Isso, Casemiro tem. Todos que chamei, têm. É um aspecto fundamental sobretudo para preparar para uma competição como o Mundial. Nesse sentido, acho que vamos bem.

Hoje conversei com Felipe (Luiz Felipe Scolari) que me deu conselhos muito bons para preparar bem esse tipo de competição. Neste sentido, conversou muito sobre o ambiente que somos capaz de criar na equipe e ao redor dela. Nesse sentido, todo o Brasil, todo o país pode nos ajudar.

Propositivo ou reativo?

É uma pergunta nova. Propositivo ou reativo é interessante. Eu acredito que o futebol não pode ser jogado de uma só maneira. Tem que ser um futebol propositivo em algumas partidas, reativo em outras partidas. Não gosto de uma equipe que tenha uma só identidade. Isso significa que você é capaz de fazer só uma coisa. Se você quer ter êxito, tem que fazer muitas coisas bem. Propositivo, reativo, defender bem, pressionar alto, defender com bloco baixo. Há muitas coisas para ter sucesso, não uma só. Quando me falam... sua equipe não tem uma clara identidade. Não quero porque assim te descobrem rápido.

Vini Jr e estilo de jogo

É difícil dizer o porque que Vinicius não tem sua melhor versão (no Brasil). Creio que se não tirou, vamos tirar dele isso. É um jogador extraordinário, fantástico, trabalhador, lutador. A verdade é que o jogador brasileiro, como disse antes, tem muito carinho com a Seleção. Isso talvez afete um pouco a naturalidade do pensamento, às vezes é uma pressão demasiada para fazer bem. É algo que pode tirar o melhor dele. Acredito que vamos tirar do Vini a melhor versão.

Jogar como o Real Madrid? Depende? Se for como esse ano, não. Ano passado, sim (risos). Depende da característica dos jogadores. Obviamente o Vinicius é um jogador muito importante para essa Seleção. Existem outros jogadores muito importantes que não estão nessa convocação. Sempre é importante lembrar, existem jogadores que não estão na convocação, que vão ajudar muito ainda neste ano.

Richarlison

É verdade que treinei Richarlison no Everton-ING... não é que isso foi levado em consideração. A convocação sai de um pensamento que fizemos juntos. Trabalhamos juntos e olhamos jogadores pelo momento, tendo em conta todas as dificuldades, jogadores suspensos e pensando nisso obviamente conheço a atitude de Richarlison, como treina... como treina Casemiro. Eles têm essa vantagem. Terei a oportunidade de conhecer a todos nesse tempo.

A mensagem é de acreditar, confiar, é ter o carinho que o povo do Brasil sempre teve a camiseta. Nunca se render, nunca abaixar os braços. Creio que os torcedores podem ajudar muito no período, a mostrar todo o carinho para a Seleção.

Lado psicológico

As relações pessoais são um aspecto importante para mim. Eu dedico muita atenção a isso. As relações são capazes de tirar um pouco mais de uma relação só profissional. Me encontrei bem com todos os jogadores. Cada um tem sua característica... treinei brasileiros espetaculares como Cafu. O que distingue o jogador brasileiro é que eles são capaz de fazer as coisas sérias e o momento que podemos fazer as coisas mais divertidas. Isso eles fazem muito bem. As relações pessoais são algo que tenho muito em conta num ambiente de trabalho.

Filosofia

Minha filosofia... depois de 40 anos eu não sei qual é a estratégia, o sistema que ganha todos os jogos. O que eu sei é que o sistema tem que depender das características do jogador que tem para fazer o jogador, quando em campo, esteja cômodo. Essa é ideia que quero ter aqui. Aproveitar, desfrutar da enorme qualidade que tem esse país, esses jogadores. Trabalhar para que toda essa qualidade pode se agrupar para um único objetivo que é ganhar o Mundial

Jogadores do futebol brasileiro

Os jogadores todos conhecem porque em todo mundo se vê. Obviamente quando se está num clube, na Europa, assiste mais os jogos europeus. Obviamente Flamengo, Palmeiras, Botafogo... poderíamos jogar contra o Botafogo no Mundial... mas perdeu para o Pachuca. São times que se seguem. Também existem pessoas que trabalham aqui com a Seleção, que assistem o futebol brasileiro, os jogadores brasileiros. O que eu farei é ficar mais tempo aqui no Brasil para conhecer a estrutura do futebol, as equipes, os treinadores. Também quando estar de férias, quero desfrutar do país, do Rio... nunca fui ao Corcovado. Não vou dizer que vou trabalhar 365 dias no ano. Mas alguns dias de férias terei para desfrutar do país

O que esperam de Ancelotti

O que espera a sociedade de mim... que eu faça um bom trabalho e que voltemos a ganhar um Campeonato do Mundo. Não tenho dúvida do que esperam de mim. Pelo conhecimento que tenho de futebol, pela experiência que tenho, esperam que eu faça um bom trabalho e que o Brasil levante a taça. Eu espero que o povo ajude a equipe, que se conecte com a equipe, creio que é um aspecto importante. Para a CBF, para os jogadores... é muito importante ter o apoio e a ajuda de um país

Jovens jogadores

Para mim, o Brasil tem excelentes jogadores. Se penso só em quem treinei nos últimos três anos... Vinícius Júnior, Rodrygo, Endrick. Endrick tem muito potencial, mas obviamente tem que aprender, mas é normal. Como aprendeu Vini, Rodrigo... Valverde (uruguaio). É um processo que o jogador jovem tem que aprender como chega num grande clube. Tem que ser um pouco paciente com o jovem porque as vezes não estão completamente formados a nível físico, técnico, tático. É um processo de aprendizagem que o jogador tem que passar. Não há dúvida nisso. O futebol hoje é mais exigente do que quando comecei a jogar. Ao jovem se exige, sobretudo nos grandes clubes, que se esteja pronto para jogar no nível máximo. Mas nem sempre conseguem fazer porque são jovens.

Leonardo Parrela é chefe de reportagem do portal Itatiaia Esporte. É formado em Jornalismo pela PUC Minas. Antes da Itatiaia, colaborou com ge.globo, UOL Esporte e Hoje Em Dia. Tem experiência em diversas coberturas como Copa do Mundo, Olimpíada e grandes eventos.