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Edson se revoltou com a decisão do clube paulista. Nas redes sociais, o defensor lamentou a postura do Botafogo-SP ao encerrar seu vínculo e desabafou:
“Fui surpreendido com a decisão de rescindir meu contrato por justa causa, o que me retira todos os direitos. Além de me tratar com desprezo num momento tão delicado, o clube ainda ‘viu uma brecha’ pra se beneficiar dessa injustiça e se esquivar de suas responsabilidades”, escreveu o jogador.
“Fui ofendido, humilhado e desrespeitado por ser nordestino e, no fim, quem está sendo punido sou eu. Saí da minha casa pra trabalhar, entrei em campo, me doei por uma vitória e saí dele ofendido e demitido. O Botafogo-SP perdeu a chance de mostrar grandeza e respeito à região mais discriminada do país. Perdeu a chance de se posicionar pelo certo”, completou.
Na partida disputada no Couto Pereira, Édson recebeu cartão vermelho por uma cotovelada em Gustavo Coutinho, atacante do Coxa.
De acordo com o zagueiro, ele foi chamado de ‘nordestino de merda’ e ‘passa fome’ pelo lateral do time alviverde. O defensor explicou que a agressão aconteceu em um momento de cabeça quente, ‘em defesa de sua honra’. Édson registrou um boletim de ocorrência contra Zeca.
Confira o texto de Edson na íntegra
“Os últimos dias não têm sido fáceis, mas por respeito a quem me acompanha e se preocupa comigo, decidi me manifestar sobre mais uma situação humilhante que vivi.
Nesta quarta-feira (8), em reunião com a diretoria do Botafogo-SP, fui surpreendido com a decisão de rescindir meu contrato por justa causa, o que me retira todos os direitos. Além de me tratar com desprezo num momento tão delicado, o clube ainda “viu uma brecha” pra se beneficiar dessa injustiça e se esquivar de suas responsabilidades.
Sempre fui um atleta exemplar, dentro e fora de campo e, sinceramente, em todos os meus anos no futebol, nunca vi algo assim: um jogador que reage a um crime dentro de campo ser punido pelo próprio clube, e não apoiado.
Fui vítima de xenofobia trabalhando! Esperei um gesto humano, um posicionamento, um mínimo de empatia, mas o que recebi foi frieza, abandono e indiferença. Se nem meu próprio empregador me respeita, por que alguém de fora vai se importar?
Fui ofendido, humilhado e desrespeitado por ser nordestino e, no fim, quem está sendo punido sou eu. Saí da minha casa pra trabalhar, entrei em campo, me doei por uma vitória e saí dele ofendido e demitido.
O Botafogo-SP perdeu a chance de mostrar grandeza e respeito à região mais discriminada do país.
Perdeu a chance de se posicionar pelo certo.
Estou decepcionado e triste, mas sigo de cabeça erguida e com a consciência tranquila. Falei a verdade, defendi minha dignidade e as minhas origens. A minha luta agora é por justiça e respeito.”
Veja a acusação de Édson contra Zeca
“Na última sexta-feira (3), durante a partida contra o Coritiba pelo Campeonato Brasileiro, fui alvo de ofensas graves e inaceitáveis por parte do atleta Zeca, que me chamou, dentre outros termos, de “nordestino de merda” e “passa fome”.
Provocar e tentar desconcentrar o adversário dentro de campo é natural e todos nós sabemos que faz parte do jogo, mas essa fala ultrapassa todos os limites toleráveis e se torna um crime.
Eu nasci em Touros, no Rio Grande do Norte, tenho muito orgulho das minhas origens, do meu Nordeste e jamais vou permitir que qualquer pessoa tente diminuir a mim, meu povo, minha região e nossa cultura.
Futebol é um esporte que tem a rivalidade como característica, mas esse jogo mental jamais pode ser confundido com autorização para preconceito ou discriminação.
É importante eu falar também que eu fui expulso por outro lance, de jogo, e de forma justa. Sabendo que já estava fora da partida, acabei reagindo de cabeça quente às ofensas inacreditáveis que vinha sofrendo, tanto que é possível ver que, quando o juiz confirma minha expulsão, eu vou direto no Zeca para defender a minha honra. Não me orgulho da minha reação, mas ali, no calor do momento, foi a única forma que vi de me defender diante de falas tão desrespeitosas, absurdas mesmo.
Ontem, já mais tranquilo, tomei as medidas cabíveis para registrar um boletim de ocorrência sobre o caso, pois acredito que atitudes assim não podem ser normalizadas.
Hoje, vendo tudo tomar a proporção que tomou, decidi vir a público para que todos saibam a história completa. Espero que os órgãos competentes apurem o ocorrido e que situações desse tipo não se repitam nunca mais.”