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Federação Paulista condena declarações machistas contra árbitra brasileira

Caso aconteceu após o Mushuc Runa ser eliminado da Sula na última terça (19)

Edina Alves foi vitima de ataques machista por parte de gestor equatoriano

A Federação Paulista de Futebol (FPF) se pronunciou sobre as declarações machistas proferidas pelo diretor e pelo treinador do Mushuc Runa, Renato Salas e Paúl Vélez, contra a árbitra brasileira Edina Alves.

Em nota divulgada nesta quinta-feira (21), a federação repudiou as falas dos equatorianos.

“A Federação Paulista de Futebol (FPF) manifesta seu mais veemente repúdio às declarações machistas proferidas pelo treinador e pelo diretor do Mushuc Runa, Paúl Vélez e Renato Salas, após a partida ante o Independiente del Valle, válida pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana, contra a árbitra brasileira e do quadro de arbitragem da FPF, Edina Alves Batista”, declarou a FPF.

A entidade ainda reforçou a competência e experiência da equipe de arbitragem.

“O premiado quarteto paulista, Edina Alves, Neuza Back, Fabrini Bevilaqua e Daiane Muniz, pertence ao quadro da Fifa e fez história ao tornar-se o primeiro time de arbitragem feminino em um confronto de mata-mata de competições da Conmebol. Em julho, Edina, Neuza e Fabrini atuaram pela Eurocopa Feminina em nova façanha inédita’, acrescentou.

Entenda o caso

A árbitra brasileira Edina Alves foi alvo de falas machistas após o jogo entre Mushuc Runa e Independiente del Valle pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana, realizado na última terça-feira (19), no Estádio Olímpico Atahualpa, em Quito, no Equador.

O Mushuc Runa foi eliminado após perder por 4 a 2 nos pênaltis. O diretor do Ponchito, Renato Salas, expressou sua insatisfação com a arbitragem brasileira e proferiu um discurso machista.

“Uma árbitra, por melhor que seja, não vê as mesmas coisas que um árbitro”, declarou o gestor à ABC Deportivo .

"É por isso que temos o futebol feminino, porque as árbitras vão sentir o que sentem em campo”, acrescentou Renato Salas.

O gestor ainda destacou que a opinião dele não é de cunho discriminatório, e acrescentou: “Uma mulher não sente o mesmo que um homem. Dessa perspectiva mental, você não terá a mesma consideração ao decifrar jogadas”.

Além do gestor, o treinador da equipe, Paúl Vélez, também discursou contra a árbitra.

“Colocaram para apitar, e digo com respeito, o sexo oposto. Não é que eu esteja contra as mulheres, mas para os torneios internacionais não estou de acordo. Para isso há o futebol de mulheres”, disse o técnico.

Além de Edina, a equipe de arbitragem era composta pelas auxiliares Neuza Back, Fabrini Bevilaqua e Daiane Muniz (VAR).

Em contato com a Itatiaia, a Conmebol declarou que ainda avalia o caso.

Paul Veléz, treinador do Mushuc Runa, do Equador

Leia a nota da FPF na íntegra

“A Federação Paulista de Futebol (FPF) manifesta seu mais veemente repúdio às declarações machistas proferidas pelo treinador e pelo diretor do Mushuc Runa, Paúl Vélez e Renato Salas, após a partida ante o Independiente del Valle, válida pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana, contra a árbitra brasileira e do quadro de arbitragem da FPF, Edina Alves Batista.

As falas não apenas desrespeitam profissionais de alto nível, reconhecidas internacionalmente pela sua competência, como também reforçam estereótipos arcaicos e inaceitáveis.

O premiado quarteto paulista, Edina Alves, Neuza Back, Fabrini Bevilaqua e Daiane Muniz, pertence ao quadro da Fifa e fez história ao tornar-se o primeiro time de arbitragem feminino em um confronto de mata-mata de competições da Conmebol. Em julho, Edina, Neuza e Fabrini atuaram pela Eurocopa Feminina em nova façanha inédita.

Discriminações como o machismo não podem e não serão toleradas em nenhuma instância do esporte. A FPF reafirma seu compromisso histórico na defesa da igualdade de gênero, da diversidade e do respeito dentro e fora de campo”.

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Karen Cristina é jornalista em formação e integra a equipe do portal Itatiaia Esporte