O Flamengo foi o vencedor do leilão do terreno do Gasômetro, no bairro de São Cristóvão, e deu um passo fundamental no projeto de construção do estádio próprio. A oferta do clube da Gávea foi de R$ 138 milhões e 195 mil, valor mínimo estipulado pela Prefeitura no edital da desapropriação do espaço de 86 mil metros quadrados na Zona Central do Rio de Janeiro.
O leilão por hasta pública foi realizado no Auditório do CASS (Centro Administrativo Municipal de São Sebastião), com as presenças do prefeito Eduardo Paes (PSD/RJ), Rodolfo Landim e Rodrigo Dunshee, presidente e vice-presidente do Flamengo, além de outros dirigentes e políticos.
“O mesmo mecanismo para viabilizar as obras de São Januário. Flamengo e Vasco têm em seus clubes potencial construtivo inutilizados. A Prefeitura pega esse potencial que pertence aos clubes e permite que sejam negociados”, afirmou o prefeito Eduardo Paes sobre a venda de potencial construtivo da Sede da Gávea que pode ser negociada para recursos da construção do estádio.
“O Flamengo está ajudando a cidade. Revitalizar o Centro é uma transformação urbana fundamental. Era fundamental abrir esse espaço para o estádio do Flamengo. Será muito bom para a cidade. Como vascaíno, foi um sofrimento, mas está tudo bem”, completou, em tom de brincadeira, Eduardo Paes.
“O que vamos fazer é depositar os recursos em um prazo de cinco dias. Temos esse recurso em caixa. A Prefeitura, com este recurso, vai pagar o leilão e a gente já obtém a emissão de posse do terreno. Com isso, já começamos a segunda fase, que é de um estudo mais detalhado”, celebrou Rodolfo Landim, confirmando o pagamento do valor de R$ 138 milhões.
“Sem medo de errar. O presidente foi duas vezes campeão da Libertadores, duas vezes do Brasileirão, quatro do Carioca, campeão da Recopa... Ganhou o mundo, mas o título mais importante do presidente Rodolfo Landim foi esse aqui. É um sonho que será realizado”, afirmou Marcos Braz, vice-presidente de futebol do Flamengo.
Tensão antes da confirmação da leilão
Na segunda-feira (29), o Conselho Deliberativo do Flamengo aprovou a participação do clube no leilão previsto para esta quarta (31) após decreto da Prefeitura no Diário Oficial.
As horas seguintes até a manhã desta quarta (31) foram tensas, com uma série de recursos e decisões judiciais que chegaram a suspender a realização do leilão.
A decisão final foi da Procuradoria Geral do Rio de Janeiro, que derrubou a liminar e viabilizou a realização do leilão nesta tarde.
“Foi uma luta grande desde aprovação dos sócios, uma série de liminares, uma batalha judicial enorme, ficamos muito felizes com a decisão e darmos esse passo gigante para atender aos sonhos de toda Nação”, comentou Landim.
Inauguração em 2029?
Conforme apresentado aos sócios em reunião extraordinária, a direção estipulou o dia 15 de novembro de 2029, aniversário de 127 anos do clube, como data da inauguração do estádio.
O presidente Rodolfo Landim, que encerra o segundo mandato em dezembro de 2024, afirmou que a data não está fechada, esperando que até seja antecipada a abertura da nova casa.
“Essa é a data que colocamos, dentro de um prazo razoável de cinco anos para construção, mas tudo isso vai depender muito das emissões das licenças. Estamos na fase do projeto básico. Com o projeto básico, entramos e pedimos a licença. Acho que, no ritmo Flamengo, vai dar para dar uma encurtada nisso. Vamos ser Flamengo. Espero que a gente consiga, inclusive, adiantar essa data que foi apresentada no Conselho Deliberativo”, explicou Landim.
Os próximos passos
Márcio Bodin, vice-presidente de Administração do Flamengo, foi um dos responsáveis pelas negociações com a Caixa Econômica Federal e a Prefeitura do Rio de Janeiro.
Após o resultado do leilão, o dirigente celebrou o feito e projetou os próximos passos do projeto e os ganhos para o Flamengo e para a região do Gasômetro.
15 de novembro de 2029 estamos jogando bola lá. Agora começamos as etapas seguintes, que é planejar o que teremos de estádio. O tamanho, o número de lugares atrás dos gols, com ingressos econômicos, o que teremos de ganho esportivo. Tem que ser um lugar com o sangue rubro-negro fervendo lá dentro, com a torcida, e os jogadores em campo”, afirmou Bodin.
“O importante é que o estádio é dedicado ao Flamengo, com museu, com a história contada. Vamos ter na parte externa do estádio, vamos fazer a área para jogos fora do Rio ou mesmo para shows ligados ao Flamengo. Terá muito evento cultural e evento do Flmengo. Não é só dia do jogo. Vai viabilizar a recuperação da região, que hoje é mais industrial e ganhará mais vida”, concluiu.
As exigências do edital
De acordo com edital, a partir da assinatura do Termo de Promessa de Compra e Venda, o prazo para apresentação do projeto é de 18 meses (um ano e meio). A execução é prevista para 36 meses (três anos) que são prorrogáveis “na forma da lei, contados do seu licenciamento”, diz o documento.
O edital ainda lista uma série de exigências que caberão ao comprador do terreno de 86 mil metros quadrados, que será destinado para a “implantação de equipamento esportivo com potencial de geração de fluxo mínimo de 70.000 (setenta mil) pessoas, na área descrita no Edital, para fins de renovação urbana”.
O projeto precisará abranger soluções e atender exigências relacionadas à áreas e temas como mobilidade urbana, desenvolvimento social, infraestrutura, meio ambiente e sustentabilidade, integração com o entorno, acessibilidade e conectividade e inovações tecnológicas, entre outros temas.