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O acesso do Cruzeiro na estrada: torcedores rodam mais de 45 mil km na Série B

Cinco torcedores do Cruzeiro contaram suas histórias, os perrengues e os capítulos inéditos de quem faz tudo pelo clube

Torcedor Breno Carvalho atravessou o Brasil para apoiar o Cruzeiro na temporada

Em uma máxima de que “o amor não tem limites”, diversos cruzeirenses se aventuraram pelas estradas do Brasil para devolver o Cruzeiro à Série A após três anos de reconstrução, desilusões e campanhas irregulares. Para ilustrar a luta de quem decidiu acompanhar os comandados de Pezzolano em todo o país, a Itatiaia entrevistou cinco torcedores que percorreram longas distâncias durante a Segunda Divisão.

Daniel Camargos

Fanático pela Raposa, Daniel marcou presença nas arquibancadas de oito cidades diferentes em meio à trajetória celeste na Série B. Com início no duelo mineiro contra o Tombense, no Soares de Azevedo, ele participou de caravanas para o Heriberto Hülse, Maracanã, Novelli Júnior, Brinco de Ouro da Princesa, Mané Garrincha e, por fim, a Arena do Grêmio, além do trajeto de carro rumo à Arena Condá. Ao todo, Daniel viajou 14.648 quilômetros.

Perguntado se todo o esforço valeu a pena, o cruzeirense não hesitou.

"É uma sensação indescritível. Todo cruzeirense tem que ter a oportunidade de ver o time jogar fora de Minas, pois é uma sensação única. Abrindo mão de tudo, perdendo dia de emprego, de aula. A gente consegue uma folga ali, dá um jeito. É o meu caso. Não dá pra explicar, só quem está lá mesmo para sentir tamanha satisfação”, descreveu.

Thiago Loregian

Frequentador assíduo do bloco 316 no Amarelo Superior do Mineirão, Thiago Loregian decidiu pagar a promessa de ir a estádios longe de Belo Horizonte após o rebaixamento da Raposa, em 2019. Com cinco novos lugares no currículo, assim como Daniel, ele também passou por Muriaé, Rio de Janeiro, Campinas, Brasília e Porto Alegre. No total, Thiago acumulou 7.528 quilômetros na estrada.

“Geralmente, coloco uma meta dos estádios que quero ir. Alguns para conhecer e outros repetidos. Foi muito legal, porque já viramos o ano com uma expectativa grande pela compra do Ronaldo. Todas as viagens foram importantes, tudo por conta própria e sem ajuda do clube. Alguns trajetos foram mais cansativos e tivemos imprevistos, como o ônibus ter estragado. É uma sensação de dever cumprido. Se Deus quiser, pretendo ir contra a Ponte em Campinas e em Novo Horizonte contra o Novorizontino”, afirmou.

Breno Carvalho

Figura conhecida nas caravanas de torcidas organizadas, Breno Carvalho foi do Nordeste ao Sul do Brasil na Série B. Já na primeira rodada, embarcou de ônibus para Salvador no confronto com o Bahia, e seguiu o destino para os duelos contra o Criciúma, o Vasco e o Grêmio. Com 9.972 quilômetros rodados, ele conseguiu escolher um jogo preferido.

“O jogo mais marcante foi contra o Criciúma, com gol no final do Jajá. Foi um presente para nós, que viajamos quase 30 horas de ônibus. O estádio também é muito bom. Não me arrependo e faria tudo de novo. Que na próxima temporada eu possa ir em mais jogos”, ponderou.

Thaís Silveira

Mineira, Thaís Silveira viveu um dilema ao se mudar de BH junto com a família para Recife em 2022. Longe do Cruzeiro, ela deu um jeito de ficar perto do clube do coração nas férias. Presente no duelo com o Náutico, nos Aflitos, Thaís viajou de avião para ver o time celeste em campo no Mineirão contra o Bahia e o Sport. Para fechar a saga, foi de carro até Maceió para acompanhar a vitória sobre o CRB, no Rei Pelé, completando 7.032 quilômetros de viagem.

“Era uma frequentadora nata até 2021. Me mudei em janeiro para o outro lado do país e foi um baque ficar longe do Cruzeiro. Quando fui pra BH, foi uma emoção grande, porque sabia que não iria mais este ano. Para Maceió, tivemos uns perrengues: a chave do carro quebrou na ignição e não sabia se chegaríamos a tempo, mas deu tudo certo. O Cruzeiro pode não estar fisicamente conosco, mas me reúno com cruzeirenses de um reduto em Recife para ver todos os jogos”, comemorou.

Wandy Gois

Morador de Manaus, Wandy Gois decidiu voltar ao Mineirão pela primeira vez após o início da pandemia. Para o jogo do acesso, o torcedor do Cruzeiro saiu de madrugada da capital amazonense, fez escala em São Paulo e só chegou em BH nesta tarde. Segundo ele, para ver o momento histórico de pertinho, o sacrifício de 6.396 quilômetros foi fazer um acordo com o chefe.

“Saí de madrugada e só cheguei em BH à tarde. Passei na casa de um amigo, deixei minhas coisas e vim direto para o Mineirão. Vou faltar três dias no trabalho e vou pagando devagar. Vai ficar ruim, mas, pelo Cruzeiro, vale a pena”, concluiu.

Leonardo Garcia Gimenez é repórter multimídia na Itatiaia. Natural de Arcos-MG e criado em Iguatama-MG. Passou também pela Record Minas.