A principal torcida organizada do
Augusto Melo foi indiciado por associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro, ao lado de ex-integrantes da diretoria do clube. A situação ampliou a crise que já vinha se desenhando no Parque São Jorge, com reflexos na administração, finanças e bastidores do time.
Em nota divulgada em suas redes sociais, a Gaviões justificou o pedido como uma medida de proteção à imagem institucional do Corinthians, ressaltando que o clube 'é maior que qualquer dirigente’. O grupo também reforçou o compromisso de continuar fiscalizando e defendendo os interesses da instituição.
Confira a nota oficial da Gaviões da Fiel na íntegra
“PEDIDO DE AFASTAMENTO DO PRESIDENTE DO AUGUSTO MELO
Diante das recentes notícias que envolvem o indiciamento do presidente do Sport Club Corinthians Paulista, Augusto Melo, em inquérito policial, o Gaviões da Fiel Torcida vem, de forma clara e objetiva, solicitar seu afastamento imediato do cargo.
Tal medida se faz necessária para preservar a imagem do Corinthians, que deve estar sempre acima de qualquer interesse pessoal, e evitar que os problemas que hoje recaem sobre o presidente impactem ainda mais o clube, que já enfrenta uma grave crise administrativa, financeira e institucional.
O Corinthians é maior que qualquer dirigente. Nenhum cargo, nenhuma pessoa, está acima da nossa história, da nossa tradição e do amor de milhões de corinthianos espalhados pelo mundo.
Reforçamos nosso compromisso de fiscalizar, cobrar e defender os interesses do Sport Club Corinthians Paulista, como sempre fizemos nos nossos mais de 55 anos de história.
Nossa luta e contribuição continuará para a quitação da arena e alteração do estatuto, para proporcionar maiores receitas e mecanismos de administração, que não permitam ocorrer situações que nos levaram ao precário estágio que nos encontramos, independente de quem estiver à frente do SCCP.
Pelo Corinthians, com muito amor, até o fim!
GAVIÕES DA FIEL TORCIDA”
Entenda o caso
A investigação do contrato entre VaideBet, empresa de apostas esportivas, e Corinthians rastreou o caminho dos recursos provenientes do acordo. A diligência revelou uma relação entre dirigentes do clube e integrantes do crime organizado.
A quebra de sigilos bancários revelou contas nas quais circulou R$ 1,4 milhão, que foi pago em uma espécie de comissão pelo patrocínio.
O recurso chegou a uma conta denunciada ao Ministério Público pelo delator do PCC, Antônio Vinícius Gritzbach, morto em 8 de novembro de 2024, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, a mando de traficantes.
O Relatório Técnico de Análise de Dados Financeiros e Bancários mostrou que o desvio foi realizado em duas remessas de R$ 700 mil, em março do ano passado.
O valor total foi transferido para uma conta da Rede Social Media Design, empresa de Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, que atuou na campanha de Augusto Melo à presidência do clube.
Depois, a empresa de Cassundé fez dois repasses, um no valor de R$ 580 mil e outro de R$ 462 mil, para a Neoway Soluções Integradas, empresa associada à Edna Oliveira dos Santos, que mora em Peruíbe, no litoral de São Paulo. Ela afirmou, em entrevista ao Uol, desconhecer o caso.
Ainda em março de 2024, a Neoway transferiu cerca de R$ 1 milhão para a Wave Intermediações Tecnológicas, que ainda fez mais três transferências para a UJ Football Talent Intermediação, citada por Antônio Vinícius Lopes Gritzbach em delação com promotores de Justiça, na casa dos R$ 870 mil.
Na delação, Gritzbach disse que a UJ era controlada informalmente por Danilo Lima, conhecido como “Tripa”, suspeito de integrar o Primeiro Comando da Capital (PCC) e investigado pelo sequestro de Gritzbach em 2022.
A delação apontou ainda que a UJ agenciou Éder Militão, da
Lavagem de dinheiro
A investigação mostrou ainda que R$ 525 mil desviados dos cofres do Corinthians ficaram pelo caminho como forma de pagamento de comissão no processo de lavagem de dinheiro.
Alex Cassundé, Augusto de Melo e outros diretores estão sendo investigados. A polícia considera que crimes de furto qualificado e lavagem de dinheiro foram comprovados com a quebra de sigilo bancário.
Em 7 de junho, a Vai de Bet rescindiu o contrato de R$ 360 milhões com o Corinthians depois que o pagamento da comissão foi revelado.
Votação do impeachment de Augusto
Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, definiu que a nova reunião para votar o afastamento de Augusto Melo por conta do “caso Vai de Bet” será no dia 26 de maio (segunda-feira), a partir das 18 horas (de Brasília), no salão nobre do Parque São Jorge.