O atleta Matías Rojas aguarda a regularização da CBF para estrear com a camisa do Corinthians neste sábado (8), na partida contra o Atlético, pelo Campeonato Brasileiro. O paraguaio, que saiu do Racing de graça, é mais um jogador que deixa o futebol argentino para atuar no Brasil. O presidente Víctor Blanco, em entrevista recente para a D Sports Radio, detalhou a negociação como irrecusável: “Ele tinha uma oferta importante do Brasil que nem o Racing nem o futebol argentino podem igualar, essa é a realidade”.
Em meio à crise no país, devido à desvalorização do peso, moeda local, os clubes argentinos têm encontrado cada vez mais dificuldades de competirem no cenário internacional. Nas últimas quatro edições da Libertadores, o domínio dos brasileiros foi absoluto com as conquistas do Flamengo, nas temporadas de 2019 e 2022, e o bicampeonato do Palmeiras, em 2020 e 2021.
Outro fator evidente está na venda e contratação de jogadores. No ano passado, o Corinthians comprou o volante Fausto Vera, do Argentino Juniors, por cinco milhões de euros (cerca de R$27 milhões). Já o São Paulo fechou negócio pelo meia Galoppo, que atuava no Banfield, por quatro milhões de euros.
“Hoje os clubes brasileiros têm condições de movimentar cifras bem mais atrativas do que os argentinos. Os altos salários, junto ao poder de visibilidade e a possibilidade de faturar milhões com títulos, são fatores que pesam para essa vinda de jogadores que atuam no futebol argentino”, explica Rogério Neves, CEO da Motbot, plataforma que atua com financiamento coletivo, auxiliando clubes a arrecadarem receita para o “bicho” de atletas e comissão técnica.
Na Copa do Brasil, por exemplo, o vencedor recebe uma premiação de R$ 70 milhões apenas por levar o título. Por outro lado, na Argentina, o atual campeão Boca Juniors, da Copa da Liga Argentina, arrecadou US$ 500 mil de compensação financeira pela Conmebol. No ano de 2021, os xeneizes faturaram apenas US$ 37 mil.
De acordo com Thiago Freitas, responsável técnico da TFM, agência que realiza a gestão de carreira de atletas como Vini Jr., Endrick e Martinelli, existem outras características essenciais que tornam as competições brasileiras mais atrativas.
“Nosso campeonato tem maior alcance entre clubes europeus e também asiáticos. Basta ver as transferências internacionais geradas para esses continentes. Isso torna o Brasil um estágio intermediário para aqueles que não conseguem, diretamente da Argentina, despertar interesse de europeus que paguem as multas dos contratos. Além disso, a condição dos clubes de pagar maiores salários é muito maior aqui do que na Argentina, mesmo em comparação com equipes da mesma popularidade e audiência” explica Freitas.