Nono maior artilheiro do Atlético, com 133 gols marcados, o ex-atacante Marques entrou para a galeria dos grandes ídolos do clube. Com 386 partidas disputadas pelo Alvinegro, o antigo dono da camisa 9 escreveu importante história em duas passagens pelo Galo. Hoje, aos 51 anos, segue apreciando o carinho dos torcedores por onde passa.
Radicado em Belo Horizonte, o paulista acompanha de perto o momento da equipe e é um dos admirados de Hulk, principal astro do atual elenco. Ele, inclusive, coloca o paraibano de 38 anos na “primeira prateleira” dos atletas que vestiram a camisa branca e preta desde 1098, ano de fundação do Atlético.
Durante entrevista ao Charla Podcast, Marques foi perguntado sobre qual é o maior ídolo da história do clube. Sem se esquivar, o “Olê, Marquês” - era desta forma que a torcida celebrava a presença do ex-atacante durante os jogos -, ele responde:
“Com certeza ele está nesta prateleira. Não gosto de pontuar o maior ídolo da grandiosa história do Atlético. O clube foi fundado em 1908. Tem uma estrofe do hino que fala dos campeões do gelo. Quem foram esses caras, esses heróis? A gente viaja pela década de 1970, com um time que perdeu a final do Brasileiro com Cerezo, Reinaldo, depois vem Éder. Teve Dario, Tardelli, Guilherme... O Hulk com certeza é mais um grande para figurar na primeira prateleira. E não estou sendo político para dar esta resposta”, iniciou a resposta.
“Eu vesti esta camisa por quase 400 vezes. É preciso entender a história do clube e eu a entendo bem; entender o passado. Quando eu cheguei, no final da década de 1990, não tinha um campo para treinar. Olha só que maluquice. Vim do São Paulo, que ninguém tinha um CT igual. Desembarquei na Vila Olímpica, com um campo mal cuidado, que se dividia com o associado. Para acharmos um espaço melhor para treinar, tínhamos que sair por BH para desbravar um campo. Era Betim, Vespasiano... Em Pedro Leopoldo tinha uma fábrica. Você corria com a garganta cheia de cimento, tossia e saía um tijolo. Era foda, cara”, foi além.
O passado construiu o presente
Ainda sobre a experiência vivida no Galo, Marques, que em 2018 chegou a ocupar cargo diretivo no clube, destaca que cada jogador foi responsável por construir o que hoje é o Atlético.
“Nos finais de semana e nas quartas, o Mineirão estava lotado com a torcida empurrando. Sou um cara raiz e vivi este período.Vi também a transformação do Atlético. Para manter o Galo neste patamar, você teve que ter jogadores que realmente vestiram a camisa. Quando se fala de ídolo, eu gosto de contar esta história. Hoje eles tem aquela arena maravilhosa, tem a Cidade do Galo... Então eu posso falar. Sou o cara do sofrimento, que entendia a razão do torcedor ir ao estádio gritar pelos ídolos. O Atlético nunca era primeira opção dos jogadores; não pagava em dia e nem estrutura tinha. Aqueles caras que seguravam a alça”, finalizou.