Emoção à flor da pele. O sentimento da família do zagueiro Rômulo, de 20 anos, traduz a magia do futebol. Nesta quarta-feira (26), ele marcou o gol da vitória por 2 a 1 sobre o Internacional, no duelo da 12ª rodada do Campeonato Brasileiro. O jogo foi disputado no estádio Heriberto Hülse, em Criciúma.
Em Belo Horizonte, no Bairro Guarani, os familiares do “cria” estavam ligados na Itatiaia e torcendo para que o time comandado pelo técnico Gabriel Milito marcasse mais um e desempatasse o confronto com o Colorado. Porém, eles não esperavam que o tento ficasse a cargo do camisa 47; o primeiro como profissional.
Curiosamente, a família teve dupla emoção nesse 26 de junho. Antes da alegria pelo gol do “Juninho”, já no apagar das luzes, a lembrança dos dois anos da morte do avô materno do prata da casa era o que marcava o dia. O jogador, inclusive, mandou áudio aos familiares para dedicar o gol ao “Vô Nonô".
“Estávamos eu, minha esposa, minha filha e o padrinho dele, o Cleto. E a família toda do outro lado acompanhando. Estava ouvindo pela Itatiaia e assistindo pela televisão. Primeiro ele mandou aquele lançamento para o Paulinho, que perdeu o gol. Teve uma sequência de escanteios. O Caixa falando escanteio daqui e dali. De repente, ele gritou “Caixa!”. Eu gritei e pulei, comemorando o gol, mas não tinha visto quem tinha feito”, conta Sr. Rômulo, pai do zagueiro à reportagem.
“Minha esposa viu primeiro e começou a gritar. Disse que era o Juninho. Foi emoção demais. Todos emocionados e gritando gol. A família aqui é Galo mesmo! Deu certo. Ele entrou bem no segundo tempo, com personalidade e fez o gol da vitória. Saímos com três pontos contra o Inter. Deu tudo certo”, foi além.
Rômulo fez o primeiro gol como profissional no dia em que a morte do avô completou dois anos
Início no mundo da bola
Cria do Bairro Guarani, localizado na Região Norte de BH, o zagueiro jogava na Escolinha ‘Filho do Vento’, do ex-atacante Euller, antes de fazer teste no Galo. Indicado por Anderson Canela, aos 13 anos, ele chegou ao Alvinegro como meio-campista.
“Ele fazia muitos gols de falta. Sempre foi ambidestro. Eu o ensinei a chutar com as duas pernas desde cedo”, conta Rômulo (pai) à Itatiaia. Ex-zagueiro e taxista conhecido na região, ele jogou em categorias inferiores do Atlético na década de 1980.
“Sempre levei e busquei nos treinos. Um dia, ele me disse que o técnico havia o deslocado para a zaga. Perguntei se ele havia gostado da mudança. Me disse que sim. Respondi que ‘a melhor coisa é fazermos aquilo que gostamos’. Passou nove meses e ele virou titular absoluto”, vai além.
Camisa 47 e presente para os pais
Assim que assinou o primeiro contrato profissional, há quatro anos, Rômulo já sabia bem o que fazer com o primeiro salário. Sempre muito presente nas despesas da casa, ele presenteou os pais com uma televisão e com o móvel da sala.
Nesta temporada, quando assumiu o posto deixado por Réver, ele foi perguntado se gostaria de usar a camisa 4, deixada pelo ídolo, que se aposentou. De pronto, o “cria” agradeceu e elegeu a “47", para homenagear a mãe, Alessandra.
“Ele escolheu a camisa 47 pela idade da mãe. Sempre foi um menino muito bom, que sempre nos ajudou em casa. Se chegou neste lugar, com certeza foi graças a Deus. Tenho certeza disso”, finaliza o pai, conhecido no bairro como “Russão”. Além de Rômulo, o casal teve outras duas filhas: Lorrayne e Júlia.
Passagens pela Seleção
No Atlético desde a categoria Sub-14, Rômulo se tornou figurinha repetida nas convocações para os “times inferiores” da Seleção Brasileira. A primeira delas, em 2018. Campeão Sul-americano em 2019, já no Sub-15, ele foi convocado pela última vez em 2022.