Clubes de futebol do Rio de Janeiro vêm recebendo apoio da Prefeitura no que diz respeito à construção de novos espaços na cidade, como centros de treinamento e até estádios, o que não aconteceu com o Atlético para a construção da Arena MRV. Um dos casos mais recentes e chamativos é de São Januário, a casa do Vasco, que já tem um projeto de modernização alinhado com o prefeito Eduardo Paes (PSD).
Ainda no Rio de Janeiro, Flamengo e Fluminense estão em acordo para uso do Maracanã, enquanto o Botafogo tem projeto para construir um novo CT na cidade. Em São Paulo, Palmeiras e Corinthians se adequaram para construção e modernização das suas arenas; e o Santos caminha para iniciar obras de revitalização na Vila Belmiro.
A realidade para a mais nova arena do futebol brasileiro acabou indo por outro lado. Enquanto clubes de outras cidades foram apoiadas pela gestão pública, a prefeitura de Belo Horizonte agiu na contramão para a construção da Arena MRV, a nova casa do Atlético.
A situação envolvendo o novo estádio implicou diversas cobranças de contrapartidas para liberação das obras cujo valor estipulado era de R$250 milhões.
A questão da nova casa do Galo foi alvo até mesmo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A intitulada “CPI do Abuso de Poder”, que apurava se as contrapartidas exigidas foram impostas pela gestão de Alexandre Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte, para prejudicar o andamento das obras.
O clube chegou a se manifestar sobre as exigências feitas pela PBH durante a gestão de Kalil, em 2022. Segundo o Atlético, as mais de 100 contrapartidas exigidas pela PBH tinham “valores exorbitantes e completamente desproporcionais em relação a qualquer outra arena erguida no Brasil”.
Para o Galo, a PBH usou “o empreendimento e seus apoiadores financeiros para que se resolvesse problemas históricos da região, como o de obras estruturantes viárias, que deveriam ter sido realizadas pelo poder executivo municipal”.
A colaboração entre a Prefeitura do Rio e os clubes da capital fluminense, por exemplo, em nada se assemelha à situação vivida pelo Atlético para a construção da Arena MRV. Segundo o CEO do Alvinegro e do estádio, Bruno Muzzi, “quase 50% do valor da obra (da Arena) foi exigido em contrapartidas”.
A modernização em São Januário
O projeto que ajudará o Vasco a viabilizar a modernização de São Januário
Ainda sem aprovação da cidade, a reforma não pode começar, mas o clube fez um pré-acordo para a venda de um empreendimento na Barra da Tijuca, com valores em torno de R$ 500 milhões. Esse valor será destinado ao projeto de ampliação do estádio, desenvolvido pela WTorre.
Com a modernização do estádio, a capacidade será de 43 mil pessoas. Atualmente, São Januário comporta cerca de 22 mil torcedores.
Construções para Flamengo e Botafogo
Em parceria com o Lyon-FRA, o
Em relação ao Flamengo, seguem vivas as conversas para a construção de um estádio próprio na área do Gasômetro. O terreno, que fica ao lado da Rodoviária Novo Rio, na região central do Rio de Janeiro, é propriedade da Caixa Econômica Federal e, por isso, ainda não foi cedido ao Rubro-Negro. Em junho deste ano, o prefeito Eduardo Paes afirmou que, assim que houver a doação do terreno, a construção do estádio será liberada.
Contrapartidas no futebol paulista
Palmeiras e Corinthians já lidam com o assunto há algum tempo, tendo em vista que jogam em novas arenas há cerca de dez anos. Em 2013, o Timão fechou financiamento de R$ 400 milhões para a construção do estádio próprio, mas viveu problemas no pagamento junto à Caixa Econômica Federal já que não houve comprador do nome da arena e viu o valor inicial sofrer correção de juros.
O clube paulista entrou em acordo com a Caixa em 2022, mas já tinha um acordo também com a Odebrecht, construtora responsável pela obra. O clube usou R$ 420 milhões recebidos dos Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs), dados pela Prefeitura de São Paulo por conta dos benefícios gerados à Zona Leste, onde fica a hoje chamada Neo Quimica Arena.
Ainda na capital paulista, o Palmeiras manteve relação com a WTorre, que investiu R$ 630 milhões em troca da exploração do estádio por 30 anos, entre 2014 e 2044. Clube e empresa dividem as diferentes receitas, que aumentam para o lado do Palmeiras a cada ano, conforme contrato.
O Santos, por sua vez, tem planejamento com a mesma WTorre para a revitalização da Vila Belmiro. As partes estão alinhadas, mas o negócio ainda não é oficial. Ainda será apresentado um Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV) à Prefeitura da cidade.
Membros da prefeitura de Santos já afirmaram a necessidade e importância do EIV. Destacaram também as contrapartidas que deverão ser exigidas na região do estádio, o que será alvo de consulta pública e audiência na cidade.
Arena da NFL terá apoio do poder público
Um dos casos recentes e de destaque fora do Brasil é do Buffalo Bills, time de futebol americano da NFL. Em 2022, a franquia anunciou acordo com os governos de Nova York e do condado de Erie para a construção de um novo estádio, com preço estimado em US$ 1,4 bilhão. O contrato de concessão será de 30 anos e inauguração está prevista para 2026.
Serão 600 milhões de dólares do Estado de Nova York, como informado pela governadora. O condado de Erie contribui com US$ 250 milhões, enquanto a NFL e os Bills comprometerão US$ 550 milhões em financiamento.
Antes do projeto do novo estádio do Buffalo Bills, o Las Vegas Raiders passou por situação parecida. A franquia se mudou para a nova cidade em 2020, e somado a isso, foi construído o Allegiant Stadium, que custou US$ 1,97 bilhão e recebeu quase metade desse valor de fundos públicos.