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Arena MRV: contrapartidas foram maiores que de estádios de Brasil e EUA; veja comparativo

Novo estádio do Atlético passou por situações diferentes de clubes de São Paulo, Rio de Janeiro e até equipes da NFL

Arena MRV foi alvo de contrapartidas não exigidas para outras arenas do futebol brasileiro

Clubes de futebol do Rio de Janeiro vêm recebendo apoio da Prefeitura no que diz respeito à construção de novos espaços na cidade, como centros de treinamento e até estádios, o que não aconteceu com o Atlético para a construção da Arena MRV. Um dos casos mais recentes e chamativos é de São Januário, a casa do Vasco, que já tem um projeto de modernização alinhado com o prefeito Eduardo Paes (PSD).

Ainda no Rio de Janeiro, Flamengo e Fluminense estão em acordo para uso do Maracanã, enquanto o Botafogo tem projeto para construir um novo CT na cidade. Em São Paulo, Palmeiras e Corinthians se adequaram para construção e modernização das suas arenas; e o Santos caminha para iniciar obras de revitalização na Vila Belmiro.

A realidade para a mais nova arena do futebol brasileiro acabou indo por outro lado. Enquanto clubes de outras cidades foram apoiadas pela gestão pública, a prefeitura de Belo Horizonte agiu na contramão para a construção da Arena MRV, a nova casa do Atlético.

A situação envolvendo o novo estádio implicou diversas cobranças de contrapartidas para liberação das obras cujo valor estipulado era de R$250 milhões.

A questão da nova casa do Galo foi alvo até mesmo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A intitulada “CPI do Abuso de Poder”, que apurava se as contrapartidas exigidas foram impostas pela gestão de Alexandre Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte, para prejudicar o andamento das obras. O relatório final da CPI foi aprovado em julho.

O clube chegou a se manifestar sobre as exigências feitas pela PBH durante a gestão de Kalil, em 2022. Segundo o Atlético, as mais de 100 contrapartidas exigidas pela PBH tinham “valores exorbitantes e completamente desproporcionais em relação a qualquer outra arena erguida no Brasil”.

Para o Galo, a PBH usou “o empreendimento e seus apoiadores financeiros para que se resolvesse problemas históricos da região, como o de obras estruturantes viárias, que deveriam ter sido realizadas pelo poder executivo municipal”.

A colaboração entre a Prefeitura do Rio e os clubes da capital fluminense, por exemplo, em nada se assemelha à situação vivida pelo Atlético para a construção da Arena MRV. Segundo o CEO do Alvinegro e do estádio, Bruno Muzzi, “quase 50% do valor da obra (da Arena) foi exigido em contrapartidas”.

A modernização em São Januário

O projeto que ajudará o Vasco a viabilizar a modernização de São Januário foi alinhado com o prefeito Eduardo Paes (PSD). O documento será enviado em breve para votação na Câmara dos Vereadores do município.

Ainda sem aprovação da cidade, a reforma não pode começar, mas o clube fez um pré-acordo para a venda de um empreendimento na Barra da Tijuca, com valores em torno de R$ 500 milhões. Esse valor será destinado ao projeto de ampliação do estádio, desenvolvido pela WTorre.

Com a modernização do estádio, a capacidade será de 43 mil pessoas. Atualmente, São Januário comporta cerca de 22 mil torcedores.

Construções para Flamengo e Botafogo

Em parceria com o Lyon-FRA, o Botafogo tem um projeto para o novo centro de treinamento (CT), com uma estrutura de 19 campos para as divisões de base e elenco profissional. O novo CT ficará no Recreio, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O terreno será doado ao clube assim que a Prefeitura do Rio de Janeiro estiver em posse do terreno.

Em relação ao Flamengo, seguem vivas as conversas para a construção de um estádio próprio na área do Gasômetro. O terreno, que fica ao lado da Rodoviária Novo Rio, na região central do Rio de Janeiro, é propriedade da Caixa Econômica Federal e, por isso, ainda não foi cedido ao Rubro-Negro. Em junho deste ano, o prefeito Eduardo Paes afirmou que, assim que houver a doação do terreno, a construção do estádio será liberada.

Contrapartidas no futebol paulista

Palmeiras e Corinthians já lidam com o assunto há algum tempo, tendo em vista que jogam em novas arenas há cerca de dez anos. Em 2013, o Timão fechou financiamento de R$ 400 milhões para a construção do estádio próprio, mas viveu problemas no pagamento junto à Caixa Econômica Federal já que não houve comprador do nome da arena e viu o valor inicial sofrer correção de juros.

O clube paulista entrou em acordo com a Caixa em 2022, mas já tinha um acordo também com a Odebrecht, construtora responsável pela obra. O clube usou R$ 420 milhões recebidos dos Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs), dados pela Prefeitura de São Paulo por conta dos benefícios gerados à Zona Leste, onde fica a hoje chamada Neo Quimica Arena.

Ainda na capital paulista, o Palmeiras manteve relação com a WTorre, que investiu R$ 630 milhões em troca da exploração do estádio por 30 anos, entre 2014 e 2044. Clube e empresa dividem as diferentes receitas, que aumentam para o lado do Palmeiras a cada ano, conforme contrato.

O Santos, por sua vez, tem planejamento com a mesma WTorre para a revitalização da Vila Belmiro. As partes estão alinhadas, mas o negócio ainda não é oficial. Ainda será apresentado um Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV) à Prefeitura da cidade.

Membros da prefeitura de Santos já afirmaram a necessidade e importância do EIV. Destacaram também as contrapartidas que deverão ser exigidas na região do estádio, o que será alvo de consulta pública e audiência na cidade.

Arena da NFL terá apoio do poder público

Um dos casos recentes e de destaque fora do Brasil é do Buffalo Bills, time de futebol americano da NFL. Em 2022, a franquia anunciou acordo com os governos de Nova York e do condado de Erie para a construção de um novo estádio, com preço estimado em US$ 1,4 bilhão. O contrato de concessão será de 30 anos e inauguração está prevista para 2026.

Serão 600 milhões de dólares do Estado de Nova York, como informado pela governadora. O condado de Erie contribui com US$ 250 milhões, enquanto a NFL e os Bills comprometerão US$ 550 milhões em financiamento.

Antes do projeto do novo estádio do Buffalo Bills, o Las Vegas Raiders passou por situação parecida. A franquia se mudou para a nova cidade em 2020, e somado a isso, foi construído o Allegiant Stadium, que custou US$ 1,97 bilhão e recebeu quase metade desse valor de fundos públicos.

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