Uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) debateu, nesta quinta-feira (29), a possível criação de um setor sem cadeiras no Mineirão. A proposta inicial prevê a retirada do Setor Amarelo — ainda em análise se será na parte inferior, superior ou em ambas — com o objetivo de permitir que os torcedores assistam aos jogos em pé, como ocorria antigamente.
A medida tem como motivações principais resgatar a cultura das arquibancadas em pé, criar um espaço com ingressos mais acessíveis e, potencialmente, ampliar a capacidade do estádio, já que as cadeiras exigem espaçamento mínimo entre elas conforme as normas de segurança.
O requerimento da audiência é do deputado estadual Professor Cleiton (PV), e participam também os deputados Eduardo Azevedo, Coronel Henrique e Bruno Engler, do PL; o diretor de Marketing do Cruzeiro, Marcone Barbosa; representantes da Minas Arena, responsável pela administração do Mineirão; integrantes do governo estadual e torcedores do Cruzeiro.
Entre os argumentos apresentados na audiência está o de que, na prática, muitos torcedores já assistem aos jogos em pé, mesmo com cadeiras instaladas. Além disso, a proposta é vista como uma forma de incentivar maior interação e confraternização entre os torcedores e o aumento da segurança.
Por outro lado, foi ressaltado que a criação de um setor sem cadeiras não implica necessariamente em ingressos mais baratos, pois os valores dependem da política de preços adotada pelo clube mandante da partida.
Vale lembrar que o Mineirão contava com o setor de “geral” — espaço tradicional sem cadeiras e com preços populares — até 2010, quando o estádio foi fechado para reformas. Desde então, todos os setores possuem cadeiras fixas. O Setor Amarelo, onde a mudança está sendo proposta, fica atrás de um dos gols e é acessado pelo portão C.
O que pensa o Cruzeiro?
Pelo lado do Cruzeiro, o diretor de Marketing Marcone Barbosa disse que o clube não se opõe a uma eventual retirada, afirmando que a medida estaria condicionada às questões operacionais envolvendo acessibilidade, rotas de fuga, entre outras.
“O estádio tem 8 setores hoje, 4 no anel inferior e 4 no anel superior. 8 espaços que podem abrigar todo tipo de público. Não tem nenhum motivo para que a gente não possa trabalhar um espaço específico para o torcedor que quer assistir ao jogo de pé e fazer uma festa mais efusiva”, disse.
Segundo Marcone, a ideia da retirada das cadeiras do Setor Amarelo é apoiada também pelo dono da SAF do Cruzeiro, Pedro Lourenço. O diretor prometeu, por fim, analisar as normas de segurança e os custos operacionais para realizar a retirada.
Representado na reunião pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Parcerias, o governo de Minas afirmou que está aberto a analisar as eventuais mudanças. No entanto, a decisão final dependerá de estudos técnicos e a análise de eventuais mudanças no contrato.
O que diz a Minas Arena?
A Minas Arena, representada pela diretora Jacqueline Alves, apresentou, na audiência, um estudo sobre eventuais impactos da medida e disse que o principal ponto da retirada das cadeiras é a segurança dos torcedores.
O estudo apresentado avaliou a condição da arquibancada e eventuais medidas de segurança adicionais que deveriam ser adotadas, como a instalação de barras e adaptações de rotas de fuga, catracas, direcionamentos sanitários, entre outros.
As mudanças precisariam do aval de órgãos de segurança, como Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, e da emissão de novos laudos.
Atualmente, a concessionária afirma que já realiza os levantamentos financeiros necessários para que a medida entre em vigor antes da Copa do Mundo Feminina de 2027.