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Clássico meio a meio resiste no Brasil, mas é cada vez mais raro; veja levantamento

Principal clássico de Minas Gerais, Atlético x Cruzeiro já viveu essa realidade, contou com torcida visitante em minoria e agora terá somente mandantes

Mineirão, principal palco do futebol de Minas Gerais, recebeu último clássico entre Atlético e Cruzeiro com torcida dividida em 2022, na final do Campeonato Mineiro

Um acordo entre Atlético e Cruzeiro, divulgado na última segunda-feira (29) pelos clubes, definiu que o principal clássico de Minas Gerais contará somente com torcida única pelo menos até o fim de 2025. Fora em ocasiões pontuais, o fato é novidade no confronto histórico, que já contou com torcida visitante em minoria e, até o início dos anos 2010, geralmente com o estádio meio a meio.

O clássico com torcidas em meio a meio, inclusive, é algo que resiste no Brasil. De acordo com levantamento feito pela Itatiaia, levando em consideração os principais clássicos de 11 estados do Brasil. Somente em três praças o clássico assim segue: no Pará, no Ceará e no Rio de Janeiro, sendo que neste último isso é uma realidade mais viável para jogos do Campeonato Carioca.

Belém, capital paraense, inclusive se prepara para o clássico entre Paysandu e Remo. Os times vão duelar no RePa pela quinta rodada do Campeonato Paraense, às 17h (de Brasília) de domingo (4), em um Mangueirão dividido com as duas torcidas.

No Ceará, o Clássico-Rei entre Fortaleza e Ceará foi com torcida dividida em 2023 e assim deve seguir para esta temporada. CEO do Fortaleza, Marcelo Paz disse, à Itatiaia, que essa é a oportunidade de uma festa dos torcedores para a partida, geralmente disputada no Castelão.

“Acho que a essência do futebol são as duas torcidas. O clássico aqui no nosso estado é algo muito bonito de se ver, as torcida vibrando de lado a lado, fazendo duelo de músicas, de mosaico, de quem traz mais gente. Isso é a essência do futebol, é onde a gente foi criado, onde a gente cresceu, e torço e trabalho para que o futebol, os clássicos, sempre possam ter duas torcidas”, afirmou.

“Não estou aqui fazendo qualquer crítica a qualquer realidade de cada estado, aí são questões locais. Bem verdade que a violência hoje no futebol atrapalha um pouco que isso aconteça. Mas enquanto puder trabalhar, ter relação harmônica com diretoria do nosso rival para que a gente possa promover ambiente de paz nos estádios e que sejam ambiente de a torcida estar vibrando, a gente vai trabalhar. Espero que a gente continue assim no nosso estado”, completou.

À reportagem, João Paulo Silva também ratificou a importância do Castelão meio a meio em clássicos. “Sem dúvida nenhuma que o Clássico-Rei fica ainda mais relevante e empolgante com as duas torcidas no estádio. Juntamente com o poder público, nós, enquanto clubes, temos o dever de conscientizar os nossos torcedores para que os confrontos se limitem ao campo de jogo”, disse.

“Arquibancadas e o entorno dos nossos estádios devem ser locais de total segurança para as nossas famílias. A violência deve ser reprimida com devida punição aos envolvidos. Só assim, teremos um espetáculo condizente com a importância histórica dos Clássicos-Rei”, completou.

Também no domingo, mas às 19h, a bola vai rolar no Maracanã dividido entre flamenguistas e vascaínos para o clássico entre Vasco e Flamengo, pela sexta rodada do Campeonato Carioca. No Rio, há definições relativas a cada situação.

Torcida única: BA, GO, MG, RN e SP

Atlético e Cruzeiro vão se enfrentar no sábado (3), às 19h30, na Arena MRV, estádio atleticano em Belo Horizonte, pela terceira rodada do Campeonato Mineiro, neste novo cenário estabelecido de torcida única. Ainda de acordo com o levantamento da Itatiaia, o principal clássico de Minas Gerais se junta a outros estados, como Rio Grande do Norte, Goiás, Bahia e São Paulo.

Em São Paulo, por exemplo, todos os jogos que envolvam dois times de um grupo formado por Corinthians, Guarani, Palmeiras, Ponte Preta, Santos e São Paulo têm torcida única. Uma exceção ocorrerá no domingo, às 16h, quando Palmeiras e São Paulo vão se enfrentar em Choque-Rei no Mineirão, em BH, com torcida meio a meio pela final da Supercopa do Brasil.

O cenário de torcida única é o mesmo para qualquer Bahia x Vitória, o BaVi; o trio Goiás, Atlético-GO e Vila Nova-GO; e também América-RN x ABC.

Torcida 90/10: AL, PR, RJ, RS e SC

A torcida com maioria mandante e minoria visitante, de até 10%, segue como realidade em principais clássicos de quatro estados. No Paraná, o AthleTiba, duelo entre Athletico-PR e Coritiba, voltou a contar com visitantes depois de anos com torcida única.

Maior clássico de Alagoas, o duelo entre CSA e CRB segue o mesmo modelo, assim como alguns clássicos do Rio em jogos de torneios nacionais, como Flamengo x Botafogo, Vasco x Botafogo, Botafogo x Fluminense e Vasco x Fluminense.

Em Santa Catarina, no clássico de Florianópolis entre Avaí e Figueirense também conta com esse esquema. Contudo, ele pode estar com os dias contados, já que em 2023, após brigas de torcidas, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) recomendou a torcida única nestes duelos.

Maior clássico do Rio Grande do Sul, o duelo entre Grêmio e Internacional conta com um acordo entre os clubes de Porto Alegre. Os visitantes em qualquer Gre-Nal tem dois mil ingressos disponíveis. Tanto na Arena do Grêmio quanto no Beira-Rio, já houve torcida mista em clássicos, mas ela não é praticada desde 2020.

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Brenno Costa é jornalista multimídia formado pela Universidade Católica de Pernambuco e pós-graduado em comunicação e marketing pela Estácio. Atualmente, é correspondente da Itatiaia em São Paulo. Antes, trabalhou na Folha de Pernambuco, Diario de Pernambuco/Superesportes e no Globo Esporte.
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Responsável por acompanhar o dia a dia de Corinthians e Santos pela Itatiaia Esporte. Passagem também como repórter do portal Meu Timão
Formado em jornalismo pela PUC-Campinas em 2000, trabalhou como repórter e editor no Diário Lance, como repórter no GE.com, Jornal da Tarde (Estadão), Portal IG, como repórter e colunista (Painel FC) na Folha de S. Paulo e manteve uma coluna no portal UOL. Cobriu in loco três Copas do Mundo, quatro Copas América, uma Olimpíada, Pan-Americano, Copa das Confederações, Mundial de Clubes, Eliminatórias e finais de diversos campeonatos.
Jornalista e correspondente da Itatiaia no Rio de Janeiro. Apaixonado por esportes, pela arquibancada e contra torcida única.
Matheus Muratori é jornalista multimídia com experiência em muitas editorias, mas ama a área esportiva. Faz cobertura de futebol, basquete, vôlei, esportes americanos, olímpicos e e-sports. Tem experiência em jornal impresso, portais de notícias, blogs, redes sociais, vídeos e podcasts.
Gaúcha de Porto Alegre, Mauri Dorneles é formada em Jornalismo pela PUC-RS e trabalha como correspondente do portal Itatiaia Esporte no Sul do Brasil. Também cursou Cinema. Antes da Itatiaia, passou por Correio do Povo, Record RS, Rádio Grenal, RBS TV e Band.
Nuno Krause é chefe de reportagem do portal Itatiaia Esporte. Antes, foi correspondente da Itatiaia no Nordeste. Formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), acumula passagens por Bahia Notícias, Jornal A TARDE e Rádio Salvador FM.