Enviados especiais a Doha - A pandemia de Covid-19 fez com que a Fifa aumentasse para 26 o número de jogadores de cada seleção na Copa do Catar. E as ações de Tite, que utilizou essas três vagas a mais em relação aos Mundiais passados para convocar atacantes, foram nove os chamados, somada ao time extremamente ofensivo da estreia, deixaram no ar a expectativa de um Brasil avassalador, o que ainda não aconteceu. Muito pelo contrário, o número de bolas nas redes adversárias na fase de grupos foi o mais baixo desde que o torneio passou a contar com 32 equipes, em 1998, na França.
A Seleção marcou apenas três gols nas partidas contra Sérvia (2 a 0), Suíça (1 a 0) e Camarões (0 a 1), o que dá a média de um por jogo. Os piores desempenhos tinham sido registrados em 2010, na África do Sul, e 2018, na Rússia, esta última Copa já com Tite comandando a equipe canarinho. Nesses dois Mundiais, o Brasil marcou cinco vezes nos confrontos da fase de grupos, média de 1,67.
Goleadas
O melhor desempenho ofensivo do Brasil na fase de grupos, a partir de 1998, foi em 2002, ano do penta, quando o time de Felipão balançou a rede adversária 11 vezes, média de 3,67. Naquele Mundial, só o centroavante Ronaldo, pivô de polêmica com jogadores da Seleção aqui no Catar por causa da carne com ouro, marcou quatro gols, mais do que todo o time de Tite no Grupo G desta Copa. Rivaldo, que era o parceiro do Fenômeno, fez mais três, totalizando sete tentos da dupla de ataque.
Em 2006 e 2014 também os atacantes marcaram mais gols na fase de grupos que o time de Tite. Na Alemanha, das sete bolas na rede, duas foram de Ronaldo, uma de Adriano e outra de Fred. No Brasil, em 2014, Neymar marcou quatro vezes, e Fred mais uma.
Nessas duas Copas do Mundo, 2006 e 2014, a Seleção Brasileira com os sete gols marcados nos três primeiros jogos teve média de 2,33 por partida.
Em 1998, foram seis os gols brasileiros na fase de grupos, sendo três deles de atacantes, com Bebeto marcando duas vezes, e Ronaldo, uma. A média foi de duas bolas na rede por jogo.
Geral
Nas 22 edições de Copas em que o Brasil esteve presente, contando a atual do Catar, é a 18ª vez que na primeira fase a Seleção encara um grupo com outras três equipes.
E somente em 1978, na Argentina, o desempenho ofensivo foi pior que o atual, pois o time comandado por Cláudio Coutinho marcou apenas dois gols no Grupo C, empatando com a Suécia (1 a 1) e Espanha (0 a 0) e vencendo apenas a Áustria (1 a 0). Mesmo assim, as duas bolas na rede foram de centroavantes, com Reinaldo marcando diante dos suecos, e Roberto Dinamite contra os austríacos.
Em 1974, na Alemanha, o Brasil fez os mesmos três gols de agora, sendo dois de atacantes, Jairzinho e Valdomiro. Após empates por 0 a 0 contra Iugoslávia e Escócia, a classificação foi garantida com um salvador 3 a 0 diante do Zaire, que abriu a trajetória de 100% diante de seleções africanas em Copas, marca perdida pelo time de Tite na última sexta-feira (2), com a derrota de 1 a 0 para Camarões no fechamento do Grupo G.
Esse desempenho ofensivo ruim em 1974 e 1978 não é coincidência. O futebol brasileiro viveu um processo de busca pela chamada polivalência, com viés defensivo mesmo, com valorização da força física, tanto que Chicão foi levado à Argentina e Falcão ficou de fora da lista de Cláudio Coutinho.
No período antes de 1998, quando a Copa do Mundo passou a ter 32 seleções, o que diminui o nível técnico dos grupos da primeira fase, o maior número de gols marcados pelo Brasil nas três primeiras partidas foram os dez de 1982, na Espanha.
No Catar, quando a Seleção tem o maior número de atacantes na sua história em uma Copa, os dois gols de Richarlison na estreia diante da Sérvia, encerrando o jejum da camisa 9 no torneio, trouxe esperança, mas o bom desempenho ofensivo do time de Tite parou por aí.
Confira os gols do Brasil na fase de grupos com quatro seleções:
1950 – 8
1958 – 5
1962 – 4
1966 – 4
1970 – 8
1974 – 3
1978 – 2
1982 – 10
1986 – 5
1990 – 4
1994 – 6
1998 – 6
2002 – 11
2006 – 7
2010 – 5
2014 – 7
2018 – 5
2022 – 3