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O maior de todos tem 13 letras: Zagallo é uma marca da seleção

Ex-jogador, treinador e coordenador técnico morreu nesta sexta-feira, no Rio, aos 92 anos

Zagallo e Ronaldo Fenômeno em junho de 1997; fotografia tirada na França

O maior de todos tem 13 letras. E resume bem o que representa Mário Jorge Lobo Zagallo, que morreu na noite desta sexta-feira (5), no Rio de Janeiro, aos 92 anos, na história da Seleção Brasileira.

Pelé é a maior estrela, Cafu quem mais vestiu a camisa, Neymar o maior goleador. Mas o maior nome é Zagallo.

E isso foi construído por uma trajetória de quase meio século defendendo a amarelinha, como gostava de chamar a camisa do Brasil, como jogador, treinador ou coordenador técnico.

Em 4 de maio de 1958, pouco antes da Copa do Mundo da Suécia, ele estreou na Seleção numa goleada de 5 a 1 sobre o Paraguai.

E teve início a trajetória de um predestinado, como revela o pesquisador Ivan Soter no livro “Todos os jogos do Brasil”, publicado em 2006, pela Editora Abril.

“O jogo com o Paraguai era o primeiro grande ensaio para Feola. Na lista de cortes um jogador era quase certo: Zagallo.Estava em nítida inferioridade em relação a Pepe e Canhoteiro. Muitos nem entendiam como tinha sido convocado. Foi escalado apenas porque a base do time era carioca naquele dia. Mas Zagallo agarrou com tudo a oportunidade que aparecera apenas porque o escrete seria de base carioca. E ninguém mais lhe tomaria a posição. Pepe e Canhoteiro, principalmente este, tinham as suas viúvas, que falam mal de Zagallo até hoje. Mas aquele Zagallo, que conseguiu contra tudo - e contra quase todos – o seu lugar na Seleção, levou esse espírito através dos tempos”.

Nada resume melhor a trajetória de Zagallo na Seleção do que esse parágrafo. O amor à Seleção Brasileira fez dele bicampeão do mundo, em 1958, na Suécia, e 1962, no Chile, como jogador. Em 1970, comandou a equipe que chegou ao tri, no México. Depois de 24 anos era o coordenador técnico do time tetracampeão nos Estados Unidos.

Em 1998, novamente como treinador, chegou pela quinta vez a uma final de Mundial, mas sua equipe foi derrotada pela França. Ficou de fora apenas do penta, em 2002, na Coreia do Sul e Japão. Mas naquele ano dirigiu a Seleção.

Em 20 de novembro de 2002, já sem Luiz Felipe Scolari, que deixou o comando do Brasil após o penta, e ainda sem seu substituto, a CBF homenageou Zagallo num amistoso contra a Coreia do Sul, em Seul. E com dois gols de Ronaldo e um de Ronaldinho Gaúcho, o time venceu por 3 a 2, de virada.

Logo depois ele voltou a integrar a comissão técnica de Carlos Alberto Parreira, que voltou à Seleção para o ciclo da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha.

Segundo os números de Antônio Carlos Napoleão, pesquisador da CBF, são 263 partidas da Seleção Principal ou Olímpica com Zagallo em campo ou na beirada dele, comandando o time ou como coordenador técnico.

Mas muito mais do que de números, a história na Seleção Brasileira desse alagoano, que nasceu em 9 de agosto de 1931, em Maceió, foi construída com amor.

OS NÚMEROS E TÍTULOS DE ZAGALLO NA SELEÇÃO SEGUNDO A CBF

ZAGALO

Mário Jorge Lobo Zagalo.

Data de Nascimento: 09.08.1931, Maceió (AL).

NÚMEROS COMO JOGADOR:

Seleção Principal: 36 jogos, 29 vitórias, 4 empates, 3 derrotas, 6 gols.

Copa do Mundo Disputadas: 1958, 1962.

Primeiro jogo: 04.05.1958 BRASIL 5:1 PARAGUAI

Último Jogo: 07.06.1964 BRASIL 4:1 PORTUGAL

Títulos: Copa do Mundo (1958, 1962); Taça Bernardo O’Higgins (1959, 1961); Taça do Atlântico (1960); Copa Roca (1963); Taça Oswaldo Cruz (1958, 1961, 1962).

NÚMEROS COMO TREINADOR

Estreia: 19.09.1967 BRASIL 1:0 CHILE

Último jogo: 12.07.1998 BRASIL 0:3 FRANÇA

PELA SELEÇÃO PRINCIPAL:

131 jogos: (1967; 1968; 1970 – 1974; 1994 - 1998) - 97 vitórias, 25 empates e 9 derrotas.

PELA SELEÇÃO OLÍMPICA: 23 jogos: (1996) - 17 vitórias, 3 empates e 3 derrotas.

Títulos como treinador:

Copa do Mundo (1970); Copa Roca (1971); Taça Independência (1972); Copa Stanley Rous/Umbro (1995); Pré-Olímpico (1996); Copa América (1997); Copa das Confederações da FIFA (1997).

NÚMEROS COORDENADOR-TÉCNICO:

96 jogos: (1991 – 1994; 2003 - 2006) - 53 vitórias, 32 empates e 11 derrotas.

Títulos como coordenador técnico:

Copa do Mundo (1994), Copa das Confederações (2005)

Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro