Ouvindo...

Libra: sozinho, Flamengo receberia valor próximo a Atlético e Cruzeiro, juntos

Proposta de repasse de receitas para liga do futebol brasileiro quer “diminui o gap financeiro entre os clubes no cenário nacional”

Libra apresentou proposta para divisão de receitas após criação de liga do futebol brasileiro

A Liga do Futebol Brasileiro (Libra) divulgou proposta para a criação de uma liga de clubes nesta terça-feira (21). A organização, que faria gestão do Campeonato Brasileiro, tem como um dos pontos-chave a divisão de receitas, considerando performance e audiência de cada clube. Juntos, Atlético e Cruzeiro receberiam cerca de R$ 15 milhões a mais que o Flamengo - primeiro da lista.

Dentro da proposta, a Libra simula a divisão de receitas dos clubes da Série A e coloca Flamengo e Corinthians no topo da tabela – mantendo a ideia de preservar os repasses na transição do atual formato para o proposto. O cálculo se baseou “na audiência alcançada por cada clube em 2021, aplicado de maneira hipotética como posição na tabela de classificação”.

Em primeiro na lista, o Rubro-Negro carioca receberia R$ 398,2 milhões. O time mineiro mais bem colocado seria o Atlético, em 9º, com receita de R$ 215,3 milhões. Em 11º, está o Cruzeiro, com R$ 198,3 milhões; e em 15º vem o América, recebendo R$ 154,8 milhões. Somados, Galo e Raposa teriam receita de R$ 413,6 milhões – “apenas” R$ 15,4 milhões a mais que o Flamengo.

Isso se dá pela ideia de manter a proporção de repasses ao Rubro-Negro e ao Timão. Ainda, é estabelecida a diferença de 3,34 vezes na comparação entre o maior e o menor repasse.

Como foi estabelecida a proposta de repasses da Libra?

O modelo foi elaborado pela Codajas Sports Kapital e pelo BTG Pactual, que fazem a consultoria técnica e cuidam da captação de investidores. Em síntese, a proposta é de que as receitas da liga sejam divididas em três partes: 45% de forma igualitária, 30% pela performance das equipes e 25% de acordo com a audiência.

Atualmente, os clubes da Séria A dividem 29,7% das receitas do campeonato de forma igualitária, 22,2% de acordo com a colocação e 48,1% a partir da audiência. Para que o impacto não seja tão grande, o modelo apresentado pela Libra considera um período de transição numa divisão 40/30/30, que considera ainda um cálculo a partir da receita total.

Outra diferença está na distribuição das receitas a partir da performance de cada equipe. Hoje, a CBF divide o bolo considerando a posição de cada clube do 1º ao 16º colocados dentro da competição. A Libra quer que esse rateio considere as três últimas temporadas, em uma divisão que dê 34% para o desempenho na temporada vigente, 33% para a performance no ano anterior e outros 33% referentes à colocação de dois anos atrás.

A Libra também quer resguardar os repasses de Flamengo e Corinthians, caso a receita auferida pela liga fique abaixo do previsto - não em termos absolutos, mas proporcionais.

Para isso, foi criada uma “cláusula de estabilidade” em que os dois clubes teriam, nos primeiros cinco anos, a garantia de manterem o mesmo porcentual de receitas que detiveram no ano de 2022, considerando a atualização pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Se a receita superar o prevista, os dois clubes teriam a garantia de receber pelo menos o mesmo valor do ano passado.

A Série B, por sua vez, teria assegurada um repasse anual de 15% das receitas da liga. O porcentual é maior do que o repassado atualmente (9,5%) e supera o da liga espanhola (10%) e a Premier League (12%).

A Libra é formada atualmente por 18 clubes das Séries A e B. Já a Liga Forte Futebol (LFF) reúne outros 26. Apesar de ambos trabalharem pela organização de uma liga para organizar o Campeonato Brasileiro, os dois grupos têm divergências em relação ao rateio das receitas.

Jornalista formado na PUC Minas. Experiência com reportagens, apresentação e edição de texto em televisão, rádio e web. Vivência em editorias de Cidades e Esportes.
Acompanhe as últimas notícias produzidas pelo Estadão Conteúdo, publicadas na Itatiaia.