O Governo de Minas Gerais anunciou, nesta terça-feira (24), que vai instalar um comitê com a participação de Minas Arena, América, Atlético, Cruzeiro e federações para tratar da crise envolvendo o Mineirão e os clubes da capital. Segundo o secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Fernando Marcato, o grupo tem por objetivo “acionar os mecanismos contratuais existentes para que seja garantido o que o contrato prevê, que é a função social, esportiva e de lazer do contrato”. A primeira reunião do comitê deve acontecer no prazo de 15 dias.
“A cláusula cinco do anexo oito prevê a instalação do Comitê de Esporte, Cultura e Lazer. Esse comitê é formado por dois membros do Governo do Estado, pela Minas Arena, pelos presidentes do Atlético, Cruzeiro e América, pela Fifa, CBF e FMF, além de um representante da sociedade civil. A informação de que nenhum dos grandes times da capital vai jogar no Mineirão esse ano fez com que nós tomássemos uma medida como Governo do Estado, no sentido de acionar os mecanismos contratuais existentes para que seja garantido o que o contrato previu, que é a função social, esportiva e de lazer do contrato”, anunciou Marcato em coletiva de imprensa.
Ainda segundo o secretário de Estado, a Minas Arena terá de apresentar um calendário de 12 meses, e os representantes do comitê vão fazer os questionamentos que acreditarem ser necessários e dizer quais datas vão precisar.
“Do ponto de vista prático, a Minas Arena tem que apresentar o calendário dos próximos 12 meses. Os representantes do comitê vão fazer os questionamentos e dizer quais datas vão precisar, e a concessionária tem a obrigação de explicar por escrito porque a determinada não é factível. Não acionamos esse comitê antes porque acreditávamos que era possível resolver as questões, mas como não é o caso, este é o melhor caminho, pois aí tem o âmbito público, com atas divulgadas, com a participação dos clubes e das federações”, afirmou.
Marcato, no entanto, admitiu que as decisões sobre as datas de eventos e jogos no Mineirão não serão decididas pelo comitê, mas que o grupo poderá questionar a Minas Arena sobre a montagem do seu calendário anual.
“O texto não diz que o comitê decide e pronto, mas ele diz que a Minas Arena tem que prestar os esclarecimentos e apresentar as justificativas. Não adianta dizer que não quer ou não pode. Normalmente, espera-se um ambiente colaborativo. É a primeira medida que temos que tomar. Se essa situação persistir, temos que avaliar no contrato se dá para fazer mais alguma coisa dentro do limite do Estado. Mas a nossa expectativa é de que, com a criação do comitê, esses problemas sejam reduzidos consideravelmente”, disse.
O secretário garantiu ainda que, apesar de ter reservas em relação ao contrato do Estado com a Minas Arena, o Governo de Minas não tem qualquer intenção de encerrar a ligação com a administradora do Mineirão e está apenas acionando cláusulas já previstas no contrato.
“Eu já manifestei algumas reservas que tenho em relação a esse contrato. Ainda que a gente não concorde com todas as cláusulas, temos como premissa básica o cumprimento de contrato. Não rasgamos contrato. Diante dessa situação que se colocou, esse impasse, fomos ao contrato e estamos acionando as cláusulas nele previstas” disse.
Na coletiva de imprensa desta terça-feira (24), Marcato afirmou ainda que já entrou em contato com os clubes para a criação do comitê. “Já conversamos com o presidente do Atlético, Sérgio Coelho, com representantes do Cruzeiro e vamos falar com representantes do América agora. Vou enviar os ofícios para que cada clube indique seus representantes e possamos ativar esse comitê, que vai deliberar em relação ao cronograma de jogos e eventos, com o intuito de diminuir esse desgaste, e para que o Mineirão não pare de receber jogos de futebol, que é sua vocação principal”.
A conturbada relação entre Minas Arena e os clubes da capital ganhou um novo capítulo na segunda-feira (23), quando Ronaldo, dono da SAF do Cruzeiro, anunciou o rompimento com a concessionária e anunciou que o clube estrelado jogaria no Independência em 2023. Nesta terça (24), o Atlético também se manifestou a respeito, com o presidente Sérgio Coelho criticando a relação com a gestora do Gigante da Pampulha.