Ouvindo...

Comunidade indígena faz ritual para abençoar ‘Ainda Estou Aqui’ no Oscar

A aldeia Inhaã-bé, na zona rural de Manaus, organizou um ‘Ritual da Vitória’ para atrair boas vibrações para o filme brasileiro na premiação

Indígenas fizeram ritual para o filme

Indígenas de Manaus fizeram um ritual para abençoar o filme ‘Ainda Estou Aqui’, de Walter Salles, que concorre em três categorias do Oscar, na noite neste domingo (2). Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, se tornou defensora dos direitos dos povos indígenas. O evento, realizado no Cinealdeia, na zona rural de Manaus, contou com benção, cantos e dança de guerra, e defumação.

O ritual representa uma forma de retribuir o ativismo de Eunice em defesa da demarcação de terras indígenas. O filme é uma adaptação do livro de Marcelo Rubens Paiva e concorre nas categorias de ‘Melhor Filme Internacional’ e ‘Melhor Filme’. Além disso, a protagonista tenta a estatueta dourada de ‘Melhor Atriz’.

"É, nós povos indígenas, a gente tá retribuindo, né, o que ela fez por nós em vida, que foi é fazer ativismo por conta da demarcação de terra, tá somando, né, no movimento indígena junto com grandes lideranças que nem o Juaní, que ela esteve presente, né, em vários atos, é, ajudando os povos originários para lutar na questão de de marcação de terra”, relatou um dos indígenas que participou da cerimônia.

Quem era Eunice Paiva?

Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva nasceu em 1929 em São Paulo. Ela se casou com Rubens Paiva em 1952 e o casal teve cinco filhos: Marcelo Rubens Paiva, Vera Paiva (Veroca), Maria Eliana Facciolla Paiva (Eliana), Ana Lucia Facciolla Paiva (Nalu), Maria Beatriz Facciolla Paiva (Babiu).

Eunice se formou em direito aos 47 anos pela Universidade Mackenzie, em São Paulo. A advogada se tornou especialista em direito indígena e foi consultora do governo federal, do Banco Mundial e da ONU.

Uma das principais causas defendidas por Eunice era a demarcação de terras indígenas. Seus estudos e argumentos tiveram uma grande influência na conquista dos direitos indígenas na Constituição de 1988 - que marca a redemocratização do Brasil.

No fim da vida, a advogada sofreu com o Mal de Alzheimer. Ela morreu aos 86 anos no dia 12 de dezembro de 2018.

André Viana é jornalista, formado pela PUC-MG. Já trabalhou como redator e revisor de textos, produtor de pautas e conteúdos para rádio e TV, social media, além de uma temporada no marketing.
Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente, é repórter multimídia no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Antes passou pela TV Alterosa. Escreve, em colaboração com a Itatiaia, nas editorias de entretenimento e variedades.