O apresentador, locutor e jornalista
O médico Nélio Gomes Júnior, que acompanhou Cid durante os últimos 29 dias no hospital, relatou ao programa Encontro, da TV Globo, sobre o quadro de saúde do jornalista nos últimos dias.
Cid faleceu de falência múltipla de órgãos após apresentar complicações de uma ‘peritonite associada à infecção urinária e outras infecções de repetição’. O jornalista estava acamado em função de uma atrofia muscular e tinha dificuldade de locomoção piorada por uma trombose venosa.
Por ser um paciente com idade avançada e com um histórico de comorbidades, sendo submetido a hemodiálise há mais de três anos, o quadro dele foi considerado grave, precisando de cuidados intensivos com uma equipe multidisciplinar.
Apesar dos problemas, Moreira estava lúcido, conversava e contava histórias para toda a equipe médica, além da família e da
Fátima Sampaio e Dr Nélio Gomes no Encontro, da TV Globo
Vida e Carreira
Filho do bibliotecário Isauro Moreira e da dona de casa Elza Moreira, o jornalista iniciou sua carreira no rádio em 1944, após ser descoberto por um amigo que o incentivou a fazer um teste de locução na Rádio Difusora de Taubaté. Nos anos seguintes, entre 1944 e 1949, ele narrou comerciais até se mudar para São Paulo, onde trabalhou na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade.
Cid é irmão do locutor Célio Moreira, que trabalhou na equipe inicial da Globo. Em 1951, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga. Foi lá que, entre 1951 e 1956, começou a ter suas primeiras experiências na televisão, apresentando comerciais ao vivo em programas como “Além da Imaginação” e “Noite de Gala”, na TV Rio.
Sua estreia como locutor de noticiários aconteceu em 1963, no “Jornal de Vanguarda”, da TV Rio, o que marcou o início de sua carreira no jornalismo televisivo. Nos anos seguintes, trabalhou nesse mesmo programa em várias emissoras, como Tupi, Globo, Excelsior e Continental, consolidando sua presença na televisão.
Entrada na TV Globo
Voltou a trabalhar na TV Globo em 1969, para substituir Luís Jatobá no ‘Jornal da Globo’, um noticiário de 15 minutos de duração, que exibia diariamente, às 19h45, um panorama das principais notícias do Brasil e do mundo.
Ao longo de 26 anos, Cid Moreira ocupou diariamente a bancada do ‘Jornal Nacional,’ tornando-se um dos símbolos do telejornal. Em 1996, como consequência de uma reformulação do JN, os antigos apresentadores foram substituídos por jornalistas envolvidos na edição — William Bonner e Lillian Witte Fibe, na época. Posteriormente, no ‘Jornal Nacional’, dedicou-se exclusivamente à leitura de editoriais.
Locuções especiais no Fantástico
Também a partir de 1996, Cid Moreira foi escalado para fazer as locuções de reportagens especiais do ‘Fantástico', programa do qual participou, também, desde a estreia, revezando-se com outros apresentadores, como Sérgio Chapelin e Celso Freitas.
Mais tarde, passou a gravar também os áudios das chamadas e de algumas matérias do programa. Em 1999, narrou o quadro do ilusionista Mr. M, um dos grandes sucessos do Fantástico naquele ano. A voz do locutor ficou de tal forma associada ao quadro que, quando Mr. M esteve no Brasil, no ano seguinte, o próprio Cid Moreira o entrevistou com exclusividade para o ‘Fantástico’.
Paralelamente ao seu trabalho na Globo, Cid Moreira continuou narrando comerciais — sempre em off, por restrições contratuais. A partir de meados da década de 1990, dedicou-se à gravação de salmos bíblicos. Em 2011, cumpriu seu objetivo de gravar a Bíblia na íntegra. Os CDs bíblicos com sua locução se tornaram um grande sucesso, com milhões de cópias vendidas.
Em março de 2010, foi lançado o livro ‘Boa Noite — Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil’, pela editora Prumo. A biografia foi escrita pela mulher do locutor, Fatima Sampaio Moreira, e reúne depoimentos de jornalistas, amigos e parentes de Cid Moreira. Nesse mesmo ano, durante a Copa do Mundo da África do Sul, Cid gravou uma vinheta a ser exibida durante as reportagens do ‘Fantástico’ e de programas esportivos da Rede Globo. A vinheta “Jabulaaani!“, nome da bola da Copa, foi um sucesso.