Qualquer amante de moda que se preze sabe que a primeira segunda-feira de maio marca a realização do MET Gala, um dos eventos mais aguardados entre o calendário fashion. Reconhecido pela extravagância, o baile realizado em Nova York tem cunho beneficente e é responsável por arrecadar fundos para a ala de moda do Metropolitan Museum of Art (MET, daí a sigla).
Na edição realizada na última segunda-feira (6), o baile apresentava a nova exposição com o tema “Sleeping Beauties: Reawakening Fashion” (em tradução livre, Belezas Adormecidas: Despertar da Moda). A exposição que estará disponível entre 10 de maio e 2 de setembro deste ano é apresentar cerca de 250 peças que servem como metáforas “para a fragilidade e a efemeridade da moda”, segundo divulgado pelo museu.
O que é o MET Gala?
O evento foi criado em 1948 pela publicitária Eleanor Lambert, também responsável por lançar a Semana de Moda de Nova Iorque, que liderava a parte beneficente do Costume Institute, ala de moda do MET. Na década de 1970, o evento de gala foi popularizado pela ex-editora-chefe da Vogue, Diana Vreeland, trazendo temas anuais em um formato similar ao atual.
A data do baile do Met, sempre na primeira segunda de maio, foi definida em 1995 pela atual editora-chefe da revista, Anna Wintour - a mesma que teria inspirado Miranda Priestly, de ‘O Diabo Veste Prada’. A jornalista inglesa, chefe da revista de moda há mais de duas décadas, foi a responsável por transformar um evento de gala comum em uma reunião dos principais nomes da moda, cinema, política, esportes e, agora, das redes sociais.
A artista plástica e designer de moda mineira, Eliana Miranda, explicou à Itatiaia como o baile funciona atualmente. “Formalmente, é um evento de lançamento das exposições do MET. Ele, inclusive, acontece nessa data para ser essa abertura e conseguir arrecadar fundos. O MET originalmente era um evento mais simples, para poucos convidados. A grande relevância da Anna Wintour é trazer os holofotes e muita importância do meio da moda, onde ela tem muita relevância, para essa exposição”, relatou.
Qual a relação de Anna Wintour com o MET?
Editora da mais conceituada revista de moda do mundo, Anna Wintour é uma jornalista inglesa. Desde 1988 ela é editora-chefe da Vogue norte-americana e, desde 2020, a inglesa assume a posição de diretora global de conteúdo da Condé Nast, empresa de mídia que inclui títulos como a própria Vogue, Vanity Fair e GQ.
Miranda destacou que a jornalista inglesa é a responsável pelo nível atual do evento, considerado um dos mais importantes no calendário da moda. “A questão da Anna foi criar uma expectativa para essas exposições e chamar atenção para isso. Quando o tema sai antes, ela prepara todos os ateliês e cria toda uma expectativa do que está por vir. Quem vai vestir o quê? Quem vai poder interpretar essas obras-primas? Coincidir o tema com a exposição vai fazer com que a gente imagine muito mais das criações que estão lá dentro e as que vão ser utilizadas para esse jantar”, afirmou a mineira.
A importância de Anna Wintour para o baile do MET e para o museu é tanta, que a ala de moda do local foi renomeada em homenagem à editora. Desde 2014, após uma grande reforma, o Costume Institute passou a se chamar Anna Wintour Costume Center. A mudança também deu origem a uma marcante galeria de 390m², que serve de cenário para o filme Ocean’s 8, com Sandra Bullock, Rihanna e Anne Hathaway.
Grande anfitriã do Met Gala, Wintour contou com os cantores Bad Bunny e Jennifer Lopez, além dos atores Chris Hemsworth e Zendaya como co-anfitriões desta edição do baile. Estrelas como Beyoncé e Taylor Swift, as atrizes Emma Stone e Meryl Streep, os designers Donatella Versace e Alessandro Michele já participaram da organização do evento.
Tema x dress code
Apesar do tema do MET Gala receber a maior atenção, já que está por trás da exposição que justifica a realização do baile, os convidados da lista seleta organizada por Anna Wintour não devem segui-lo como única referência. O evento tem um dress code diferente a cada edição, ou seja, uma orientação para como os convidados devem se vestir no evento — o que também passa pelo crivo da editora-chefe da Vogue estadunidense.
“O tema desse ano traz uma discussão super legal sobre o tempo, o despertar da moda. Não tem nada a ver com a Disney, tem a ver com peças de vestuário que vão contar uma história, mas que não podem ser usadas porque são frágeis. Como a gente mantém aquilo que foi feito, está adormecido, sendo utilizado? Fala muito sobre o tempo, as delicadezas”, afirmou Miranda sobre o tema da exposição do ano, que fala em “Belezas Adormecidas”.
“A exposição tem muitas referências de sonhos, de uma forma muito dramática, de jardins”, acrescentou a designer. É aí que entra o dress code do evento realizado na última segunda-feira: “The Garden of Time” (em português, O Jardim do Tempo), que ajudou a guiar convidados como a
Segundo a artista plástica mineira, com temas tão amplos que abrangem a exposição deste ano e o dress code do MET Gala 2024, é complicado delimitar quando um dos convidados não esteve dentro do tema. “Todos são uma interpretação de um tema [que tem a ver com o] tempo. É sobre como manter essas belezas [da moda] em meio ao tempo”, definiu Miranda.
Entre as opções destacadas pela designer de moda estão peças mais ousadas como as escolhidas por Dan Levy, Zendaya e Wisdom Kaye, ou peças como de Jeremy Strong, Elle Fanning e Sienna Miller. “Tem um contraste muito grande. Poderiam entregar um drama gigantesco, cores muito contratantes, tecidos muito drásticos e volumosos; ou tecidos leves, florais, transparências, maquiagens leves”, explicou à Itatiaia.