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Após 40 anos, Paulo Betti deixa a Globo; Relembre personagens marcantes

Ator está no ar com a novela ‘Amor Perfeito’, e não descartou trabalhar por obra na emissora após o fim de seu vínculo atual

Paulo Betti, atualmente no ar com a novela “Amor Perfeito”, revelou que não terá o seu vínculo renovado

Após 40 anos de contrato ininterrupto com a Rede Globo, o ator Paulo Betti, atualmente no ar com a novela “Amor Perfeito”, revelou que não terá o seu vínculo renovado, mas que pode vir a trabalhar eventualmente por obra na emissora, como já acontece com medalhões como Marieta Severo, Antonio Fagundes e Osmar Prado.

Na telinha da Globo, ele marcou época com personagens icônicos como o malandro Wanderlei, de “Mulheres de Areia”, e o colunista fofoqueiro Téo Pereira, de “Império”, na atuação mais caricata de sua carreira, dentre muitos outros. Mas Betti também possui contribuição fundamental para o cinema brasileiro. Aproveitamos para relembrar os seus papéis mais marcantes na sétima arte.

“Lamarca” (1994)

Baseado no livro homônimo de Emiliano José e Miranda Oldack, o filme dirigido por Sérgio Rezende, em 1994, reconstitui a saga do militar do exército brasileiro que abandona a farda para se tornar líder da guerrilha contra a ditadura militar que institucionalizou crimes como a tortura e a censura durante seu período de vigência no Brasil, que perdurou vinte anos.

A história começa em 1970 e vai até a morte do protagonista vivido por Paulo Betti. “Lamarca” rendeu ao ator um prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) por sua atuação. No elenco, ainda estão Carla Camurati, Deborah Evelyn, Roberto Bomtempo, José de Abreu e Nelson Dantas.

“Ed Mort” (1997)

Mais um filme baseado em livro, desta vez de autoria de Luis Fernando Veríssimo, adaptado para os quadrinhos por Miguel Paiva, “Ed Mort”, que estreou em 1997, é uma paródia com os filmes detetivescos que infestaram o cinema hollywoodiano na década de 1950, reunidos sob o rótulo de “noir”, quase sempre protagonizados por Humphrey Bogart.

A versão protagonizada por Paulo Betti, dirigida por Alain Fresnot, traz uma personagem muito mais atrapalhada e impagável, tirando sarro da seriedade dos filmes em preto&branco. A comédia tem referências a Xuxa e Angélica, e conta no elenco com ninguém menos que Chico Buarque, Cauby Peixoto, Gilberto Gil, e outros astros.

“Mauá, o Imperador e o Rei” (1999)

Em 1999, Paulo Betti voltou a viver um personagem histórico, desta vez na pele de Irineu Evangelista de Sousa, que ficou conhecido como o Barão de Mauá. Dirigido por Sérgio Rezende, com quem já havia trabalhado em “Lamarca”, o filme mostra a ascensão e a derrocada do protagonista, e traça um retrato meticuloso, político e econômico sobre o Brasil do século XIX, a partir da trajetória do ousado empresário gaúcho.

A falência do Banco Mauá é um dos acontecimentos mais emblemáticos de sua vida agitada. “Mauá, o Imperador e o Rei” ainda conta com Malu Mader, Othon Bastos, Antonio Pitanga, Hugo Carvana e Ernani Moraes em seu elenco estrelado.

“Casa da Mãe Joana” (2008)

Paulo Betti voltou a exercitar sua veia cômica em 2008, ao atuar ao lado de Pedro Cardoso, José Wilker e Antônio Pedro em “Casa da Mãe Joana”. Dirigido por Hugo Carvana, o filme realiza uma sátira com a situação política e social do Brasil, através da história de três amigos habituados a viver preguiçosamente, do bom e do melhor, e que não dispensam a oportunidade de passar a perna nos outros.

Em 2013, o longa-metragem ganhou uma continuação com os mesmos protagonistas. No elenco, ainda se destacam Arlete Salles, Maria Gladys, Laura Cardoso e Juliana Paes, em participações impagáveis. Carvana se inspirou nas chanchadas do cinema brasileiro.

“O Debate” (2022)

Filme mais recente que Paulo Betti protagonizou, “O Debate” nasceu de um texto de Guel Arraes e Jorge Furtado, que ganhou leitura dramática em Belo Horizonte antes de chegar às telonas.

Rodado em questão de meses no Rio de Janeiro e Juiz de Fora, ainda conta com Deborah Bloch como a jornalista Paula, que trabalha com a personagem de Betti, de quem está se divorciando.

Mas o tema central do longa-metragem é a conturbada situação política brasileira, numa encenação que simula um debate presidencial entre Lula e Jair Bolsonaro. O filme ainda marca a estreia de Caio Blat na direção em cinema, e não esconde sua forte conotação política.