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Com 75 anos de vida e 50 de carreira, Alcione é sinônimo de sucesso na MPB

Cantora maranhense popularizou sambas e boleros cheios de romantismo, como ‘Você me Vira a Cabeça’, ‘Sufoco’ e ‘A Loba’

Com o passar dos anos, Alcione passou do samba ao bolero, sem jamais abandonar o primeiro gênero, fiando-se na tradição romântica da música brasileira

50 anos de carreira e 75 de vida não são para qualquer um. Mas Alcione está longe de ser uma qualquer na música brasileira, embora tenha interpretado, muitas vezes, a amante traída e desprezada, em canções arrebatadoras.

Dona de uma interpretação quente e derramada, a cantora ajudou a consagrar sucessos que se eternizaram na alma e no coração dos brasileiros.

A sua primeira aparição em disco foi no começo da década de 1970, com um compacto que trazia o samba “Figa de Guiné” de um lado, música de Nei Lopes e Reginaldo Bessa, e “O Sonho Acabou”, de Gilberto Gil, do outro.

Com produção de Roberto Menescal, a seleção já mostrava a versatilidade de Alcione, que se encontrava com nomes do samba, da bossa e da tropicália. Essa amplitude de repertório, combinada à extensão vocal, seria uma constante em sua carreira.

Em 1975, ela gravou o primeiro disco, fazendo uma aposta no ritmo preferido dos brasileiros. “A Voz do Samba” exibia para todo o Brasil o canto límpido e potente da intérprete maranhense. Nascida em São Luís, Alcione foi incentivada, desde pequena pelo pai, a manter contato com a música.

Foi ele, mestre de banda da polícia militar, que a aplicou nos instrumentos de sopro. Em sua cidade natal, Alcione foi demitida da escola onde lecionava quando decidiu ensinar os alunos a tocar trompete. O fim de uma carreira abriu as portas para outra. Em 1972, Alcione chegava ao Rio de Janeiro.

Na Cidade Maravilhosa, ela se inscreveu em programas de calouros e se destacou em atrações comandadas por Flávio Cavalcanti. Logo pintaria a oportunidade para colocar sua voz numa bolacha, como se dizia na época.

Com o passar dos anos, Alcione passou do samba ao bolero, sem jamais abandonar o primeiro gênero, fiando-se na tradição romântica da música brasileira.

Entre seus grandes sucessos estão músicas de embalar multidões e serem cantadas baixinho, ao pé do ouvido, ou na mesa do bar, como “A Loba”, “Você Me Vira a Cabeça”, “Não Deixe o Samba Morrer”, “Faz Uma Loucura por Mim”, “Meu Ébano”, “Sufoco”, e tantas outras.

Em 2020, Alcione colocou na praça o seu mais recente álbum, “Tijolo por Tijolo”, em que presta reverência ao seu Maranhão, homenageia Pelé, o Rei do Futebol, canta as dores da decepção e exalta o samba como grande emblema nacional, um resumo de tudo que Alcione representa para a música brasileira.