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‘Lulema': Deputado federal mais votado, Nikolas Ferreira questiona voto em Lula e Zema em Minas

Na história, votos para presidente e governador de campos opostos não é raro; para deputado, pode ser ‘desinformação’

Eleitores de Minas Gerais deram vitória a Lula e Zema neste domingo

Deputado federal eleito com 1,5 milhão de votos em Minas Gerais, o vereador do PL Nikolas Ferreira questionou, após a eleição, o fato de o estado ter dado uma votação recorde a nomes conservadores - como o dele, o do deputado estadual reeleito com 635 mil votos, Bruno Engler (PL), e do senador eleito Cleitinho (PSC) - e, ao mesmo tempo ter dado a liderança na eleição presidencial a Lula (PT) e não a Jair Bolsonaro (PL).

Em entrevista à Itatiaia, o parlamentar disse que irá aguardar o posicionamento das Forças Armadas para saber se houve alguma inconsistência nas eleições, mas disse acreditar que possa haver “desinformação” entre os eleitores.

“Acho que pode ser também por desinformação. Muita gente acredita que o Lula voltando, ele é o pai dos pobres, vai fazer chover picanha do céu, cervejinha para todo mundo e, na verdade, é uma mentira”, afirmou.

Ao fim das apurações, Lula obteve 5,8 milhões de votos em Minas Gerais, o equivalente a 48,3% dos votos válidos no estado contra 5,2 milhões de Bolsonaro, que levou 43,6%. Os percentuais são muito próximos ao resultado geral.

Nikolas disse, ainda, contar com apoio do governador Romeu Zema (Novo) ao atual presidente no segundo turno. O objetivo é tentar transferir votos do governador, reeleito, neste domingo (2), com 56% dos votos válidos.

“Nossa estratégia não vai ser juntar marqueteiros para poder ganhar as pessoas com mentiras, mas vamos pressionar, sim, Romeu Zema, não como se fosse um opositor mas quero conversar com ele para mostrar que já era para ele ter apoiado o presidente no primeiro turno”, afirmou.

‘Lulécio’ e ‘Dilmasia’

O fenômeno “Lulema” nas urnas de Minas Gerais não é um fato isolado. Ao longo da história, eleitores mineiros deram votação majoritária a candidatos de partidos que polarizaram as eleições em nível federal e estadual.

Em 2002, por exemplo, Aécio Neves (PSDB) foi eleito em primeiro turno com 57,7% dos votos, desbancando o petista Nilmário Miranda, Naquele mesmo ano, em Minas Gerais, Lula (PT) desbancou o tucano José Serra com 61,3% dos votos válidos.

Quatro anos depois, o fenômeno se manteve e Minas Gerais garantiu a reeleição dos dois, repetindo o voto “Lulécio”. Na ocasião, em 2006, os eleitores mineiros deram 50,8% dos votos a Lula contra Geraldo Alckmin (PSDB), ao mesmo tempo em que 77% votaram em Aécio contra Nilmário Miranda, mais uma vez.

Em 2010, o candidato do PSDB era Antonio Anastasia e, do PT, Dilma Rousseff - e pela terceira vez o fenômeno, apelidado dessa vez de “Dilmasia”, se repetiu. A ex-ministra de Lula obteve 46% dos votos válidos no primeiro turno, desbancando José Serra (PSDB), com 32,6%. A nível estadual, Anastasia levou no primeito turno, com 62% contra 34% de Hélio Costa (PMDB), que tinha o Partido dos Trabalhadores na mesma chapa.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.