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‘Tomei 4 cartões na vida’: como meia ex-Grêmio ‘fugiu’ do esquema de apostas

Jean Pyerre foi abordado por um dos aliciadores denunciado pelo Ministério Público de Goiás

Último clube de Jean Pyerre foi o Avaí

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) ofereceu, nessa quarta-feira (19), nova denúncia à Justiça por manipulações em apostas esportivas. Nas conversas obtidas pelo MP-GO, há registros de como os aliciadores abordavam os jogadores para fazer parte do esquema. O meia Jean Pyerre, formado nas categorias de base do Grêmio, foi um dos abordados, mas negou a proposta.

A Itatiaia teve acesso aos documentos anexados ao processo. Jean Pyerre, à época no Avaí, recebeu mensagens de Bruno Lopez de Moura. O Ministério Público aponta Bruno como chefe do esquema de apostas. Chama atenção a forma como o meia ‘fugiu’ dos aliciadores.

“Eu tenho quatro cartões minha vida toda. A questão não é nem de confiar no trampo (‘trabalho’ dos apostadores) ou não, mas essas parada de que aí eu pago os caras, tem como não (sic)”, afirmou o meia.

“Você de titular, mais fácil. Uma chegada, uma discussão que tu forçar, já era. Tá feito! (sic)”, respondeu Bruno.

O jogador, então, responde que não pode correr o risco. “Depois da merda, não tem nem de onde tirar pra pagar (sic)”, rebate.

Jean Pyerre tem 25 anos e está aposentado do futebol depois de experiência frustradas. Revelado pelo Grêmio, ele surgiu como grande promessa do futebol brasileiro, mas teve diagnosticado um câncer nos testículos, em janeiro de 2022.

Depois do tratamento, Pyerre foi emprestado ao Avaí para disputa da última edição do Campeonato Brasileiro. No time catarinense, disputou 23 jogos e marcou um gol. O meia encerrou a carreira com 164 jogos e 23 gols marcados.

Em junho, o meio-campista recebeu três propostas para voltar ao futebol. Clubes de Polônia, Croácia e Sérvia demonstraram interesse na contratação do jogador. Se ele confirmar a volta aos gramados, o Grêmio terá direito de 10% dos direitos econômicos do jogador.

Jogadores denunciados

  • Dadá Belmonte (América)

  • Igor Cariús (Sport, à época no Cuiabá)

  • Alef Manga (Coritiba)

  • Jesús Trindade (sem clube)

  • Pedrinho (Shakthar-UCR, à época no Athletico-PR)

  • Sidcley (CSKA-BUL, à época no Cuiabá)

  • Thonny Anderson (ABC-RN, à época no Coritiba)

Acordo com o MP

Diego Porfírio (Guarani, à época no Coritiba), Bryan Garcia (sem clube, à época no Athletico-PR), Nino Paraíba (sem clube, à época no Ceará), Sávio (Rio Ave-POR, à época no Goiás) e Vitor Mendes (Fluminense, à época no Juventude) também foram flagrados negociando com apostadores nas conversas. No entanto, eles fecharam acordo com as autoridades, colaboraram com as investigações e não foram denunciados.

Outros denunciados

Além dos jogadores, um grupo de aliciadores e financiadores do esquema foi identificado e denunciado pelo MP-GO. Os integrantes se uniam para fazer o contato com os jogadores e organizar os pagamentos.

Formam esse grupo Cleber Vinicius Rocha Antunes da Silva, Ícaro Fernando Calixto dos Santos, Luís Felipe Rodrigues de Castro (LF), Romário Hugo dos Santos (Romarinho), Thiago Chambó Andrade e Victor Yamasaki Fernandes.

De acordo com o MP, a denúncia teve com base o artigo 199 da Lei Geral do Esporte, que trata sobre “dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado”

A pena prevista é de reclusão de dois a seis anos, além de aplicação de multa.

Leonardo Parrela é repórter multimídia na área de esportes na Itatiaia. É formado em Jornalismo pela PUC Minas. Antes da Itatiaia, colaborou com Globo Esporte, UOL Esporte e Hoje Em Dia, onde cobriu Copa do Mundo, Olimpíada e grandes eventos.