Ex-jogador e gestor do Cruzeiro e do Real Valladolid-ESP, Ronaldo relembrou em participação no podcast Mano a Mano, apresentado pelo cantor Mano Brown, um caso de racismo contra o atacante brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid-ESP, em um jogo do clube espanhol que gerencia.
O hoje empresário revelou que houve punição aos torcedores que insultaram Vini Jr. com ofensas racistas. Contudo, o Fenômeno lamentou o fato de não ter uma legislação “mais severa” para punir os autores do crime.
“No meu estádio, no Valladolid, tenho um time na Espanha, também houve caso de racismo contra o Vinícius. Ele saiu substituído, passando em frente a uma organizada nossa, e algumas pessoas xingaram ele. A gente identificou os racistas, entregamos a imagem para a polícia e suspendemos o carnê desses caras. Queria suspender para vida inteira, para mim não colocariam os pés no meu estádio”,
“Só que tem uma lei que não posso proibir para sempre, é de três anos. De alguma maneira, os políticos estão permitindo isso, porque para mim isso daí tinha que mudar nas leis e acabar com a impunidade. O racista tinha que ter uma pena muito mais severa”,
Vini Jr. sofre recorrentemente com racismo na Espanha e virou símbolo da luta antirracista após caso contra o Valencia, em 21 de abril. Na ocasião, foi possível ouvir gritos uníssonos de “mono” (macaco, em espanhol) das arquibancadas.
Racismo
“Como você (Mano Brown) também falou de que tinha falados umas besteiras no passado, e tal, eu também, mas é por ignorância, por ignorância. Uma vez eu fiz uma entrevista, acho que foi no Fantástico, uma resposta ridícula que eu dei, que eu falei ‘ah, pô, minha pele é branca, mas eu me sinto preto’, uma coisa assim”, disse.
“O racismo sempre existiu no futebol, e não é no futebol. A gente pode querer falar isoladamente do caso do futebol, mas o racismo é um problema da sociedade. Ele é um problema da sociedade. E o caso do racismo, está sendo muito bom o posicionamento dele (Vinícius Júnior), a revolta para abrir os olhos do mundo todo, isso acho maravilhoso, mas não estamos acompanhando a luta dele. A gente no sentido de sociedade, e principalmente políticos”, afirmou
“Para os políticos vai a minha crítica. Porque se a gente quer combater o racismo, primeiro tem que acabar com a impunidade. Racismo é crime, temos que acabar com a impunidade. O cara vai lá, é preso e sai duas horas depois da delegacia. Por que não aumenta, por que não criminaliza de fato, não aumenta a pena do racista?”, completou, antes de falar do caso do próprio Fenômeno.
“Várias vezes (foi alvo), jogando, várias vezes. Macaco, brasileiro macaco, xenofobia, racismo. E tem o racismo estrutural também, né? Que meu pai fala muito disso, que a gente sofre diariamente com o racismo que a pessoa não nem sabe que está cometendo, mas está cometendo um ato racista”, comentou, antes de finalizar.
“Antigamente eu tinha uma orientação menos conflitiva nesse aspecto, eu fazia mais silenciosamente as coisas para tentar mudar esse cenário. Eu tinha uma responsabilidade muito maior contra a pobreza, então fui muito ativo em relação à luta contra a pobreza no mundo. Fiz 13 edições de um jogo dos meus amigos contra amigos do Zidane, arrecadamos mais de 15 milhões de dólares, que a gente participava de um programa das Nações Unidas, da PNUD, e eu não era ativo na luta contra o racismo, por ignorância”.