O policial militar, cabo PM Aldir Gonçalves Ramos, 41 anos, diz em boletim de ocorrência que tiro que atingiu o rosto do motorista de aplicativo Bruno Adão Gomes da Silva, de 35 anos, foi ‘sem intenção’ e ‘sem assumir o risco do disparo.’ O PM foi autuado por lesão corporal, em informação confirmada pela Itatiaia neste domingo (1°) após atirar no motorista durante uma briga de trânsito na região da Pampulha, em Belo Horizonte, na tarde de sábado (30). O motorista perdeu a visão de um olho, segundo familiares.
O motorista foi atingido por um disparo dentro da base da Guarda Municipal de Belo Horizonte, local para onde correu pedindo ajuda após, segundo informações do bo, conseguir desarmar o policial. Assim que Bruno entrou no trailler da Guarda, foi surpreendido pelo cabo da PM que se identificou como polícia e, segundo o boletim de ocorrência, estava com arma em punho apontada para o motorista. Neste momento, Bruno foi em direção ao policial que agrediu o motorista com uma coronhada e um tiro foi disparado.
“Nesse momento, a arma de fogo disparou, sem intenção do cabo Aldir e sem que assumisse o risco do disparo”, detalha o bo. Ao perceber que o motorista foi atingido na cabeça, o policial ligou para o 190 e pediu apoio da PM.
Uma testemunha, da Guarda Municipal, relatou aos policiais que ouviu o som de um disparo de arma de fogo, sem contudo visualizar em que momento o tiro aconteceu. De acordo como boletim de ocorrência, ao verificar que o motorista foi atingido na cabeça, o agente acionou a Central da Guarda Municipal e do Samu.
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Perdeu a visão
Carlos Santos e Cíntia Arcanjo, tios de Bruno,
“Meu sobrinho não queria problema, correu para dentro da base para pedir proteção depois de uma briga de trânsito. Daí ele pegou a arma, foi lá e deu um tiro, que acertou a fase dele. Agora meu sobrinho ficou cego, né?”, desabafou Carlos.
Cíntia disse que o Bruno terá que fazer a reconstrução da face e que perdeu a visão do olho direito. “Ele é trabalhador, nunca teve ficha criminal, nada. O policial tá argumentando que foi tentativa de roubo, mas é mentira”, protestou.
A Guarda Municipal de Belo Horizonte, procurada pela Itatiaia, informou que:
“Por volta das 14h deste sábado, um homem invadiu a Unidade de Segurança Preventiva (USP) da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte (GCMBH) instalada na Avenida Otacílio Negrão de Lima, na Pampulha. Quando o guarda municipal que estava de plantão no local iria abordar o desconhecido, um segundo homem invadiu a unidade, alegando ser um policial militar à paisana do Batalhão de Choque e que estava perseguindo o primeiro, por tentativa de roubo. O militar entrou então em luta corporal com o suposto foragido, dentro da unidade da Guarda Municipal. Um disparo da arma do militar atingiu o homem na testa. O SAMU foi acionado e encaminhou o desconhecido para o Pronto-Socorro do Hospital João XXIII. A ocorrência ainda está andamento neste momento, sendo feita pela Polícia Militar no Batalhão de Choque, tendo o agente da Guarda Municipal como testemunha.”
Nota da Polícia Militar
A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) esclarece que o policial militar da ativa, de folga e à paisana, foi conduzido à Delegacia da Polícia Civil, por tratar-se de crime comum e não militar. Após ratificação da prisão em flagrante pelo crime de lesão corporal, o militar segue preso em uma unidade da corporação. A PMMG informa, ainda, que a Corregedoria da instituição acompanha o caso.
Nota da Polícia Civil
A Polícia Civil confirmou à Itatiaia, neste domingo (1°), que o policial teve a prisão em flagrante ratificada pelo crime de lesão corporal e encaminhado a uma unidade da PM onde está à disposição da Justiça.
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), assim que acionada, deslocou equipe de perícia oficial ao local dos fatos para realização dos primeiros levantamentos. O envolvido, de 35 anos, foi encaminhado ao hospital. Já o envolvido, de 40 anos, foi conduzido à Central Estadual do Plantão Digital , onde teve a prisão em flagrante ratificada pelo crime de lesão corporal e, logo após, encaminhado a uma unidade da Polícia Militar de Minas Gerais, ele se encontra à disposição da justiça. A PCMG esclarece que estão sendo realizadas as atividades de polícia judiciária a fim de apurar as circunstâncias que permeiam o caso.