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Linhas suplementares podem perder 53 veículos até o fim do ano, afirmam permissionários

A categoria reclama que a prefeitura não fez o chamamento do excedente, para suprir os 47 ônibus que faltam atualmente

Atualmente, a frota conta com 253 ônibus, o que significa 47% a menos do que o previsto pela PBH

A frota de ônibus suplementares de Belo Horizonte pode perder metade dos veículos até dezembro, isso se novos contratos não forem firmados. A informação é do Sindicato das Empresas dos Ônibus Suplementares. Nesta semana, inclusive, passageiros do coletivo amarelinho se manifestaram por melhorias nos veículos, que andam superlotados, e pela criação de novas linhas.

Em 2001, quando os ônibus suplementares começaram a circular com a permissão da Prefeitura de Belo Horizonte, o contrato previa a existência de 300 veículos. Apesar disso, com a crise econômica e a pandemia, muitos donos de ônibus acabaram abandonando o ramo e a frota diminuiu para 253. A categoria reclama que a prefeitura não fez o chamamento do excedente, para suprir os 47 ônibus faltantes, e que o número pode cair para 200 até o fim de 2023.

Segundo Alexandre Daniel, diretor-administrativo do transporte suplementar de BH e do Sindicato das Empresas dos Ônibus Suplementares, a perda dos 47 ônibus desde 2001 fez com que mais de 15 mil usuários que usavam o transporte suplementar precisaram migrar para o convencional. Alexandre afirmou, ainda, que a categoria já solicitou a BHTrans para recompor a frota, mas não foram atendidos.

Francisco Maciel, que é presidente da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo (AUTC) da Grande BH contou à Itatiaia que pretende acionar o Ministério Público e solicitar uma investigação sobre o sucateamento do transporte suplementar em Belo Horizonte.

Passagem mais barata e usuários sem ônibus em BH

Caso a frota diminua ainda mais até o fim do ano, Alexandre Daniel prevê que mais 20 mil usuários fiquem sem ônibus. Ele explica que os permissionários não possuem autonomia para fazer mudanças de itinerário, aumentar ou diminuir a frota, e dependem totalmente das autorizações da BHTrans.

Apesar disso, o permissionário alega que, caso pudessem controlar a rota e a frota dos ônibus, a passagem poderia ser ainda mais barata do que a dos coletivos convencionais. Ele cita ainda outros problemas na categoria. Entre eles, a proibição de que os coletivos entrem no Centro da cidade e de integrarem as estações de ônibus e metrô, reivindicação feita pelos usuários do amarelinho.

“Nós temos três linhas que chegam ali no Santa Tereza, mas não podem pôr a roda na Avenida do Contorno. Nós temos algumas linhas que passam a menos de um quarteirão das estações e nós somos impedidos de entrar nelas para desafogar a grande demanda. Se a prefeitura nos deixasse fazer o mesmo itinerário que o transporte público convencional faz, eu te garanto que nós bancaríamos uma passagem muito mais barata do que os R$6,90”.

Além disso, Alexandre reclama que os ônibus suplementares não possuem o botão de pânico, que existe nos ônibus convencionais e é acionado em situações de importunação sexual ou assalto. A frota, inclusive, deveria ser 216% maior do que é hoje, segundo o presidente do sindicato dos permissionários.

“O transporte suplementar hoje, no mínimo, deveria estar com 800 carros. A cidade cresceu, as vilas e os aglomerados cresceram e nós temos todo o interesse de estar buscando a população nos morros, nos aglomerados, assentamentos, mas somos impedidos pela BHTrans”.

Manutenção dos ônibus é problema em BH

A manifestação dos passageiros foi realizada, na segunda-feira (10), depois que um ônibus da linha suplementar 92 apresentou problemas mecânicos e pegou fogo na região Nordeste de Belo Horizonte. Atelírio Alves, que é presidente da Associação dos Empresários do Transporte Suplementar e Similares do Estado de Minas Gerais, explica que, com a diminuição da frota, há um desgaste maior dos veículos, causando mais problemas mecânicos.

“Em uma frota de 300 veículos que está sendo atendida por 250, é claro que o desgaste é muito maior. Temos tanto o desgaste físico do motorista, quanto também o desgaste dos veículos. Então a manutenção, além de ficar muito mais pesada, se repete com frequência, porque o esforço do veículo é muito maior”.

O presidente da associação, entretanto, disse que ainda tem esperanças de que um novo contrato seja elaborado este ano e que as condições do transporte suplementar melhorem, sem ser necessário que a frota diminua.

Saiba o que diz a prefeitura de BH

Por meio de nota, a PBH afirmou que “todos os veículos autorizados a operar no transporte suplementar passam por rigorosa vistoria” e que “a BHTrans e a Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte (SUMOB) mantêm diálogo constante com os representantes do serviço de transporte coletivo suplementar”.

A prefeitura, entretanto, não se manifestou sobre as outras reclamações feitas pelos permissionários e usuários, como a diminuição da frota, a proibição que os ônibus ultrapassem a Avenida do Contorno, a integração com estações de ônibus e metrô e a perspectiva de um novo contrato.

Leia abaixo a nota da Prefeitura de BH na íntegra

“A Prefeitura de Belo Horizonte informa que os usuários devem registrar as reclamações por meio do aplicativo PBH APP, WhatsApp (31) 98472-5715 ou no Portal de Serviços. É importante ressaltar que é fundamental que o usuário informe o número do veículo, data e horário, pois esses dados auxiliam no direcionamento das equipes de fiscalização. As reclamações também são enviadas ao representante dos permissionários para apuração do problema registrado pelos passageiros.

O quadro de horários e o itinerário podem ser consultados no portal da Prefeitura. Caso o permissionário não cumpra, está sujeito a autuações. É importante ressaltar que os itinerários são estabelecidos em reuniões das Comissões Regionais de Transporte e Trânsito (CRTTs), com a presença da comunidade, BHTrans e consórcio Transuple, que representa os permissionários. Todos os veículos autorizados a operar no transporte suplementar passam por rigorosa vistoria.

Cabe ressaltar que a BHTrans e a Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte (SUMOB) mantêm diálogo constante com os representantes do serviço de transporte coletivo suplementar. O sistema começou a operar em 2001 como parte da estratégia de eliminação do transporte clandestino da capital e, desde a implantação, todas as linhas fazem ligação entre bairros, sem passar pelo centro da cidade”.