Diagnosticado com leucemia linfoide aguda – um tipo severo de câncer – desde novembro, o adolescente Arthur Oliveira Souza, de 13 anos, está à procura de um doador de medula óssea 100% compatível para o tratamento contra a doença. Campanha lançada pela família do garoto de Belo Horizonte nas redes sociais está repercutindo na internet e mobilizando possíveis doadores.
Arthur luta contra o câncer desde a infância. Quando bebê, ele foi submetido a um tratamento bem-sucedido para se curar de um linfoma. Anos depois, em novembro do ano passado, ele foi diagnosticado com leucemia. O adolescente é cuidado pela equipe médica do Oncobio, hospital dedicado ao tratamento de câncer em Nova Lima, na região metropolitana da capital mineira. Após alguns ciclos de tratamento, os médicos o liberaram para o transplante de medula óssea.
A campanha para encontrar um doador começou em fevereiro, mas, até então, nenhum doador 100% compatível apareceu. A mãe Fernanda Souza e o pai do garoto, Carlos Oliveira, também fizeram o teste de compatibilidade; entretanto, eles são apenas 50% compatíveis com o filho.
O que é leucemia? O transplante de medula é necessário em todos os casos de leucemia?
A leucemia é um câncer que acomete o sangue do paciente, como detalha a professora Camila Silva Peres Cancela, do departamento de Pediatria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e médica do serviço de hematologia pediátrica do Hospital das Clínicas. “No caso do Arthur, é um câncer linfoide, porque a celular que começou a multiplicar de forma desordenada é da origem dos linfócitos”, esclarece.
Ainda de acordo com ela, nem todo paciente diagnosticado com leucemia irá precisar do transplante de medula óssea. Mas, quando necessário, o procedimento aumenta muito as chances de cura. “Os médicos costumam analisar as respostas iniciais e as respostas aos outros tratamentos antes de sugerir o transplante de medula óssea”, explica a especialista.
O que é medula óssea?
A medula óssea é um tecido presente na parte interna dos ossos e é responsável por produzir as células do sangue – glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas. A doação é necessária quando um paciente precisa substituir a medula óssea doente por células saudáveis.
De acordo com a médica Camila Silva, quando a medula óssea está doente, o tecido pode mandar células cancerígenas para todo o corpo – o que leva a doença também para todo o corpo.
Como é feita a doação de medula óssea?
A doação de medula óssea pode acontecer de duas formas: por punção, quando os médicos retiram a medula do interior da bacia do doador com uma seringa, e por aférese, quando a coleta é feita através das veias após o doador receber uma medicação para aumentar a quantidade de células-tronco no sangue. Os procedimentos não provocam sequela aos doadores.
“Muitas pessoas se cadastram para serem doadoras de medula por causa de algum conhecido que precisa da doação. Mas, é importante que as pessoas estejam cientes de que o cadastro não é voltado apenas uma pessoa e que podem ser chamadas para doar para um desconhecido”, conscientiza a médica.
Doação de medula no Brasil
No Brasil, cerca 650 pessoas aguardam na fila por um transplante de medula óssea. O país é o terceiro maior em registro de doadores – são mais de 5,5 milhões de pessoas cadastradas no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). No primeiro lugar está os Estados Unidos; no segundo, a Alemanha.
Interessados em doar medula devem ter idade entre 18 e 35 anos de idade, ter um bom estado de saúde e não ser diagnosticado com qualquer doença que impeça o cadastro – como HIV, câncer, hepatite, doenças autoimunes,
Doadores já cadastrados devem manter os dados atualizados no sistema do Redome. “Uma situação que é muito triste para nós médicos e para as famílias é quando uma pessoa se cadastra e é compatível com um paciente, mas, como não atualizou os dados cadastrais não conseguimos fazer o contato com o possível doador”, detalha a médica da UFMG.
(Sob supervisão de Lara Alves)