A partir desta quinta-feira (17) quem tem entre 18 e 85 anos, tomou duas doses de CoronaVac ou AstraZeneca e uma ou duas doses de reforço da Pfizer (há pelo menos 9 meses) ou AstraZeneca (há pelo menos 6 meses) e mora em Belo Horizonte, pode se cadastrar para ser voluntário das fases 1 de 2 dos testes clínicos da Spin-Tec, primeira vacina 100% brasileira contra a Covid. O medicamento está sendo desenvolvido pelo Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG. No caso das mulheres, também é importante não estar grávida ou amamentando.
No último dia 3 de outubro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou que a vacina seja testada em humanos uma vez que, nos testes pré-clínicos, ela não gerou efeitos colaterais adversos e respondeu bem à expectativa de produção de anticorpos. Os exames comprovaram também que a dose é eficaz contra diferentes variantes do vírus, mostrando que houve proteção tanto para os casos de Covid grave quanto nos moderados.
Até chegar à última etapa, a SpiN-TEC MCTI UFMG passou por várias fases, como a realização de testes em animais, que confirmaram sua eficácia e segurança.
Para participar do estudo final, como cidadão voluntário, os interessados devem preencher um formulário acessando:
http://www.ctvacinas.ufmg.br/index.php/estudo-spin/
Concluída a inscrição, as pessoas ainda passarão por uma triagem e serão submetidas a avaliações clínicas e laboratoriais, conduzidas pelo CTVacinas e pela Unidade de Pesquisa Clínica em Vacinas (UPqVac), instalada na Faculdade de Medicina da UFMG.
Após aplicação da dose, os voluntários serão monitorados durante 12 meses. Neste período, a equipe responsável pelos testes clínicos fará ligações para saber como as pessoas estão se sentindo. Além disso, serão feitas visitas programadas ao centro de pesquisa (UPqVac), onde a dose será aplicada, uma semana após a aplicação e, depois, no período de duas semanas, 28 dias, 90 dias ,180 dias, 270 dias e 360 dias.
Após a conclusão das fases dos testes clínicos, o grupo que desenvolve a SpiN-TEC MCTI UFMG enviará os relatórios do estudo e solicitará autorização para a terceira e última etapa dos testes, que reunirá de 4 a 5 mil voluntários.
A expectativa é que a vacina esteja disponível para aplicação em toda a população a partir de 2025. O estudo está sendo financiado pela UFMG, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Fiocruz e prefeitura de Belo Horizonte. A previsão é que a primeira dose seja aplicada na população a partir do ano de 2025.
Vacinação e acompanhamento
“Se a pessoa for elegível para o estudo, será convidada a receber a vacina SpiN-TEC MCTI UFMG. Ela comparece para a vacinação no dia marcado, faz os procedimentos e fica em observação por até uma hora. Depois, já está liberada para ir para casa. Faremos o monitoramento ao longo de 12 meses”, explica o professor Helton Santiago, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e coordenador dos testes clínicos da vacina.
Além disso, as pessoas farão sete visitas programadas à UPqVac – onde a dose será aplicada – uma semana após a aplicação e, na sequência, depois de duas semanas, 28 dias, 90 dias,180 dias, 270 dias e 360 dias.
“ Esperamos que ela induza resposta imunológica nos participantes, assim como induziu nos testes em animais”, disse Santiago.
Após a conclusão das fases 1 e 2 dos testes clínicos, o grupo que desenvolve a SpiN-TEC MCTI UFMG enviará os relatórios do estudo e solicitará autorização para a terceira e última etapa dos testes, que reunirá de quatro a cinco mil voluntários. Espera-se que a vacina esteja disponível para aplicação em toda a população a partir de 2025.
“Em média, uma vacina demora de 20 a 30 anos para ser desenvolvida. A pandemia abreviou esse processo. O desenvolvimento da SpiN-TEC tem sido muito rápido, já que os estudos começaram em novembro de 2020”, lembra Helton Santiago. “É um marco para a ciência brasileira”, conclui.