Ouvindo...

Festa de halloween faz sucesso no metrô de BH e vira pesadelo para vizinhos na região Norte

Apesar de ter agradado parte do público, moradores da região Norte de BH reclamam do som da festa particular no metrô

A festa, que tinha ingressos que custavam até R$600, terminou depois de 7h da manhã

“Eles saem lá da zona sul, porque as festas da NaSala ocorrem na zona sul, e vem pra zona norte ‘quebrar o pau’”. Esse foi o relato de Thais Silveira, 42 anos, moradora do bairro Tupi, na região Norte de Belo Horizonte, que ficou indignada com o som alto do ‘Halloween nos Trilhos’. Promovido pela produtora de eventos naSala, a festa ocorreu no último sábado (22).

O espaço foi alugado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) para a realização do evento após o horário da operação e dividiu opiniões entre público e moradores do entorno.

A estação Central do metrô de Belo Horizonte foi o ponto de início para a festa, que tinha, até então, um destino surpresa para os participantes. O início estava marcado para 23h30 com previsão para encerramento às 7h de domingo (23). Lá, uma mega-estrutura para atender 4 mil pessoas foi montada com palco, cenografia, apresentações de dança e seis DJs. O último show estava programado para acontecer entre 6h30 e 8h.

Leia também:

“Parecia que estávamos em uma ‘rave’ eletrônica dentro da minha casa. As janelas chegavam a tremer”, disse a secretária Giordana Bruna Mattar Xavier, de 38 anos, que mora há cerca de três quilômetros de onde ocorreu a festa. Ela disse que chamou a Polícia Militar (PM) por volta das 4h, mas o som alto permaneceu.

“A música começou por volta das 0h, na hora que tentamos dormir, mas não deu muito certo… Consegui dormir por volta das 6h, com muita dificuldade”, disse. "Às 8h, o meu relógio despertou, pois minha filha participaria de um campeonato de tênis”, completou. Thais disse que, por volta das 7h, o evento “continuava com o mesmo batidão”. "É como se eles não tivessem respeito nenhum por ninguém”.

Outros moradores da região também reclamaram nas redes sociais. “Já liguei para a polícia 10 vezes e nada. Meus filhos não conseguem dormir”, disse um usuário na página da organizadora da festa. “Insuportável esse barulho dentro de casa, meu filho não para de chorar de dor na cabeça… Absurdo total! E eu trabalho daqui a pouco e não consegui nem cochilar”, comentou outro.

"(A produtora) tem que se adequar. Isso porque existe uma Lei Municipal que tem que ser respeitada”, completou Thaís.

Reclamações

Quem estava dentro da festa também usou as plataformas da produtora nas redes sociais para se queixar: filas para bebidas, banheiros sujos e atrasos no embarque do metrô. Isso porque os participantes compraram ingressos - de até R$500 (feminino) e R$610 (masculino) - com horário para a ida e, na volta, a CBTU disponibilizou vagões para o retorno até a Estação Central.

Por volta de 7h de domingo, a reportagem flagrou o momento em que um jovem, que aparentava estar alcoolizado, caiu nos trilhos, entre dois trens. Participantes da festa ajudaram a socorrer o homem e levá-lo de volta à plataforma. Do outro lado, dois jovens ultrapassaram a linha amarela de segurança e se sentaram com as pernas para fora.

Leia a nota da CBTU na íntegra:

“Em atendimento a este veículo de imprensa, a CBTU-MG informa que o evento “Halloween nos Trilhos” não foi promovido por essa Companhia, mas realizado pela produtora NaSala no Pátio de Manutenção São Gabriel, em 22 de outubro de 2022. O espaço foi alugado, sendo assim, esclarecimentos sobre a organização do evento devem ser direcionados à produtora.

Sobre os incidentes na via, a CBTU-MG possui fixado em todas as estações o Regulamento do Usuário, que inclui a informação que faixa amarela é um limite de segurança e só deve ser atravessada quando os trens abrirem as portas. Essa mensagem também é falada nos amplificadores de som nas estações, durante a operação. Em acréscimo, a Companhia informa que não houve nenhum registro de usuários que se machucaram no local.

A estrutura montada para a festa, de responsabilidade da Nasala, obteve os documentos necessários à realização do evento, como o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), e o laudo técnico descritivo das condições de segurança para atividades desenvolvidas temporariamente na propriedade pública e privada, da Prefeitura de Belo Horizonte, conforme Decreto 13.792/2009, que atestou que “o sistema de prevenção e combate a incêndio e pânico, o sistema de segurança, bem como o projeto e a execução de montagem de estruturas e de instalações elétricas, foram projetados e executados conforme a legislação em vigor e as normas técnicas da ABNT, e encontram-se em perfeito estado de utilização sem nenhuma restrição”.

Cessão de espaços: A CBTU-MG esclarece que parte da renda da Companhia vem por contratos de comercialização de espaços não operacionais. Esses contratos incluem objetos como a fixação de cartazes e banners dentro dos trens e estações, propagandas no televisor dos trens, plotagem de trens, aluguéis de lojas e quiosques de promoção de vendas, além da cessão de espaços e promoção de viagens, como foi este caso”.

Apesar disso, muita gente gostou do evento e elogiou a noite: “Foi simplesmente incrível”, comentou uma usuária nas redes sociais. Outro disse: “Foi sensacional! Que produção fod*. Parabéns. Ansioso para a próxima”.

A Itatiaia fez contato com a naSala, organizadora do evento, mas não recebeu nenhuma resposta até a publicação dessa matéria.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Formado em Jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Marcello atuou na assessoria de imprensa do Conselho Regional de Psicologia. Atualmente, é editor da equipe de redes sociais da Itatiaia. Atento às novidades, Marcello é um entusiasta das tecnologias e apaixonado por redes sociais.