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123milhas: Justiça bloqueia quase R$ 1 bilhão dos sócios da agência de viagens

Decisão da Vara Empresarial de BH aumentou de R$ 50 milhões para R$ 900 milhões a retenção de bens e valores nos nomes de Ramiro e Augusto Madureira

Mais um capítulo na ‘novela judicial’ envolvendo a 123milhas

A Justiça de Minas Gerais decidiu, nesta semana, aumentar de R$ 50 para R$ 900 milhões o bloqueio de bens e valores em nome dos sócios da 123milhas, Ramiro Júlio Soares Madureira e Augusto Júlio Soares Madureira. A decisão foi proferida pelo juiz Eduardo Henrique de Oliveira Ramiro, da 15ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte.

O magistrado decidiu tomar a decisão após o “grupo 123milhas” informar à Justiça que o valor das dívidas quirografárias das empresas é de R$ 900 milhões. As dívidas quirografárias são aquelas representadas por contratos, cheques e duplicatas, e que não possuem um direito real de garantia. As dívidas com clientes que compraram passagens de avião e pacotes de viagem com a 123milhas se encaixam nessa categoria. Em um processo de recuperação judicial, as dívidas quirografárias costumam ser as últimas a serem pagas.

O juiz ainda manteve a decisão que desconsiderou a personalidade jurídica das empresas 123 viagens e Novum Investimentos dos sócios. Ou seja, Ramiro e Augusto continuam respondendo pelas dívidas das empresas do grupo 123milhas. Por outro lado, o juiz negou um pedido para que as empresas do grupo sejam impedidas de fazer novas promoções, “por considerar que essas medidas podem, em tese, prejudicar o processo de recuperação judicial”.

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Crise na 123milhas

A agência de viagens 123milhas surpreendeu milhares de clientes no dia 18 de agosto, após anunciar o cancelamento de pacotes de viagens promocionais, que atraíam muitas pessoas pelo preço baixo. A decisão revoltou clientes e fez a empresa pular rapidamente para o 1º lugar no ranking de empresas mais “denunciadas” do portal ReclameAQUI.

No dia 29 de agosto, a 123milhas um pedido de recuperação judicial na 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, em Minas Gerais. No pedido, a empresa afirma que enfrenta a “pior crise financeira de sua história” e alega que “fatores internos e externos impuseram um aumento considerável de seus passivos nos últimos anos”. O pedido foi aceito pela Justiça no dia 31 de agosto. Confira os detalhes do pedido.

Advogados ouvidos pela Itatiaia afirmam que a empresa não pode oferecer apenas vouchers como forma de reembolso para os clientes e explicam que os consumidores têm o direito ao ressarcimento em dinheiro. Veja quais são os seus direitos.

Posicionamento da 123milhas

A 123milhas informa que é leviana a afirmação de que sócios e parentes realizaram movimentações financeiras ilícitas ou ocultação de patrimônio. Os balanços e demonstrações fiscais da empresa sempre foram transparentes, legítimos e regulares.

A CPI das Pirâmides Financeiras fez um relatório baseado em uma análise parcial de documentos, porque só teve acesso às informações dos sigilos bancário e fiscal dos sócios e parentes até o dia 23 de agosto, quando ocorreram saídas de recursos relativos a pagamento de débitos contabilizados.

A comissão ignorou o fato - devidamente reportado aos parlamentares - de que, ao decidir pela Recuperação Judicial, os recursos foram devolvidos à 123milhas pelos credores entre os dias 24 e 28 de agosto. Só então o pedido de Recuperação Judicial foi protocolado, em 29 de agosto.

Embora não estivessem protegidos pelo sigilo, todos os extratos das movimentações bancárias após o dia 24 de agosto foram enviados espontaneamente à CPI, assim como comprovações de pagamentos de empréstimos realizados antes de 2022. Toda essa farta documentação foi simplesmente ignorada pelos deputados.

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.