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MEC divulgará cronograma para discutir Novo Ensino Médio; especialistas apontam as principais mudanças

Segundo o chefe da pasta, o objetivo agora é resolver os problemas que surgiram ao longo dos últimos anos e durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro

, o Ministério da Educação deve divulgar um cronograma para discutir a implementação do Novo Ensino Médio no país

Secretários estaduais pedem ao ministro da Educação, Camilo Santana, que a reforma do Ensino Médio não seja revogada totalmente. Segundo o chefe da pasta, o objetivo agora é resolver os problemas que surgiram ao longo dos últimos anos e durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Estudantes e professores questionam a reforma. Na avaliação do MEC, as falhas surgiram por omissão do governo Bolsonaro. Nesta segunda-feira (24), o Ministério da Educação deve divulgar um cronograma para discutir a implementação do Novo Ensino Médio no país.

Uma das iniciativas é uma consulta via WhatsApp que deve alcançar cerca de 100 mil estudantes e professores. Além de webinários com especialistas, haverá eventos organizados pelos conselhos estaduais de educação e organizações do movimento estudantil de forma regionalizada.

Também estão previstas a aplicação de 2 mil questionários e pesquisas qualitativas com grupos específicos.

Governo Temer

O novo ensino médio, sancionado em 2017 no governo Temer, começou a ser implantado ano passado com agrupamento das disciplinas tradicionais em áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. O ensino de língua portuguesa e matemática é obrigatório nos três anos do Ensino Médio. Mas, agora, em 2023, cada estudante já poderia começar a se aprofundar em áreas específicas por meio dos itinerários formativos.

Ficaria assim: três anos de estudos na área escolhida, totalizando 1.200 horas mais 1.800 horas de ciências da natureza, ciências humanas, linguagens e matemática.

A reforma do ensino médio é acompanhada de perto pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Álida Leal, professora da Faculdade de Educação, fala da principal preocupação.

“Conforme a legislação, as escolas públicas e privadas e os sistemas de ensino não são obrigados a ofertar todos os itinerários formativos que estão indicados na lei. Isso vai depender das possibilidades e vai variar de acordo com o contexto. Ou seja, não é garantido que o estudante terá vaga assegurada no itinerário que ele escolher dentro da escola. Nos municípios onde nós temos uma única escola de ensino médio, por exemplo, dificilmente vai ter uma oferta de todos os itinerários”, disse.

A especialista chama atenção para a falta de professores em algumas áreas do conhecimento como, por exemplo, da física, que inviabiliza essa oferta. “Nesse caso, o que tem sido tentado, é que os estudantes de escolas públicas tenham a liberdade para se matricular em outra instituição que faça a oferta do itinerário que ele tem interesse. Mas como fazer isso em municípios que têm uma única escola? São muitos em Minas”, disse.

“Se essa consulta for ‘apenas para inglês ver’, esse processo não pode ser considerado participativo e democrático e também tem grandes chances de não dar certo”, acrescentou.

Ana Saraiva, professora de política educacional e gestão escolar da UFMG, considera fundamental a participação dos estudantes.

“Eu acredito que alguma mudança significativa deve haver sim, sobretudo, na elaboração desse currículo. Mas, acredito que o envolvimento dos estudantes é que vai ser definidor. Se os estudantes não se envolverem, eu acredito que a chance de uma mudança significativa talvez seja um pouco menor”, disse.

O presidente Lula (PT) tem afirmado que o Governo Federal não vai revogar o ensino médio e que a decisão de suspender a reforma foi para aperfeiçoar o modelo.

*com informações de Kátia Pereira

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