Explosões ocorridas em um silo numa cooperativa agroindustrial de Palotina, no oeste do Paraná causando a morte de oito pessoas e ferindo, gravemente, outras nove, despertou a curiosidade de muita gente. Afinal, para que serve um silo? Eles utilizam gás? O que pode ter provocado as explosões?
As causas do acidente ainda não foram esclarecidas. A companhia informou que a prioridade, nesse momento, é fazer o resgate de todas as vítimas e prestar assistência aos familiares.
Em entrevista ao G1, o engenheiro agrícola e engenheiro de segurança do trabalho Valdir da Cruz de Oliveira, acidentes como esse podem ser provocados pelo acúmulo de pó proveniente dos grãos armazenados. Segundo ele, o confinamento torna o pó passível de explosão ao ter contato com faíscas de equipamentos, por exemplo.
“É um local muito inóspito por causa dessa poeira, da fuligem, por causa dessa umidade... Mesmo tendo mecanismo de controle para maior segurança, conseguir um ambiente 100% livre do risco de explosão é quase impossível. No setor de grãos é difícil de se ter esse controle total”, afirmou.
Os silos são estruturas para a armazenagem de produtos agrícolas. Neles, a produção pode ser depositada em seu estado natural, sem a utilização de sacos.
Três funções principais:
Armazenamento de grãos
Armazenamento de forragem destinada à alimentação animal
Armazenamento de biomassa, mantendo- a seca, protegendo-a da chuva e da umidade que o solo pode trazer.
Tipos de Silo
Existem vários modelos de silos e definir corretamente o tipo a ser utilizado pode gerar maior produtividade e menor custo.
Os tipos de silos variam conforme o objetivo de cada armazenamento. Ou seja, existem tipos específicos para armazenar grãos e outros tipos destinados para armazenar forragem e biomassa.
Brasil tem defasagem desse tipo de estrutura
A estrutura de silos no Brasil está muito aquém da necessidade. Para se ter uma ideia, ela atende apenas metade da produção nacional de grãos, enquanto os Estados Unidos contam com uma capacidade equivalente a 150% da produção local. Os produtores também reclamam da taxa de juros oferecida pelo Plano Safra para esses investimentos, entre 7% e 8,5% ao ano, enquanto os americanos contam com juros de 3,75% ao ano para construir os seus silos.
Poucos silos nas fazendas
Essa diferença entre os dois países faz com que no Brasil tenha apenas 15% da sua capacidade de armazenamento diretamente nas fazendas produtoras, enquanto nos Estados Unidos, 65% estão dentro das propriedades. Dessa forma, as “tradings”, empresas que negociam a produção de grãos, que tem parte da capacidade de armazenamento contratada, acabam esperando o produtor precisar abrir espaço para a nova safra para ofertar um preço baixo pela saca.
O Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), que faz parte do Plano Safra recorde anunciado no fim de junho, teve aumento expressivo no volume de recursos, que chegou a 81% para construção de armazéns com capacidade de até seis mil toneladas, com juros de 7% ao ano, e de 61% para armazéns de maior capacidade, com taxa de 8,5%.
O vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner, considera que os juros poderiam ser melhores, mas reconhece a importância do programa. "É necessário ter o recurso garantido para que os produtores possam construir seus armazéns e silos, já que temos uma grande deficiência de armazenagem no nosso país”, afirma.