O Brasil encerrou, na primeira quinzena de dezembro, uma maratona de debates decisivos para o futuro das
O movimento pavimenta o caminho para o encontro nacional, marcado para março de 2026, em São Paulo. Para o pequeno e médio industrial de Minas Gerais, a mobilização transcende o protocolo burocrático: trata-se da construção do Plano Nacional de Trabalho Decente, desenhado para equilibrar desenvolvimento econômico e proteção social.
A conferência se distingue pelo caráter tripartite, um modelo defendido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) que coloca representantes do governo, dos trabalhadores (via centrais sindicais) e dos empregadores (via confederações patronais) em pé de igualdade. Cada bancada possui o mesmo número de delegados e direito a voz, assegurando que nenhuma visão prevaleça unilateralmente sobre a outra.
O poder do consenso na indústria
Para o
Esse mecanismo de diálogo social é vital para enfrentar o paradoxo atual da
Qualificação e informalidade na mesa de negociação
A escassez de profissionais é agravada pelo déficit educacional: 43% da população residente no estado possui apenas ensino fundamental completo ou médio incompleto. Na prática, sobram vagas que exigem competência técnica e faltam trabalhadores aptos a preenchê-las. Esse gargalo produtivo é um dos temas que as delegações de empregadores levam para a etapa nacional, buscando incentivos para a qualificação sem onerar ainda mais a folha de pagamentos.
Outro ponto de tensão é a concorrência desleal. Apesar da força da indústria, a informalidade ainda atinge 36,5% da força de trabalho em Minas. São mais de 4 milhões de pessoas atuando à margem das obrigações fiscais e trabalhistas, pressionando os preços e a competitividade de quem empreende dentro da lei.
Rumo a São Paulo
A organização do evento, a cargo da Comissão Organizadora Nacional (CON) e das comissões estaduais (COE), manteve a paridade em todas as fases. Com o apoio técnico da OIT, que acompanhou a implementação da metodologia nas 27 unidades federativas, o Brasil chega a 2026 com um diagnóstico robusto.
Para o industrial de Minas Gerais, a II Conferência Nacional do Trabalho não é apenas um evento sobre direitos, mas sobre a sustentabilidade do negócio. Em março, em São Paulo, o desafio será transformar o consenso tripartite em alavanca para a produtividade, garantindo que o “trabalho decente” seja sinônimo de uma indústria forte, segura e competitiva.