O coração do Bairro do Recife, coração histórico e turístico da cidade, se prepara para pulsar no ritmo das matrizes indígena, negra e ibérica. Nos dias 23, 24 e 25 de dezembro, sempre às 20h, o Marco Zero recebe a edição 2025 do Baile do Menino Deus: Uma Brincadeira de Natal. Reconhecido desde o ano passado como Patrimônio Imaterial da cidade, o espetáculo chega renovado, expandindo sua presença das ruas da capital pernambucana para as telas de todo o país através de um especial no Globoplay.
Diferente das estéticas de Natal importadas, o Baile substitui a neve e as renas pelo maracatu, frevo, caboclinho e reisado. Criada em 1983 por Ronaldo Correia de Brito, Assis Lima e Antonio Madureira, a obra é um contraponto genuíno ao imaginário europeu, celebrando a renovação da vida e abordando temas urgentes como solidariedade e desigualdade social.
Em 2025, a montagem reafirma seu caráter de “obra viva”. Além das tradicionais apresentações, o espetáculo promoveu um cortejo inédito pelas ruas do Recife Antigo, reunindo mais de 300 artistas, e expandiu suas fronteiras com uma apresentação especial em Goiana, na Mata Norte.
Novidades no elenco
O palco do Marco Zero recebe novos talentos que dialogam com a contemporaneidade:
- Joyce Alane: a cantora pernambucana, finalista do Grammy Latino, estreia no Baile interpretando três canções;
- Flávio Leandro: o sanfoneiro assume a cena do pastoreio do boi, momento que simboliza ancestralidade e fertilidade;
- Dimas Popping: a dança urbana ganha espaço com o popping, estilo popularizado por Michael Jackson, que se funde ao hip hop e ao corpo de baile tradicional;
- Novos Mateus: o ator Djaelton Quirino passa a integrar o elenco de Mateus, os icônicos anfitriões da jornada em busca do Menino Jesus.
Cultura popular
Com um público estimado em 70 mil pessoas presencialmente, o Baile do Menino Deus consolida-se como o maior espetáculo natalino do país.
Para Ronaldo Correia de Brito, o segredo da longevidade está no equilíbrio entre tradição e invenção. “O Baile funciona como um grande guarda-chuva capaz de acolher o que o Recife, o Brasil e o mundo produzem”, define o idealizador.
Desde 2004 no calendário oficial do Marco Zero — ao lado do Carnaval e da Paixão de Cristo — o auto já serviu de base para materiais didáticos do MEC, filmes e livros, tornando-se uma referência nacional que prova que o Natal brasileiro tem som, cor e ginga próprios.