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Inhotim reabre galeria de Claudia Andujar, dedicada à arte indígena

Reinauguração une a arte indígena contemporânea com o legado fotográfico de Claudia Andujar em prol da causa Yanomami

A história dos povos yanomami é destaque em uma das mostras fotográficas mais importantes no Brasil - que acaba de ser reinaugurada na Grande BH. A galeria ‘Claudia Andujar | Maxita Yano’ (“casa de terra” em yanomami) foi reaberta ao público no Inhotim, o maior museu ao ar livre da América Latina.

Com a reinauguração, podem ser observados 90 trabalhos de artistas indígenas, de seis estados do Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru e Paraguai. Eles passam a integrar o espaço dedicado à obra de Cláudia Andujar, fotógrafa suíça radicada no Brasil que dá nome à galeria no Inhotim - há uma década, o espaço conta com 400 obras de Anjudar produzidas entre 1950 e 2010.

Agora, junto às fotografias de Andujar, que se tornou uma das principais ativistas da causa yanomami no mundo, o público poderá observar o trabalho de artistas que representam a diversidade da produção artística indígena.

Baniwa: “uma pessoa é feita de muitas coisas”

Denilson Baniwa, um dos principais artistas indígenas brasileiros da atualidade, foi um dos convidados pelo Instituto Inhotim para produzir uma obra inédita que tivesse relação com as fotografias de Andujar.

O artista conta que conheceu o trabalho de Cláudia na infância e que procurou seguir sua essência ao retratar os yanomami: uma visão multifacetada e voltada para vários aspectos da vida desses indígenas.

Anapuaká Tupinambá em frente á obra comissionada de Denilson Baniwa ‘Alfredo’

“Uma linha de trabalho foi me relacionar com pessoas yanomami na cidade de Boa Vista, e criar uma relação de proximidade como a Cláudia. Eu fiz um amigo, o Alfredo Yanomami, um universitário, e depois de conversarmos muito decidi fazer um retrato dele. Eu percebi que não cabia apenas exibir um frame congelado do rosto, porque uma pessoa é feita de muitas coisas, de uma história de vida, de memórias, de situações marcantes na sua vida. O retrato do Alfredo é uma série de formas e elementos que dizem para mim quem ele é”, afirma Baniwa.

Claudia Andujar: da fuga da guerra à defesa dos Yanomami

Claudia Andujar nasceu em 1931, na Suíça, e aos 13 anos fugiu da perseguição nazista passando por Romênia, Áustria Hungria e Estados Unidos. Em 1955, reencontrou a mãe no Brasil e passou a morar aqui, onde se naturalizou e encontrou um ofício na fotografia e um elo com a cultura do país.

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Em 1966, entrou para a revista ‘Realidade’. Em 1971, no último trabalho para a publicação, teve o primeiro contato com os Yanomami, um evento fundamental para sua obra. A partir daí, as fotografias de Andujar se tornaram o principal documento de registro do modo de vida dos yanomami e também um poderoso instrumento de denúncia do impacto da chegada dos garimpeiros ao território indígena - incentivada pelo regime militar da época.

Serviço

Galeria Claudia Andujar | Maxita Yano

  • Visitação: a partir de sábado (26) por tempo indeterminado, de quarta a sexta, das 9h30 às 16h30; sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30.
  • Local: Instituto Inhotim (rua B, 20, Brumadinho)
  • Ingressos a partir de R$ 30 (meia) até R$ 60 (inteira).
  • Gratuito às quartas-feiras e no último domingo do mês.
  • Mais informações no site do Inhotim
Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa jornalismo no UniBH e é estagiária do Digital na Itatiaia. É apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema e mãe do Joaquim