O ovo está mesmo fora da curva. Quando acreditamos que os principais alimentos que compõem a mesa do brasileiro estão alinhando os preços para baixo, o ovo reaparece ameaçando inflacionar as refeições do consumidor.
O ovo fechou o ano passado com os preços lá em cima, bem mais altos que os de hoje. Em janeiro houve uma queda e a caixa de 30 dúzias, o mais popular, aquele branco, pequeno, custava 97 reais. Vejam que somente em 4 meses o aumento passou de 100%. Hoje vale 197 reais! Inacreditável, não? Uma dúzia de ovo, a partir de hoje, não vai custar menos de 12 reais.
O mercado define bem esse comportamento de preços. Há muita demanda do ovo numa época em que as galinhas botam menos. Na há falta do produto, porém se a procura é grande e a oferta é pequena os preços sobem ou disparam no varejo.
Mesmo com os valores da ração em queda, com o milho descendo de 90 para menos de 60 reais a saca e o farelo de soja despencando igual, o ovo sabendo de sua importância como proteína entra na primeira semana de maio desafiando os outros alimentos que têm mantido os preços estáveis, com pequenas variações diárias.
Putin pode quebrar o ovo
O ovo não pode ser considerado o maior desafio para a alta de preços, porque trata-se de um período que as galinhas produzem menos.
A grande preocupação mundial continua sendo o conflito entre Rússia e Ucrânia. Lembrem-se que no dia 18 estará encerrado o acordo que permite o trânsito de navios transportando alimentos pelo Mar Negro.
Na última reunião as propostas ficaram muito aquém dos interesses das partes. A Rússia chegou a propor um contrato com duração de 3 anos, desde que a ONU consiga junto aos países do ocidente e a União Europeia a retirada de varias sanções que travam ou dificultam a saída de seus cereais e fertilizantes.
E os russos estão com pontos que eles tentam explorar como a saída dos fertilizantes para atender vários países, inclusive o Brasil. Esse ano, Rússia bateu recorde na produção do trigo ocupando a segunda posição mundial. A Argentina perdeu 60% de sua safra e não sabemos como será a produção americana que será colhida no meio do ano.
Em não havendo acordo, as exportações da Ucrânia serão travadas e a Rússia vai exportar sofrendo com as restrições de pagamentos, problemas de logística e seguros. Automaticamente, o trigo e os fertilizantes vão sair com preços lá no alto afetando o mercado mundial e diretamente o Brasil.
Boi gordo
Os preços nos últimos dias estão firmes, estáveis, porém não representam perigo para o consumidor. Há uma pressão do mercado atacadista sobre o varejo para pequeno reajuste para cima, porém o “mercado popular” não aceita tirar mais dinheiro do bolso.
Mesmo com a entrada dos salários na primeira semana de maio e o Dia das Mães que se aproxima, todas tentativas de aumento estão fracassadas. Há excesso de boi no pasto, oferta bem maior que a demanda. Não haverá susto com a carne bovina nos próximos dias!
A carne suína está em baixa, sem risco de subir. O mesmo acontece com o frango. o produtores vão compensando com as exportações. O frango está responsável por 1/3 do comércio mundial e o porco caminha para ser o terceiro maior exportador mundial, já pronto para superar o Canadá.
O feijão também não preocupa o consumidor. Ameaçou subir e recuou, porque há uma grande variedade de tipos de feijão e boas alternativas de preços nos supermercados.
A inflação não pode voltar!!!