Durante semanas o agronegócio tornou-se assunto importante na mídia e nas rodas políticas em Brasília. Estava marcado o encontro entra os presidentes que mais compram e vendem o agro no planeta.
E um dos principais assuntos - na minha opinião dos menos importantes - era liberar o bloqueio da exportação da carne bovina para Pequim.
Digo que era o menos importante porque se precisamos vender, a China também necessita da carne brasileira. É uma via de mão dupla e não tão perigosa quanto destaca o Ministro da Agricultura Carlos Fávaro. A interrupção do comércio da carne entre os 2 países faz parte de um contrato e não coloca em risco o bloqueio definitivo. Já vimos isso outras vezes e quem acompanha sabe das artimanhas chinesas em negociações.
Uma expedição com mais de 200 integrantes arrumava suas malas para a China. Cada um com seu objetivo de mostrar aos brasileiros o quanto eles conseguiriam trazer de vantagens comerciais para o país.
O primeiro “churrasco na China” seria com o presidente Lula recebendo o desbloqueio da exportação da carne bovina. Um momento mágico! Só que no dia 23, a China anunciou o desbloqueio e apagou as brasas.
O presidente Lula foi diagnosticado com pneumonia leve, por razões óbvias, resolveu cancelar sua agenda. Antes do presidente, o ministro Fernando Hadad já havia cancelado sua ida a Pequim, mesmo não tendo pneumonia. Entre o arcabouço do boi e o arcabouço fiscal, prevaleceu a atenção maior ao fiscal.
O ministro Fávaro, sua comitiva e convidados permanecem na China. É uma visita com contatos importantes porque estamos diante de nosso principal cliente. Porém, não podemos transmitir ao povo brasileiro que tudo daqui pra frente foi causa desse encontro. A exportação de soja, carne bovina, frango, celulose, minério de ferro e por último o milho já cortam oceanos a um bom tempo.
Precisamos respeitar nossos clientes e os chineses às vezes reclamavam com razão do presidente Bolsonaro. Além da China, é importante o governo expandir mapa de exportação de todos os nossos produtos, principalmente da carne e soja, para não sermos tão dependentes dos chineses.
A ida das autoridades brasileiras a Pequim veio num momento político ideal, tendo em vista a temperatura elevada entre Rússia e China com os Estados Unidos que são o nosso principal concorrente nas exportações. A aproximação dos americanos com Taiwan e a viagem surpresa de Biden a Ucrânia, esquentou a chapa. Tem também o balão chinês que ficou dias sobrevoando a América do Norte.
O Brasil precisa se posicionar como gente grande e não como criança pedindo pirulito na casa do vizinho. Diante de todas as tensões políticas ditas anteriormente, os chineses acabam de comprar dos americanos, no início de marco, o maior volume de milho desde 2021, um milhão e 84 mil toneladas. Barriga vazia faz o camarada correr em direção da comida!
ENCERRANDO nossa conversa sobre a China não podemos nos esquecer da posse de Dilma Rousseff na presidência do Banco dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Torcemos para que a ex-presidente Dilma Rousseff consiga guardar os fortes ventos chineses em busca de novos sonhos para os brasileiros.
O diplomata Marcos Troyjo deixa o cargo que ocupava desde 2020.