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A picanha realmente é convidada VIP nos churrascos de poucos brasileiros

Itens do churrasco até dobram de preço em relação à Copa da Rússia, em 2018

Queridinha dos brasileiros, picanha encarece

Aproveitando um levantamento do economista Fernando Agra, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, vamos entender melhor porque os preços das carnes estão bem altos e que o culpado não é o produtor e nem o varejista que atende ao consumidor, a não ser alguns que buscam espaços para faturar além do que oferece o mercado.

Segundo o economista foram utilizados dados do Índice de Preço ao Consumidor do IBGE que mede a inflação oficial do Brasil. Da última Copa do Mundo, Rússia/2018, os componentes do churrasco tiveram aumento de 53,7%.

Aqui alguns dos principais itens do churrasco e a subida de cada um, que na média geral quase dobra os preços de junho/2018 até agora:

- Frango: 104%

- Carne de porco: 57%

- Contrafilé: 81%

- Alcatra: 69%

- linguiça: 40%

- Pão de alho: 49%

* A picanha fica de fora para não inflacionar ainda mais a composição do churrasco

- Carvão: 34%

O economista Fernando Agro diz que vários fatores contribuíram para essa subida vertiginosa dos preços para um bom churrasco. “Primeiro o aumento nos custos de produção, provocado pela escassez hídrica que provocou o aumento da energia elétrica.”

- Concordo e acrescento os preços dos insumos que na maioria vem de fora e são pagos em dólar. Todos se lembram da inflação em cima de fertilizantes e do tão falado potássio.

Segundo ponto, disse o economista: “Redução na oferta interna nos últimos anos e aumento das exportações estimulado pela economia internacional, como também o aumento da taxa de câmbio. Isso estimula o produtor a enviar, então fica menos produto aqui”.

- Nesse item, respeitando a opinião do economista Fernando Agra, e nem tido eu aprofundado meus estudos na área econômica, mas como pequeno produtor e longe de ser exportador, tenho uma opinião contrária e que pessoalmente considero prática.

O Brasil vem crescendo a cada ano na sua produção agropecuária tanto de carnes, quanto de grãos, frutas, algodão, café e muitos outros produtos se colocando na disputa com grandes potências mundiais. E acho que não podemos pensar o contrário ou então ficaremos na eterna dependência internacional. Limitar a exportação é desestimular o produtor.

Não me lembro, nos últimos 4 anos de redução de oferta de produtos genuinamente brasileiros. O mercado varejista sempre anda bem abastecido. Exportar não significa diminuir a oferta interna. Os mercados interno e externos são regulados pelas demandas.

Como o assunto é carne, vejam o seguinte: o Brasil é o maior produtor de carnes bovina e frango do mundo. De toda a produção de carne bovina somente 30% é exportada, 70% fica para consumo do mercado interno. O problema é a falta de dinheiro do povo para alcançar o preço da carne. Há equilíbrio entre a exportação brasileira e o que permanece internamente para o consumo do povo e esta sobrando. Se o governo força uma queda de preços a inflação vem “argentinamente”na sequencia.

E, convenhamos! O produtor em sua grande maioria, está tentando enfrentar o mercado sem ficar 2 anos “trocando cebolas”, porque muita gente não vai ter lucro com a safra atual da carne. O mercado mundial está desequilibrado e os países mais pobres sempre sofrem mais.

Há algumas semanas temos comentado nessa coluna como serão os churrascos dos brasileiros, principalmente nos jogos da seleção brasileira na Copa do Catar. Até agora o mercado varejista aponta um saída de carne para o consumidor nos 2 extremos do mercado: um para carnes nobres e outro para carnes mais baratas, o bloco intermediário da proteína tem pequena procura.

Esse comportamento evidencia que há consumidores buscando a picanha e outros cortes nobres. Na outra ponta compra-se o acém, peito e o cupim que bem assado e altamente saboroso. Não esquecendo também da costela.

Mas há outras alternativas que podem compor uma mesa mais barata como a linguiça, asa de frango, coração e vários cortes suínos que oferecem carnes excelentes para a brasa e as mais em contas no mercado.

Produtor rural no município de Bambuí, em Minas Gerais, foi repórter esportivo por 18 anos na Itatiaia e, por 17 anos, atuou como Diretor de Comunicação e Gerente de Futebol no Cruzeiro Esporte Clube. Escreve diariamente sobre agronegócio e economia no campo.