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A impressão digital do boi está no focinho

Trata-se de um avanço e seguro e identificar o seu rebanho, mas não estão a o alcance de todos os pecuaristas

As digitais do boi que ficam no focinho e se assemelham às digitais de nossos dedos

Há muitas iniciativas para se preservar sempre a integridade dos animais, pensamento razoável e justo. Porém, vivemos num país continental, culturas diferentes, classes sociais ainda mais variadas, o que impede ou deveria impedir a tomada de decisões únicas sem observar os arredores do contexto.

No fim da semana passada o deputado cearense Célio Studart apresentou um projeto no sentido d proibir a marcação do gado com ferro quente. O deputado não está errado! Só é importante estudar com detalhes a distribuição do gado bovino pelo Brasil e quem são os donos desses rebanhos.

Na pecuária de leite é sabido que 70% da produção leiteira vem de pequenos pecuaristas, muitos deles lutando ano a ano contra a gangorra dos preços que recebem e na última temporada muitos desistiram de continuar no setor, ou seja, quebraram.

Na pecuária bovina a coisa não é muito diferente. Há um número maior de criadores robustos, mas também há muita gente que trata da família com poucas cabeças de gado engordando.

O brinco colocado na orelha do bezerro se arranca com a unha ou com um esbarrão mais forte do animal no galho de uma árvore, por exemplo! O chip também é uma boa opção porém vamos de encontro ao custo alto, mais uma vez!

O deputado cearense se explica dizendo que “a marcação por ferro cadente causa um sofrimento desnecessário ao animal e pode ser substituída por uma outra que cause menos dor”. Não discordo, mas o deputado precisa buscar alternativas para que a dor não se transfira para o bolso do pequeno pecuarista.

Os grandes criadores podem investir hoje num melhor controle e identificação de cada boi. Acompanhar a vida do animal desde o nascimento utilizando tecnologias avançadas através de aparelhos, sensores e chips seguindo os momentos mais importantes da vida dos bovinos é fundamental, sempre com registro nos computadores e o acompanhamento de qualquer lugar do planeta através de um aparelho celular.

As digitais do boi que ficam no focinho e se assemelham às digitais de nossos dedos. São detalhes únicos e inalteráveis durante o ciclo de vida. Só que esse recurso tecnológico ainda não atinge a 10% do rebanho nacional.

As novas descobertas e novas sugestões são sempre bem aceitas. O mais complexo é encaixá-las no sistema que possa atender a todos. O controle total do rebanho brasileiro é uma ferramenta importante para o controle ambiental. Se os órgãos responsáveis não possuem um recenseamento correto, onde o gado vive, idade e a sua distribuição nos pastos é impossível aplicar qualquer política ambiental eficaz.

Produtor rural no município de Bambuí, em Minas Gerais, foi repórter esportivo por 18 anos na Itatiaia e, por 17 anos, atuou como Diretor de Comunicação e Gerente de Futebol no Cruzeiro Esporte Clube. Escreve diariamente sobre agronegócio e economia no campo.