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O agro abre suas portas para a moda francesa

Nada é mais cristalino no mundo do que a dependência direta da sociedade pelo agronegócio

Campos de trigo e lavanda

Sem opção para apresentar ao mundo suas coleções durante a pandemia a Jacquemus encontrou as porteiras do agro abertas para seus desfiles ao ar livre, longe dos riscos de contaminação e reafirmando que a parceria com o agro não representa só alimentos, mas também a elegância da mulher e do homem planeta afora.

Nada é mais cristalino no mundo do que a dependência direta da sociedade pelo agronegócio. Vamos imaginar a vida durante as 24 horas do dia e o nosso contato em quase tudo com a agropecuária.

Ao acordar você toma uma chuveirada com aquela água quentinha que certamente teve origem nas montanhas. De imediato a toalha que te enxuga e a roupa a ser vestida vêm do algodão. O sapato vem do couro do boi, pasta dental, escova de cabelo, perfume, também são derivados do agro.

Vixe! Tá difícil aguentar esse tal de agro! Vamos para o café porque afinal de contas são 8 horas de barriga vazia e o dia de hoje promete. Chegando à mesa você busca um copo de leite com chocolate e vem logo na cabeça a imagem da vaquinha e o cacau da Bahia.

Biscoito de polvilho (mandioca), ovos mexidos (galinha) bolo de milho, um pãozinho ou pode ser um pão italiano (trigo) e essa quantidade de frutas? O endereço de produção é sempre o mesmo!

Tá bom! Agora o dia vai começar de verdade, quando você pega sua pasta da Louis Vuitton que faz inveja nos colaboradores da empresa; e quando casado, a esposa sai sacudindo pelos corredores do prédio o último lançamento da Chanel, pode ser até do Paraguai, mas vem do agro também!

Ah! O carro é top, importado, vem do outro lado do mundo industrializado, bem distante e moderno. Agro é mais no Brasil, né?

Sim! Os bancos do carro são de couro ou tecido de algodão, pneus e carpetes de borracha e a buzina parece berro de bode o que naturalmente não pode ser considerado como agro, é imitação. Alívio, né?

E por aí segue o dia que se embaralha tanto com o agro que depois das 6, não há outra alternativa senão descansar a cabeça, ligar para os amigos e tomar uma cerveja que è composta por vários ingredientes que vêm do campo. Vinho, uísque, cachaça, o endereço é o rural, pode chamar de caipira ou sertanejo, mas não muda!

Para “forrar o estômago” não há opção de outra origem. Carne, peixe, palmito, tomate, queijo, azeitona, pode escolher! Se optar somente por uma pitada de sal, estará se comparando ao gado que tem o sal mineral como alimento imprescindível.

Chegamos à conclusão que não temos para onde correr. Aqueles que disserem NÃO a proteína animal e tem todo o direito, vão continuar conosco se desfrutando das proteínas vegetais. Não gosta de carne? Odeia queijo? Tem tudo do bom e do melhor nas proteínas vegetais que são trazidas do campo.

O mais importante é a consciência que nem tudo é perfeito, inclusive o agro, que precisa de retoques para continuar alimentando o mundo e contribuindo para o bem-estar ambiental do planeta. Vamos chamar o VAR e ajustar as linhas.

Vamos nos encontrar sempre! O CEP do Agro chama-se BRASIL.

Produtor rural no município de Bambuí, em Minas Gerais, foi repórter esportivo por 18 anos na Itatiaia e, por 17 anos, atuou como Diretor de Comunicação e Gerente de Futebol no Cruzeiro Esporte Clube. Escreve diariamente sobre agronegócio e economia no campo.